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Cientista busca pedra fundamental da vida

 

Estrutura primordial pode estar escondida no ribossomo, aponta Ada Yonath, Nobel de Química, durante visita ao Brasil

04 de setembro de 2011 | 0h 0

Alexandre Gonçalves – O Estado de S.Paulo

ENTREVISTA
Ada Yonath, pesquisadora do Instituto Weizmann de Ciências (Israel)

humildade. Para Ada, o Nobel não deve ser visto como um objetivo: 'É uma loteria. Muitos cientistas mereceriam recebê-lo' - Estevam Scuoteguazza/AE

Estevam Scuoteguazza/AE

humildade. Para Ada, o Nobel não deve ser visto como um objetivo: ‘É uma loteria. Muitos cientistas mereceriam recebê-lo’

A pesquisadora Ada Yonath, do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, procura a estrutura química que serviu como precursora para a vida no planeta. Ela sugere que os vestígios dessa estrutura podem estar dentro do ribossomo – fábrica de proteínas da célula que Ada ajudou a desvendar, rendendo-lhe um Nobel em 2009.Há três semanas, Ada veio ao Brasil a convite da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Falou ao Estado sobre ciência em Israel, financiamento público de pesquisas e seus interesses atuais.

Israel é um país relativamente recente e já possui oito Prêmios Nobel. O Brasil não tem nenhum. Qual é o segredo?

De fato, temos três Prêmios Nobel em Química, um em Economia e outro em Literatura. Vamos tirar dessa conta os três Nobel da Paz (os ex-primeiros-ministros Menachem Begin, Yitzhak Rabin e Shimon Peres), de atuação política. Todos os premiados da área científica foram contemplados nos últimos dez anos. Ou seja, a semente levou 50 anos (desde a criação de Israel) para crescer.

Um tempo curto para uma

árvore grande, não?

Convém lembrar que o povo judeu viveu a diáspora e passou 2 mil anos espalhado pela mundo. Normalmente, não podiam ocupar assentos nos parlamentos, alcançar altas patentes nas Forças Armadas ou possuir grandes propriedades. Até mesmo atividades financeiras sofriam severas restrições em alguns lugares. Restavam os trabalhos intelectuais. Há até uma velha piada sobre a mãe judia que teve trigêmeos. Perguntaram o nome das crianças. "Não sei. Mas posso dizer o que serão: este advogado, aquele médico e, o último, vai tocar o piano." Tornou-se natural que muitos se dedicassem à pesquisa. Quando Israel começou, já contava com ótimos cientistas.

Mas há alguma lição que o

Brasil pode aproveitar?

Creio que faz mais sentido comparar o Brasil à Coreia do Sul ou à China. Além disso, a próxima geração em Israel deve adotar um padrão (de produção científica) mais normal, parecido com o do Brasil. A ciência alimentava os sonhos da minha geração. Os jovens israelenses – que não são piores que nós – vislumbram alternativas muito promissoras em outras áreas também: na política, no Exército, nos negócios… E, vale lembrar, o Nobel não serve para medir a excelência da pesquisa em um país. É uma loteria.

Como assim?

No máximo, são dados três Prêmios Nobel em cada área todo ano. E há milhares de cientistas que mereceriam. Tenho plena consciência de que há muitos, tão bons quanto eu, que não são premiados. Conheço-os pelo nome.

Seu instituto de pesquisa foi escolhido como o melhor instituto para se trabalhar fora dos EUA em julho. O que a sra. acha disso?

No Instituto Weitzmann, há muita liberdade acadêmica e ótimos contatos com pesquisadores de todo o mundo. Normalmente, nós revezamos o primeiro lugar nos rankings com o Instituto Max Planck, na Alemanha, onde também trabalhei. No Max Planck, os recursos para a pesquisa são mais abundantes e estáveis. No Weitzmann, precisamos procurar financiamento em agências de pesquisa. Mesmo o salário dos pesquisadores é mais alto na Alemanha. Mas a satisfação do trabalho não vem só do salário. Se eu tiver dinheiro para levar uma vida decente – sem acumular três empregos – e condições para realizar um bom trabalho, estou tranquila. O ambiente do Weitzmann proporciona isso.

Só um quarto do dinheiro que financia a pesquisa no instituto vem do governo israelense…

Gostaria que mesmo esse um quarto fosse privado. Quando o governo dá dinheiro, dá também regras. A parcela que recebemos do Estado nos obriga, muitas vezes, a funcionar como um órgão governamental. Se quero comprar uma máquina, preciso licitar. Se estou viajando a trabalho e preciso tomar um táxi imprevisto, tenho de escrever uma carta de explicação. Sei que no Brasil é parecido. Como em outras dimensões da vida, também aqui é melhor gozar de independência.

De que modo sua pesquisa está relacionada à origem da vida?

Nós encontramos no ribossomo atual uma estrutura que está completamente conservada em todos os seres vivos – de bactérias a elefantes. Creio que ela é um remanescente do mecanismo primordial que deu origem à vida na Terra. No meu laboratório, estamos tentando reproduzir essa estrutura. Vai nos ajudar a compreender a origem da vida no planeta.

O Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil anunciou que você virá pesquisar no Brasil.

Houve um mal-entendido. Disse só que era uma ideia a se considerar no futuro. Mas sem nenhum plano concreto.

É algo para os próximos anos?

Talvez para este século. Eu ainda sou jovem.

QUEM É

Ada Yonath nasceu em Jerusalém em 1939. Hoje, com 72 anos, trabalha no Instituto Weizmann de Ciências, em Israel. Recebeu o Nobel de Química em 2009 pelos seus estudos sobre a estrutura e a função do ribossomo.

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Ativista chinês de direitos humanos e liberdade religiosa recebe Prêmio Nobel da Paz

 

Peter J. Smith

OSLO, Noruega, 8 de outubro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Um chinês dissidente de direitos humanos e defensor da democracia foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz deste ano na sexta-feira.

Liu Xiaobo é o arquiteto de um manifesto pró-democracia e direitos humanos chamado Carta 08, que pedia liberdades básicas tais como liberdade de religião, assembleia, proteção da propriedade privada e a garantia de direitos descritos sob a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

As autoridades prenderam Liu dois dias antes da divulgação da Carta em 8 de dezembro de 2008 e o acusaram de “incitamento à subversão do poder estatal”. Depois de declará-lo culpado, um tribunal chinês sentenciou Liu no Dia do Natal de 2009 a 11 anos de prisão.

O comitê do Nobel de forma particular citou o pacifismo de Liu ao desafiar os abusos de direitos humanos da China comunista e pedir reformas democráticas.

Liu foi indicado em parte por oito legisladores dos EUA que elogiaram seu trabalho e sofrimento pelos direitos humanos na China.

Representando a si mesmo e sete outros parlamentares dos EUA, o deputado federal Chris Smith (R-N.J.) recomendou que o Comitê do Prêmio Nobel da Paz reconheça não só Liu, mas premie conjuntamente dois outros ativistas de direitos humanos, Chen Guangcheng e Gao Zhisheng, que são perseguidos especificamente por lutarem contra a brutal política da China de esterilizações e abortos forçados sob a política de “filho único”.

Chen é um advogado autodidata cego, que assumiu sobre si o peso da responsabilidade de defender mulheres camponesas chinesas locais de esterilizações forçadas e defender para que os filhos delas não fossem abortados a força por autoridades do governo local.

Gao, um advogado de Pequim comprometido com a defesa dos direitos humanos na China, foi um dos advogados de Chen. Em 4 de fevereiro de 2009, Gao desapareceu sob circunstâncias suspeitas.

Geng He, a esposa de Gao, disse para a Associated Press que ela não tem conversado com seu marido desde abril e teme pela segurança dele.

O Ministério do Exterior da China condenou a decisão do comitê do Nobel de escolher Liu, chamando o prêmio de “blasfêmia” e Liu de “criminoso”.

“O objetivo do Prêmio Nobel da Paz é recompensar indivíduos que promovem a nível internacional a harmonia e a amizade, a paz e o desarmamento. Liu Xiaobo é um criminoso que foi sentenciado pelos departamentos judiciais chineses por violar a lei chinesa”, o ministério disse em seu site. “Dar o Nobel da Paz para Liu vai contra o princípio do prêmio e é também uma blasfêmia ao Prêmio Nobel da Paz”.

A reportagem da AP diz que a notícia da premiação de Liu com o Nobel foi censurada na China. A reportagem acrescentou que Liu Xia, a esposa dele, está em seu apartamento em Pequim sob guarda da polícia, que a proibiu de se encontrar com jornalistas.

A esposa de Liu, que está em condições de se comunicar por telefone e mídia eletrônica,disse para a CNN que ela tem a intenção de visitá-lo na prisão logo para informá-lo do prêmio, e animá-lo. Ela espera poder visitar a Noruega para receber o prêmio no lugar dele.

No ano passado, quem foi premiado com o Nobel da Paz foi o presidente Barack Obama, que foi indicado logo após tomar posse. Obama elogiou Liu por seu sacrifício numadeclaração e exortou as autoridades chinesas a libertá-lo da prisão.

“Ao conceder o prêmio ao sr. Liu, o Comitê Nobel escolheu alguém que tem sido um eloquente e corajoso porta-voz do avanço de valores universais através de vias pacíficas e não violentas, inclusive seu apoio à democracia, direitos humanos e o Estado de direito”, disse Obama.

Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com

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Vaticano critica concessão do Nobel de Medicina ao ‘pai’ do 1º bebê de proveta

Vaticano

CIDADE DO VATICANO – O Vaticano criticou nesta segunda-feira, 4, a concessão do Prêmio Nobel de Medicina ao britânico Robert G. Edwards, por suas pesquisas sobre fertilização in vitro. O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, o monsenhor espanhol Ignacio Carrasco de Paula, expressou "perplexidade" após o anúncio.
"Sem Edwards, não haveria o mercado de óvulos, freezers cheios de embriões à espera de transferência para um útero, ou mais provavelmente para serem usados em pesquisas ou morrer abandonados e esquecido por todos", disse Carrasco de Paula à Agência Efe.
O monsenhor, que afirmou que suas declarações têm caráter pessoal, acrescentou que teria votado a favor dos outros candidatos, como "Mc Cullock e Till, descobridores das células-tronco, ou Shinya Yamanaka, o primeiro a criar células-tronco pluripotentes induzidas (IPS)".
"No entanto, a escolha de Edwards não parece totalmente deslocada. Por um lado, faz parte da lógica perseguida pelo comitê do Nobel; por outro, o cientista britânico é um personagem que pode ter sido subestimado", acrescentou Carrasco.
Além disso, Carrasco de Paula comentou que Edwards "inaugurou um novo e importante capítulo no campo da reprodução humana, cujos resultados são visíveis a todos".
No entanto, ele destacou que "Edwards abriu uma casa, mas abriu a porta errada a partir do momento em que se centrou na fertilização in vitro e concordou de forma implícita em recorrer a doações e compra e venda que envolvem seres humanos". "Isso não mudou minimamente nem o quadro patológico nem o quadro epidemiológico da infertilidade", avaliou.
Edwards, "pai" do primeiro bebê de proveta – a britânica Louise Brown, que nasceu em 25 de julho de 1978 -, começou suas pesquisas sobre fertilização in vitro em meados dos anos 1950, levantando a possibilidade de extrair um óvulo, fertilizá-lo com esperma em laboratório e, posteriormente, voltar a introduzi-lo no corpo da mulher.