As narrativas sobre o “demônio no Mar Vermelho” são nebulosas e variam de acordo com quem conta sua história
ISABELA BARREIROS-AH
Lilith é um dos espíritos femininos mais antigos do mundo. Podemos encontrar suas raízes na Epopeia de Gilgamesh, um antigo poema épico da Mesopotâmia, mas ela também é mencionada na Bíblia e no Talmud.
Segundo o Talmud, uma coletânea de textos sagrados do judaísmo rabínico, Lilith foi criada por Deus da mesma forma que Adão — exceto que, em vez do barro, as mãos divinas usaram lodo e fezes para moldá-la. Os dois são o primeiro casal do Éden.
No entanto, a mulher se cansou de ser tratada de forma inferior por seu marido, visto que ambos haviam sido criados da mesma forma: à imagem e semelhança de Deus. Rebelando-se, Lilith abandonou o Jardim e passou a viver como um demônio no Mar Vermelho.
Deus, então, deu a Adão uma nova esposa: Eva. No capítulo 2 do Gênesis, uma companheira idônea é mencionada no texto. Quando o primeiro homem vê Eva, ele diz: “Esta, sim, é osso dos meus ossos”, o que evidencia a possibilidade de Lilith ter sido criada antes do famoso casal do Éden.
Juntamente a outros demônios, ela é descrita como uma deusa da obscuridade ou como um demônio feminino. Em Isaías 34:14, na Bíblia, há um exemplo disso: ela é mencionada como uma entidade sombria. “E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si.”
Além das narrativas bíblicas, ela é adorada como uma deusa na religião pagã Wicca. Originalmente a rainha dos céus sumeriana, representa o poder da mulher — poder este exercido sobre ela mesma — mostrando a independência e a autonomia feminina.
Atualmente, as narrativas de Lilith estão sendo resgatadas para possibilitar uma nova interpretação de sua história. O símbolo de independência e de rebeldia contra o que não considera justo faz parte tanto das lutas das mulheres no geral quanto da de Lilith, gerando, assim, uma possibilidade de readaptação e melhor entendimento do seu personagem.
Advogado de Michele disse que ela também foi assassinada
Pleno.News
Michele do Carmo (primeira à esqueda) faleceu após período internada Foto: Reprodução
O vereador Misael Andrade, que antigamente usava a alcunha Misael da Flordelis, usou as redes sociais, nesta terça-feira (22), para informar o falecimento de sua tia, Michele do Carmo de Souza, irmã do pastor Anderson do Carmo, assassinado no dia 16 de junho deste ano.
Michele morreu na noite desta segunda (21) decorrente de uma anemia. Ela estava internada no Hospital Municipal Carlos Tortelly, em Niterói, no Rio de Janeiro. Misael disse que ela ficou com a saúde debilitada após a morte de Anderson.
– Quem deseja prestar condolências, pode comparecer ao velório, que será realizado na Capela B do Cemitério Parque de Nycteroy, situado na Avenida Bispo Dom João da Mata, n. 800, Laranjal, São Gonçalo, RJ. O sepultamento será realizado hoje (terça) às 17h. A família em luto antecipa os agradecimentos pela presença – escreveu Misael.
Angelo Maximo, que é advogado de Michele e de Edna, lamentou a morte de sua cliente. Ele disse que a família toda está dilacerada com mais essa perda.
– Não foi só o Anderson que foi assassinado! A Michele também! Ela era uma pessoa saudável e acontece isso – declarou.
Em setembro, Michele e sua mãe, Maria Edna, foram autorizadas pela Justiça e pelo Ministério Público para serem assistentes de acusação no processo da morte do religioso. A irmã de Anderson acreditava que Flordelis fora mandante do crime que culminou na morte do pastor.
Quatro mulheres que frequentavam a igreja Ministério da Fé, em Taguatinga, acusam o pastor Fadi Faraj de assédio e abuso sexual.
Os casos teriam ocorrido entre 2005 e 2010, mas só vieram à tona recentemente. Fadi, que é suplente do senador José Antônio Machado Reguffe (Podemos-DF), é chamado de “apóstolo”, o cargo mais alto do templo religioso no qual a irmã dele – a ex-deputada distrital Sandra Faraj (PTB) – também prega.
Três das supostas vítimas fizeram denúncia à Promotoria de Justiça de Taguatinga, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e começaram a depor nesta sexta-feira (18/10/2019), em processo que corre em sigilo.
Outra denunciante chegou a relatar os supostos abusos em vídeo gravado ao lado da mãe. Nas imagens, ela narra ter passado por um ritual de “quebra de maldição”, no qual o tratamento era feito por meio de relações sexuais para “afastar os demônios que estavam no corpo dela”.
A gravação foi feita em 2009, mas circulou nesta semana, quando o caso foi revelado pelo jornal O Livre, parceiro do Metrópoles em Mato Grosso. A reportagem também teve acesso ao material.
No vídeo, a mulher conta que se batizou na igreja do DF em maio de 2005 e, cerca de dois meses depois, foi convidada pelo pastor a participar de uma conversa. Ela e a mãe foram ao primeiro encontro.
“Ele pediu que eu preenchesse uma ficha de ‘quebra de maldição’. Primeiro, entrei com minha mãe. Depois, sozinha. Ele perguntou o que estava acontecendo. Eu disse que era mãe solteira, estava desempregada, morava com minha mãe e irmãos”, relata a mulher, na gravação.
A moça conta que os encontros ocorriam no “gabinete” de Fadi Faraj, o escritório dele na sede do Ministério da Fé, e que ela recebia livros e conselhos do pastor. Em uma das conversas, Fadi Faraj teria dito à mulher que ela estava “muito endemoniada” e precisaria de um tratamento “profundo”.
“Ele orou e começou a tocar meu corpo. Tocou meus seios. Depois, as partes mais íntimas. Disse que toda minha família ia ser libertada, que o problema estava em mim. Quando ocorreu a primeira relação dentro do gabinete, ele disse que o tratamento tinha que ser profundo, porque o demônio estava dentro de mim”, relata a moça.
De acordo com ela, os encontros duraram cerca de dois anos – de 2005 a 2007 –, inicialmente no escritório de Fadi Faraj. Depois, ocorreram em motéis. Os abusos, segundo a denúncia, aconteciam após o almoço, às terças e às quintas-feiras. De acordo com a fiel, Fadi a ajudava com o pagamento da escola para concluir os estudos e contribuía com quantias entre R$ 100 e R$ 200 quando eles se encontravam.
As investidas do apóstolo da igreja Ministério da Fé teriam cessado em 2007. Mas somente em 2009 – portanto, dois anos após o fim dos abusos –, quando a mulher ficou noiva e contou os possíveis abusos ao noivo, é que ela resolveu denunciar o caso. Segundo o vídeo, a situação teria sido levada a um Conselho de Pastores. “Eu achava que era para a quebra da maldição, que era pela minha família. Tinha pesadelos, era uma coisa diabólica”, disse.
As outras três denúncias contra Fadi Faraj foram protocoladas na Promotoria de Justiça de Taguatinga em 22 de agosto deste ano. As histórias são parecidas e também teriam ocorrido dentro do gabinete do pastor.
As mulheres dizem que, ao entrarem na sala para fazerem um tratamento espiritual por estarem passando por problemas, Fadi Faraj as teria “apalpado”.
“Estava em um culto na igreja quando o pastor me chamou para uma sala reservada. Começou fazendo uma oração com as mãos na minha cabeça, depois pegou nos meus seios, dizendo suspeitar de uma doença. Após isso, desceu a mão para minhas partes íntimas. Saí transtornada. Nunca mais voltei à igreja”, disse uma das mulheres nas denúncias ao MPDFT.
Nos três casos, as vítimas afirmam que Fadi Faraj ofereceu dinheiro para que mantivessem um caso extraconjugal. As quantias variaram de R$ 300 a R$ 500, conforme as denúncias.
Fadi Faraj atendeu a ligação da equipe jornalística do Metrópoles e disse que as acusações “são um absurdo, uma mentira”. “Meu Deus, não sabia dessas acusações. Só Deus vai saber por que estão fazendo isso contra mim”, disse.
Fadi Faraj e a irmã dele, a ex-deputada distrital Sandra Faraj, foram investigados no âmbito da Operação Heméra (deusa grega da mentira), que apurou, em 2017, um esquema de uso irregular de verba indenizatória, além da suposta cobrança de parte dos salários de servidores comissionados nomeados pela parlamentar – ou por indicação dela e do irmão – na estrutura do Governo do Distrito Federal (GDF) e da Câmara Legislativa. Porém, o caso foi arquivado pela Justiça.