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Por R$ 50, workshop diz ensinar a expulsar demônio e gera polêmica

Pastores de MT citam profissionalização de evento com ‘coffee break’ e kit
Os pastores e irmãos Alex, 32, e Alexandre Metelo, 28, da igreja Casa do SenhorOs pastores e irmãos Alex, 32, e Alexandre Metelo, 28, da igreja Casa do Senhor – Reprodução
SÃO PAULO

“Só Jesus expulsa o demônio das pessoas”, diz o bordão evangélico pichado em muros país afora. No dia 14 de abril, quem estiver disposto a desembolsar R$ 50 pode aprender como dar uma mãozinha nessa operação. É o que promete o “Curso de Libertação e Expulsão de Demônios na Prática”, um oferecimento dos pastores e irmãos Alexandre Metelo, 28, e Alex Metelo, 32.

Os dois pregam numa pequena igreja de Cuiabá (MT), a Casa do Senhor. Mas a aula a que se propuseram dar —“baseados em dez anos de experiência no assunto”, segundo diz Alexandre à Folha— provocou burburinho nacional após sua propaganda viralizar na internet.

Eles fizeram um vídeo para explicar a polêmica, já que choveram críticas pela taxa cobrada. “Qualquer evento que você vai, fazem com qualidade. Por que com igreja tem que ser o pior? Iremos fazer o melhor ‘coffee break’, com diversos salgados, sucos, chá”, afirma Alexandre.

Por telefone, o pregador caçula esmiúça outros gastos: os mais de cem alunos inscritos também ganharão um kit para anotação, com caneta, pasta e papel, e uma fita personalizada da igreja, para identificação. Com três horas, a aula mostrará a necessidade de profissionalização àqueles “que acham que basta falar ‘sai em nome de Jesus’” para desalojar o tinhoso do corpo que não lhe pertence, diz.

Alex compara: é mais ou menos “como um carro, meu amigo, que você precisa aprender a dirigir na autoescola, depois fazer aula prática e aí pegar carteira para saber o risco de ir na estrada”.

O pior coisa-ruim, diz Alexandre, é o que leva “pessoas a terem pensamentos suicidas”. Segundo o pastor, os demônios podem se manifestar de várias formas no corpo: “Gritando, quebrando correntes, batendo, brigando”.

Cartaz de divulgação do cursoCartaz de divulgação do curso – Reprodução

Conta o pior caso que enfrentou: “A pessoa foi mandada ao hospício e de lá à igreja. Com o demônio no corpo, quis matar mãe e irmã com uma faca. Oramos, e então ela estava completamente livre, não precisou mais ir ao manicômio”.

Alex diz que muitas vezes a pessoa nem sabe que está com o diabo no corpo: “Fica com uma dor que não passa, mas exame não mostra nada”. Em outros casos, fica bem explícita: “Já tive caso de pessoas que andaram na parede, como se fossem aranha”.

É por meio de oração que se afugenta entidades malignas, ensinam os irmãos. “No curso a gente vai especificar qual a preparação [para o exorcismo], como vai ser o enfrentamento com a pessoa endemoniada”, afirma Alexandre.

No curso, eles mostrarão como funciona na prática, como num vídeo em que dizem socorrer um morador
de rua endiabrado.

O despreparo fez com que, há uma década atrás, quando começava no ofício, ele e o irmão “levassem tapas e chutes” dos possuídos, justamente por não saberem “como operar a libertação”, diz.

A base teórica vem de quatro correntes de estudo dentro da teologia: cristologia (Cristo), demonologia (demônios), angelologia (anjos) e pneumatologia (Espírito Santo).

Ceticismo e zombarias lotaram de dúvidas a caixa de comentários abaixo do vídeo em que os irmãos Metelo explicam o workshop. Um deles cita a Bíblia para criticar os R$ 50 cobrados: “MATEUS 10.08: ‘Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes,
de graça dai.’”.

Outro indaga: “Tem que levar os demônios de casa? Ou o curso fornece os demônios para a prática?” E mais: “Precisa entregar TCC [Trabalho de Conclusão de Curso]?”.

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Igreja Universal é condenada a indenizar empregado que desempenhou função de pastor

 Fachada de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus

Fachada de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus

Exercendo função religiosa de pastor até o ano 2000, aproximadamente, um empregado da Igreja Universal do Reino de Deus ingressou com uma reclamação trabalhista pleiteando reconhecimento de vínculo empregatício e das verbas decorrentes dessa relação.

Em suas manifestações, a Universal afirmou que o autor da reclamação, um “pastor evangélico” que fazia parte da instituição religiosa, é “pessoa alheia ao quadro de funcionários da Contestante, jamais havendo qualquer vínculo empregatício entre as partes”.

Como é sabido, a função do culto é religiosa e não gera vínculo empregatício, por ser voluntária. No entanto, para o juízo de 1º grau do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, o autor da reclamação passou a trabalhar no setor de obras (construções) da igreja, exercendo função desvinculada das atividades religiosas e mediante recebimento de valores, descaracterizando o trabalho religioso voluntário.

Sobre a alegação da igreja de que o trabalho desempenhado pelo empregado era religioso negando a existência de vínculo empregatício, a sentença destacou que “o trabalho religioso é voluntário e não oneroso”. Para o magistrado ficou comprovado que, no caso analisado, havia onerosidade, entendendo assim que todos os elementos para a caracterização da relação de emprego estavam presentes.

Em depoimento, o preposto da Universal confessou que o empregado “foi convidado para representar essa área de manutenção dentro da Igreja desde 2000 até 2014” e “que nos últimos anos o reclamante recebia R$ 8.083,00”. Além disso, a testemunha da igreja declarou que ajudava o empregado no departamento de obras da igreja.

Assim, o juízo de 1º grau reconheceu o vínculo empregatício entre o gestor de obra e a Igreja Universal do Reino de Deus, a partir do ano 2000, e julgou os pedidos da ação parcialmente procedentes. Desse modo, a igreja foi condenada a pagar R$ 170 mil reais decorrentes da relação contratual. Inconformados, o empregado e a Igreja Universal interpuseram recursos contra a referida sentença.

Para os magistrados da 8ª Turma do TRT-2, a igreja negou o vínculo de emprego, porém admitiu que o empregado exerceu o sacerdócio como pastor evangélico. Todavia não provou que a relação jurídica não foi a de emprego.

Ademais, segundo o acórdão de relatoria da desembargadora Silvia de Almeida Prado, o preposto confessou, em seu depoimento, os requisitos da relação de emprego.

A decisão declarou ainda inválido o pedido de demissão apresentado pela igreja “em razão da revelação trazida pela testemunha da reclamada de que ‘o reclamante foi desligado e não pediu para sair’”.

Assim, converteu o pedido de demissão em dispensa injustificada e condenou a Universal a pagar as verbas rescisórias decorrentes do desligamento. No mais, manteve a sentença de origem, inclusive na determinação de expedição de ofício à Delegacia Regional do Trabalho, ao INSS e à Caixa Econômica Federal.

(Processo nº 00016939120155020008)

Fonte: TRT – 2ª Região (Silvana Costa Moreira – Secom/TRT-2)

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Pastor lembra que os cristãos “julgarão os anjos”

John Piper acredita que a autoridade do crente não deveria ser menosprezada.

         Pastor lembra que os cristãos “julgarão os anjos”

O teólogo e autor renomado John Piper foi questionado esta semana em seu programa de rádio online sobre o que a Bíblia quer dizer quando afirma que os cristãos “julgarão os anjos”.

A dúvida do ouvinte é devida ao trecho da primeira epístola do apóstolo Paulo à igreja de Corinto quando questiona “Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos?” [1 Corinthians 6:3].

Piper destacou que, embora pareça confuso para muita gente, entender o contexto é fundamental. No caso, é preciso levar em consideração os versículos precedentes, que falam sobre o comportamento dos crentes em Jesus nos tribunais seculares.

O trecho inicial do capítulo diz: “Se algum de vocês tem queixa contra outro irmão, como ousa apresentar a causa para ser julgada pelos ímpios, em vez de levá-la aos santos? Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!”.

O pastor lembra que Paulo não fornece detalhes de como isso ocorrerá. “Os comentaristas discordam sobre se os anjos aqui são ‘anjos bons’ ou ‘anjos maus’ – anjos que não caíram e continuam sem pecado ou anjos que caíram, que são demônios agora”, destacou, observando que seria estranho julgar anjos sem pecado, uma vez que o contexto refere-se a resolver as disputas entre os cristãos, o que pressupõe que alguém prejudicou o outro.

“Provavelmente a referência seja julgar os anjos caídos, ou seja, os espíritos demoníacos, que tiveram alguma influência em sua vida tentando prejudicá-lo. Então, o cristão poderia se tornar uma testemunha de acusação, narrando no tribunal divino como sofreu ataques demoníacos… Essa é uma possibilidade”, afirma Piper.

Contudo, ele fez a ressalva que a capacidade humana de julgar seres angelicais ou qualquer outra coisa deveria estar enraizada em Jesus, a quem o Pai deu toda a autoridade. Citando João 5:27, ensina: “Em outras palavras, se tivermos algum papel no julgamento, nós, humanos, seremos participantes nos direitos e na autoridade de Jesus, o Filho do Homem, que possui a autoridade suprema como juiz de todas as coisas neste universo porque Deus lhe entregou”. Para Piper, esta é uma “incrível verdade”.

Sendo Jesus Cristo o cabeça da Igreja e o Seu corpo a Igreja – composta por milhões de crentes que compartilham de Seu governo – então somos remetidos a Efésios 1, texto que mostra como aqueles que creem estão assentados com Ele no reino celestial.

Encerrou dizendo que a autoridade do crente não deveria ser menosprezada. “Estamos destinados a um status maior e um papel de destaque nas eras vindouras que supera a nossa natureza atual”. Essa, talvez, seja a lição mais importante a ser aprendida aqui. Com informações Christian Post