Perseguição a ladrões revela antiga igreja de Jerusalém

 

DA REUTERS, EM JERUSALÉM

A perseguição a uma quadrilha de ladrões de túmulos levou à descoberta de uma antiga igreja nas proximidades de Jerusalém que talvez seja o local onde foi enterrado o profeta bíblico Zacarias, anunciaram as autoridades israelenses na quarta-feira.

A igreja, que fica no topo de uma colina, foi destruída por um terremoto há cerca de 1.500 anos e estava parcialmente enterrada até os detetives da Autoridade para Antiguidades de Israel –que perseguiam uma quadrilha de ladrões de objetos antigos– perceberem um umbral bastante trabalhado despontando da terra.

Ariel Schalit/AP

Visitantes observam mosaico em local arqueológico encontrado após perseguição a ladrões

Visitantes observam mosaico em local arqueológico encontrado em Jerusalém após perseguição a ladrões

Os ladrões fugiram –eles foram pegos alguns meses mais tarde perto dali–, mas, depois de semanas de escavação, os arqueólogos desenterraram o que sobrou da igreja. Do tamanho de uma quadra de basquete, ela ainda continha os pilares de mármore que desabaram e um piso de mosaico de 10 metros de comprimento praticamente intacto.

Debaixo do altar da igreja, há uma câmara de sepultamento que, segundo a Autoridade para Antiguidades, pode ter sido a tumba do profeta Zacarias, conhecido do livro de mesmo nome na Bíblia, escrito por volta de 520 a.C.

A hipótese, baseada em fontes cristãs e em um antigo diagrama conhecido como o Mapa de Madaba, ainda não foi provada e ainda está em estudo, afirmaram eles.

"Há anos não encontrávamos algo assim," disse Amir Ganor, diretor da unidade de Prevenção a Roubos de Antiguidades.

Ganor é arqueólogo e porta uma arma. A equipe dele passa boa parte do tempo tentando pegar ladrões, passando as noites em uma emboscada ou preparando armadilhas para traficantes de antiguidades.

Os ladrões com frequência violam ou destroem os restos arqueológicos antes de serem pegos pela unidade de Ganor.

Nesse caso, porém, ele disse que o grupo de palestinos da Cisjordânia que buscava moedas antigas revelou a localização da igreja perdida, cerca de 40 quilômetros ao sul de Jerusalém.

Shai Bartura, adjunto de Ganor, disse que a construção, utilizada entre os séculos 5 e 7 d.C., foi uma descoberta singular por causa do tamanho da igreja e de seu bom estado.

Assim como muitas estruturas da antiguidade, ela foi construída a partir de fundações ainda mais antigas datando do Império Romano e do período do segundo Templo Judaico. Ela inclui um complexo subterrâneo de cavernas e túneis usados pelos rebeldes judeus que lutaram contra os romanos na revolta de Bar Kokhba, de 132 d.C.

Governo de Israel e Google vão pôr Manuscritos do Mar Morto online

 

Versão digitalizada, acompanhada de tradução para o inglês, deve estar na internet em alguns meses

19 de outubro de 2010 | 14h 38

Associated Press – AP

A Autoridade de Antiguidades de Israel e o Google anunciaram que estão juntando forças para pôr os Manuscritos do Mar Morto online, permitindo a estudiosos e ao público em geral acesso aos documentos antigos pela primeira vez.

Sebastian Scheiner/AP

Sebastian Scheiner/AP

Fragmento dos Manuscritos do Mar Morto, preservados em Israel

O projeto abrirá acesso global e gratuito aos textos de 2.000 anos – considerados uma das maiores descobertas arqueológicas do século passado – ao colocar na rede imagens de alta resolução que são cópias exatas dos originais. As primeiras fotografias devem estar online dentro de alguns meses.

Os manuscritos estarão disponíveis nas línguas originais – hebraico, aramaico e grego – e, inicialmente, em tradução para o inglês. Mais tarde, outras traduções serão oferecidas. Também será possível realizar buscas no texto.

A funcionária israelense Pnina Shor disse que o projeto garantirá que os 30.000 fragmentos originais sejam preservados, ao mesmo tempo em que o acesso é ampliado. Os manuscritos, que incluem trechos da Bíblia hebraica e tratados sobre vida comunitária e sobre uma guerra apocalíptica, lançaram uma importante luz sobre o judaísmo e os primórdios do cristianismo.

"Qualquer um, no escritório ou no sofá, poderá clicar e ver qualquer fragmento ou manuscrito que quiser", disse ela.

Especialistas queixam-se há tempos de que apenas um pequeno número de estudiosos tem acesso, a cada momento, aos manuscritos, que foram encontrados em cavernas perto do Mar Morto no fim da década de 40.

Os delicados manuscritos são mantidos no escuro, em salas climatizadas do Museu Israel de Jerusalém, onde somente quatro funcionários especialmente treinados têm autorização para manusear os pergaminhos e papiros.

Pnina disse que os estudiosos precisam coordenar o acesso aos manuscritos com as autoridades, que recebem um pedido ao mês. A maioria recebe autorização, mas como não mais de duas pessoas podem entrar na sala de leitura ao mesmo tempo, surgem conflitos de agenda.

Cada pesquisador recebe três horas de acesso, e apenas ao fragmento específico que pediu para ver.

Categorias
Estudos

Escavações em Israel revelam palácio construído no século 8 a.C.

 

Complexo provavelmente foi usado pelos impérios que dominaram a região na Antiguidade

10 de novembro de 2010 | 17h 38

EFE – EFE

palácio que estava rodeado de jardins, cujos segredos ainda não foram desvendados, foi construído há séculos em uma colina nos arredores de Jerusalém e servia de posto para vigiar a cidade santa.

Ramat Rahel Project/Reprodução

Ramat Rahel Project/Reprodução

Vista aérea de parte do complexo, em foto tirada em 2007

Veja também:

link Governo de Israel e Google vão pôr Manuscritos do Mar Morto online

Há cinco anos, arqueólogos e historiadores de Israel e Alemanha tentam descobrir os mistérios que rodeiam as ruínas do palácio, que foi construído no final do século 8 a.C. na região conhecida hoje como Ramat Rahel, entre as cidades de Jerusalém e Belém.

O complexo era visível desde as duas principais vias que levavam à cidade de Jerusalém e, provavelmente, floresceu na época dos assírios, até ser esquecido e abandonado.

No local, é possível se observar os restos das trincheiras construídas durante a guerra de 1948 entre judeus e árabes.

"Trata-se de um palácio do período dos reis de Judá. É único. Não há nenhum deste tamanho e beleza em todo Israel. Nem mesmo em Jerusalém encontramos restos de palácios daquela época", disse o arqueólogo responsável pelas escavações, Yuval Gadot.

A área abriga os restos de "um grande complexo que incluía um palácio de arquitetura grandiosa, com um jardim interior, um pátio e um jardim que o rodeava todo", afirmou o arqueólogo.

A escavação, codirigida pelos professores Oded Lipschits, da Universidade de Tel-Aviv, e Manfred Oeming, da Universidade de
Heidelberg (Alemanha), "joga luz sobre uma época histórica que está muito distante e nos dá mais informação sobre aquele tempo", ressaltou Gadot.

A descoberta mais surpreendente são os jardins, já que nunca se havia encontrado em Israel vestígios de parques dessa época, ao contrário da região da Mesopotâmia, no atual Iraque, e da Europa, onde muitas áreas verdes foram descobertas.

"Os jardins rodeavam o palácio com o objetivo de chamar a atenção de qualquer ponto em Jerusalém. Foram usadas sofisticadas e poderosas instalações de água, túneis esculpidos em pedra e recobertos interiormente e por fora. Tudo para criar uma paisagem artificial, um paraíso nas montanhas desertas de Jerusalém", disse Gadot.

Segundo Gadot, os jardins contradiziam a realidade da época: "É como se alguém dissesse ‘não tenho água, portanto vou usá-la exageradamente para ressaltar meu poder. Não há vegetação, portanto vou colocar plantas por todas as partes, um jardim que todo mundo possa admirar de longe. Criarei um lugar para deuses, transformarei uma montanha em uma planície repleta de jardins’".

A teoria mais plausível para os arqueólogos é que o palácio tenha servido de centro administrativo para os representantes dos diferentes impérios da época, enviados pelos imperadores sírios, babilônios e persas que controlaram a Judeia e usaram este lugar para recolher impostos.

"O poder que vemos aqui é maior que o que tinham os reis de Judá, é um poder imperial", afirma o arqueólogo.

Uma análise da terra revela que os jardins foram vistos pela última vez no início do período helenístico.

Nos cinco anos de pesquisas, os arqueólogos ainda não conseguiram compreender totalmente os complexos sistemas de distribuição de água que alimentavam o jardim e que, segundo Gadot, foram projetados "não só para recolher a pouca água da chuva e levá-la de um lugar para o outro, mas com objetivo estético".

A escavação revela complexas estruturas com túneis que parecem não levar a lugar algum, cuja função ainda está por decifrar.

Após servir de centro administrativo no período helenístico, o palácio foi abandonado e desapareceu. Em seu lugar, nasceu uma vila romana em meados do século 2 d.C.