Ex-presidente lança candidatura e diz que não respeita decisão do TRF-4
por Jarbas Aragão
Lula se compara a Jesus: “condenado à morte sem provas”
Um dia após ser condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou sua candidatura à presidente.
Ele afirmou que não respeitará a decisão da Justiça. Durante a reunião da Executiva Nacional do PT, nesta quinta-feira (25), conclamou os militantes de esquerda a fazerem uma ofensiva nas ruas para defendê-lo.
“Esse ser humano simpático que está falando com vocês não tem nenhuma razão para respeitar a decisão de ontem”, assegurou o ex-presidente. Insistiu ainda que “Quando as pessoas se comportam como juízes, sempre respeitei, mas quando se comportam como dirigentes de partido político, contando inverdades, realmente não posso respeitar.”
Lula disse ainda: “a única coisa que posso oferecer é a minha inocência” e, como já fez em outras ocasiões, comparou-se a Jesus.
“Eu às vezes acho que essa é a maior injustiça já cometida na humanidade… Jesus Cristo foi condenado à morte sem dizer uma palavra, recém-nascido. E, se o José não corre, ele tinha sido morto. E olhe que não tinha empreiteira naquele tempo, não tinha Lava Jato. Era a tentativa de julgar alguém que vinha pra fazer uma coisa boa”, asseverou.Com informações do Gospel Prime
“Manifesto em favor de um juízo justo para o ex-presidente Lula” é assinado por Ariovaldo Ramos e outros nomes conhecidos
por Jarbas Aragão
Acredite, há pastores defendendo Lula
O pastor Ariovaldo Ramos já foi muito influente na Igreja brasileira, figurinha carimbada em grandes eventos, ajudou a formar uma geração inteira de pastores. Ele esteve envolvido com vários ministérios conhecidos como o SEPAL. Foi presidente da Aliança Evangélica do Brasil e da Visão Mundial. Por muitos anos serviu de interlocutor de uma parcela dos evangélicos com os governos petistas.
Contudo, nos últimos anos a militância política parece ser a sua prioridade. Parece estranho ver um pastor que já gozou de influência ser reduzido a um “porta-voz para os evangélicos” dos movimentos marxistas. Apesar de toda a desgraça causada pelo bolivarianismo na Venezuela, mantém seu apoio a ideologia de Chávez e Maduro.
Nas vésperas da votação pelo impeachment de Dilma Rousseff, ele reuniu-se a outros teólogos liberais e formou a “Frente Evangélica Pelo Estado de Direito”, para defender a ex-presidente.
Agora, ele é um dos autores do “Manifesto de religiosos e religiosas em favor de um juízo justo para o ex-presidente Lula”, uma carta-aberta aos juízes do TRT4, que votarão nesta quarta (24) em segunda instância o processo envolvendo o tríplex da OAS dado ao ex-presidente como pagamento de propina.
Ecoando a narrativa esquerdista que “não há provas” – muito embora o juiz Sérgio Moro tenha arrolado todas elas, além dos relatos dos delatores – o Manifesto foi assinado por mais de 50 líderes religiosos, incluindo muitos pastores evangélicos, de igrejas luteranas e anglicanas. Também há uma série de padres católicos e até não cristãos, como um sacerdote wicca, uma forma de bruxaria moderna, e um representante do Movimento Espíritas pelos Direitos Humanos.
Entre os nomes mais conhecidos que assinam o documento estão Ariovaldo Ramos, Alexandre Brasil Fonseca (ligado à ABUB), Lusmarina Campos Garcia, influente líder ecumênica do Rio de Janeiro e Walter Altmann, ex-Moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas.
O tal Manifesto usa porções bíblicas, trechos de reportagens sobre o julgamento e frases históricas para advogar a inocência de Lula.
Um trecho diz: “Uma tradição antiga vinda do livro de Deuteronômio conclama os juízes dizendo: “Não sereis parciais no juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande…” (Deuteronômio 1:17). E a tradição profética liga justiça à verdade para fins da construção da paz: “Eis as coisas que deveis fazer: falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas segundo a verdade em favor da paz” (Zacarias 8:16). O juízo que produziu a sentença condenatória do cidadão e ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva parece afastar-se tanto da imparcialidade quanto da busca pela verdade com fins de construção da paz”.
Ele também insiste que Lula não era proprietário do imóvel, ataca o juiz Sérgio Moro e diz que “Não se pode condenar alguém por uma presunção de corrupção”. Encerra citando o norte-americano John Adams, um dos líderes da batalha pela independência dos EUA, que disse certa vez: “é preferível absolver vários culpados do que condenar um inocente”.
Por mais inócua que possa parecer a manifestação de Ariovaldo e dos demais pastores, chama atenção o fato de que ainda há pessoas trazendo a ideologia esquerdista para a igreja, justificando isso com a Bíblia e influenciando pessoas. Estranhamente, alguns dos que assinaram o Manifesto em outros momentos criticaram abertamente pastores evangélicos conservadores por misturarem sua “visão política” com a mensagem do evangelho que pregam.
Líderes de igrejas evangélicas e partidos ligados a elas estão traçando uma estratégia para aumentar o número de políticos nas eleições gerais deste ano. A ideia é passar de 93 deputados para 150, e de três senadores para 15, segundo o jornal Valor Econômico.
Partidos políticos estão de olho no voto desse grupo religioso, que representa quase 30% da população brasileira, lançando nomes que possam atrair os eleitores.
No Senado, a estratégia é lançar apenas um candidato por Estado, evitando que dois candidatos evangélicos concorram entre si. No caso de São Paulo, o nome seria o do deputado federal pastor Marco Feliciano, que pretende se candidatar a uma vaga no Senado.
“Meu sonho é o Senado. Mas, se não houver uma boa articulação [entre as igrejas], não vou trocar o certo pelo duvidoso”, diz Feliciano, que foi eleito para a Câmara em 2014 com 398.087 votos, o terceiro mais votado em São Paulo.
No Estado do Pará, o vice-governador Zequinha anunciou pré-candidatura ao Senado pelo PSC. No Tocantins, o pastor João Campos de Abreu, ex-vereador de Palmas é cotado para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Já na Bahia, na Convenção Conemad-BA, declarou que irá apoiar o pastor Abílio Santana para deputado federal.
Neste ano, 54 cadeiras estarão em jogo no Senado, duas por Estado.
No caso da Câmara, a estratégia seria fazer uma espécie de “distritão evangélico”, com poucos candidatos em cada região para “concentrar” os votos em poucos nomes.
Segundo o jornal Valor Econômico, desde outubro um grupo de líderes evangélicos tem se encontrado para debater estratégias para aumentar a participação na política.
Entre os representantes estão pastores das igrejas batistas, Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus, Evangelho Quadrangular, Internacional da Graça de Deus, Ministério Internacional da Restauração, Fonte da Vida, Mundial do Poder de Deus, Sara Nossa Terra e outras.
O senador Magno Malta (PR-ES) e os deputados João Campos (PRB-GO), Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ) e Antônio Bulhões (PRB-SP) estariam articulando esses encontros, buscando apoio também de membros da Frente Parlamentar Mista Católica Apostólica Romana, como o deputado Givaldo Carimbão (PHS-AL), que têm agendas em comum com a dos evangélicos.
O bispo Robson Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, por meio da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab) também tem articulado esses encontros na esperança de ajudar a fortalecer a bancada religiosa. “Temos de 28% a 33% de representatividade na população, mas apenas 15% do Congresso”, declarou.
Se a estratégia der certo, os evangélicos pretendem puxar ainda mais uma agenda conservadora: antiaborto, contra liberação das drogas e do jogo, e em prol da família natural (homem e mulher).
É possível que dessa coordenação, surja o apoio a um candidato a presidente- algo mais provável em um eventual segundo turno. Na economia, a preferência dos líderes é pelo modelo que definem como liberal adotado no governo Michel Temer. Um desafio é conquistar o eleitor evangélico das regiões Norte e Nordeste, ainda muito fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).