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“Presidente Bolsonaro é o rei Davi enfrentando Golias. Eu sou a pedra”, diz ministro da Educação

Abraham Weintraub participou de conferência realizada pela Frente Parlamentar Evangélica.

 

  via gospelprime
Abraham Weintraub (Foto: Reprodução / Facebook)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparou nesta segunda-feira  (21) o presidente da República, Jair Bolsonaro, ao rei Davi enfrentando o gigante Golias.

A comparação com o personagem bíblico se deu na Conferência para  Agentes Públicos e Políticos Cristãos da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional.

Weintraub falava sob o tema “O Novo Brasil Na Perspectiva Cristã”, quando se comparou com a pedra usada por Davi para derrotar o gigante Filisteu.

“Eu não sou o rei Davi que está enfrentando Golias. Presidente Bolsonaro é o rei Davi que está enfrentando Golias. Eu sou a pedra que o rei Davi pegou do chão, colocou na funda e jogou pra derrubar Golias”, disse.

A conferência ocorreu no último sábado (18), com a participação do juiz federal William Douglas, deputado federal Silas Câmara (PRB-AM), ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher Família e Direitos Humanos, pastor Samuel Câmara, da Convenção da Assembleia de Deus no Brasil e Jonatas Câmara, da Assembleia de Deus do Amazonas.

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Le Cocq gerou o Esquadrão da Morte e ‘parcerias’ com os bicheiros do Rio

Grupo de extermínio de bandidos surgiu em 1965 com doze policiais que matavam ‘chupando pirulito’, entre eles Mariscott, assassinado pelo bicho

 

    • Eduardo Marini, do R
MMM(centro): crimes e conquistas

MMM(centro): crimes e conquistas

Estadão Conteúdo

Esquadrão da morte, por definição, é um grupo paramilitar armado formado por policiais, terroristas ou civis para executar ações extrajudiciais, ilegalidades, crimes e assassinatos, a mando de grupos políticos ou líderes da sociedade. Na maior parte dos casos, essas atividades são realizadas sob sigilo, para evitar a revelação de identidades e punição dos agentes.

No Brasil, os esquadrões da morte começaram a pipocar em vários estados nos anos 1960. O mais notório – e cruel – deles surgiu em 1965, no Rio de Janeiro do então Estado da Guanabara, a partir da Scuderie Le Cocq, ou Esquadrão Le Cocq. E tomou corpo com o apoio extraoficial do governador do estado na época, o mineiro Francisco Negrão de Lima (em 15 de março de 1975 houve a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro).

O núcleo duro da Scuderie Le Cocq era composto pelos chamados Doze Homens de Ouro da Polícia fluminense, um para cada signo do zodíaco, escolhidos a dedo pelo então secretário de Segurança do Rio, Luis França, para “promover uma faxina”, ou seja, tirar de cena ladrões de carros, táxis e casa, assassinos, assaltantes e afins.

A escalação do time: Aníbal Beckman dos Santos, o Cartola, Euclides Nascimento Marinho, Hélio Guahyba Nunes, Humberto de Matos, Jaime de Lima, Lincoln Monteiro, Mariel Mariscot de Matos, Nelson Duart, Neils Kaufman, o Diabo Loiro, José Guilherme Godinho, o Sivuca, Vigmar Ribeiro e Elinto Pires.

Oficialmente, a Scuderie foi montada para promover a vingança do assassinato, em ação, de Milton Le Cocq, primo do brigadeiro Eduardo Gomes e respeitado detetive que havia integrado a guarda pessoal de Getúlio Vargas. Le Cocq foi abatido a tiros por Manoel Moreira, o Cara de Cavalo, bandido que comandava o esquema de proteção às bancas, banqueiros, funcionários e pontos do jogo do bicho na Favela do Esqueleto.

Cara de Cavalo caiu na rede da Scuderie poucos dias depois de matar Le Cocq. Foi fuzilado com 52 tiros, “o primeiro para matar, o segundo para confirmar e o terceiro para fazer a festa”, como disseram colaboradores na ocasião. Um dos líderes da operação foi José Guilherme Godinho Ferreira, o Delegado Sivuca, que mais tarde, em 1990 e 1994, seria eleito deputado estadual no Rio com o sugestivo e explícito bordão bandido bom é bandido morto. “A Scuderie foi criada para dar satisfação à sociedade”, costumava discursar Sivuca. “Havia uma regra: criminoso que reagisse à prisão era chão. Morto sem a menor dúvida.”

Na prática, a turma matava chupando pirulito – e Cara de Cavalo foi só o tiro de largada da prova. Depois dele, vários ícones da bandidagem carioca da década de 1960 foram para o latão com centenas de comparsas. Entre eles Mineirinho, Zé Pretinho (fuzilado na porta de seu barraco no Morro dos Macacos, no bairro de Vila Isabel, zona norte da cidade), Bidá (abatido no Morro do Querosene, no Catumbi) e Passo Errado (que teve os passos interrompidos para sempre no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão).

A Scuderie tinha como presidente executivo Euclides Nascimento. E de honra o jornalista David Nasser, dos Diários Associados. O emblema trazia uma caveira sobre ossos cruzados, e o significado original das iniciais EM no brasão é Esquadrão Motorizado, divisão da polícia carioca da qual Milton Le Cocq fazia parte, e não Esquadrão da Morte, mas essa informação era solenemente desprezada pelos populares e até mesmo por integrantes.

EM do símbolo da Le Cocq é de Esquadrão Motorizado, e não da Morte, como muitos pensam
EM do símbolo da Le Cocq é de Esquadrão Motorizado, e não da Morte, como muitos pensam

Divulgação/Youtube

A Le Cocq transformou-se em associação e, no auge, chegou a ter mais de sete mil seguidores, entre associados e admiradores. Com o tempo e o aumento assustador dos índices de vaidade e de poder gerado pelo medo, seus integrantes assumiram projetos mais ambiciosos – e perigosos -, entre eles as parcerias com líderes do jogo do bicho. Muitos lecocquianos ligavam para imprensa para contar em detalhes como tinham acabado de fechar um ou um grupo de criminosos. Para combater essas e outras práticas, consideradas excessos internamente, a Scuderie expulsou alguns de seus pesos pesados.

O mais famoso desses líderes dispensados foi o policial mais famoso de sua geração: Mariel Araújo Mariscot de Mattos, o Mariel Mariscot, o Ringo de Copacabana, ou MMM, limado da Scuderie na década de 1970. Mariscot nasceu em Niterói mas, por mais um desses caprichos do destino, foi criado na mesma Bangu do megabanqueiro de bicho Castor de Andrade (leia reportagem sobre ele nesta série). Treinava natação e pólo-aquático no Bangu Atlético Clube e foi campeão carioca de natação e saltos ornamentais.

Como policial, MMM passou o rodo em alguém pela primeira vez ainda jovem, em Copacabana, durante um flagrante de assalto em que o ladrão resistiu à voz de prisão. Ameaçado de prisão por homicídio, rendeu o delegado do caso com duas pistolas calibre 45, uma em cada mão. Surgia o apelido Ringo de Copacabana.

Bonito e forte, conquistou algumas das mulheres mais desejadas do Rio de Janeiro em sua época, entre elas as atrizes Elza de Castro e Darlene Glória, além da modelo Rose di Primo. Nos anos 1960, teve um caso com Rogéria, a “travesti da família brasileira”.

Mariscot foi detido sob acusação de assassinato e de integrar o Esquadrão da morte. Em 19 de junho de 1973, recebeu pena de 16 anos e dez meses de reclusão. Fugiu da cadeia, mas depois foi obrigado a passar um período no presídio de Ilha Grande.

De volta às ruas, decidiu tentar, a todo custo, fazer parte do poderoso grupo do jogo do bicho – o problema é que esqueceu de combinar com o baronato da atividade. MMM e sua intenção tombaram juntos depois de uma sequência de balas disparadas contra o ex-policial no dia 8 de outubro de 1981, no Centro do Rio, em frente a uma das fortalezas do bicheiro Raul Capitão, no centro do Rio. Tinha 41 anos.

Mariscot era sócio de um dos filhos de Capitão, Marcos Aurélio Corrêa de Mello, o Marquinhos. É provável que tenha deixado no parceiro a semente de sua ambição desmedida: sete anos depois, em maio de 1988, Marquinhos também tombou em solo carioca a tiros de metralhadora.

Extinta no início de 200, a Scuderie voltou em 2015 em versão bem mais discreta, “do bem” e com novo nome: Associação Filantrópica Scuderie Detetive Le Cocq. Entre seus 60 integrantes estão policiais aposentados e profissionais de outras áreas. O objetivo agora é fazer um “trabalho preventivo e de conscientização” dos cariocas diante da violência que afeta a cidade.

“Queremos colaborar com as autoridades e mudar a imagem que tivemos no passado”, disse o presidente da associação, o policial civil aposentado Humberto Fittipaldi Filho, durante uma panfletagem na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul da Cidade Maravilhosa. Os Doze Homens de Ouro certamente achariam um fim melancólico, mas até a melancolia pode ter alguma versão positiva.

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Associação alerta para retrocesso se mudar prisão após 2ª instância

Fórum de magistrados criminais afirma que o país seria único entre os membros da ONU a não permitir a prisão de réus após condenação em segunda instância se o Supremo mudar entendimento sobre o assunto em julgamento marcado para esta quinta-feira (17/10)

Correio Brasiliense

Decisão da Corte pode permitir a soltura de milhares de presos, segundo Fonajuc. Ministro Alexandre de Moraes diz que medida não teria tanto impacto(foto: Iano Andrade/CB/D.A Press)Decisão da Corte pode permitir a soltura de milhares de presos, segundo Fonajuc. Ministro Alexandre de Moraes diz que medida não teria tanto impacto(foto: Iano Andrade/CB/D.A Press)

À medida que se aproxima o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que vai decidir sobre a constitucionalidade da prisão em segunda instância, nesta quinta-feira (17/10), o debate sobre o assunto ganha intensidade. Nesta terça-feira (15/10), o Fórum Nacional de Juízes Criminais (Fonajuc) divulgou nota afirmando que, caso o tribunal derrube o entendimento que vem mantendo desde 2016, o Brasil pode se tornar “o único país de todos os Estados-membros das Nações Unidas (ONU) a não permitir a prisão após condenação em primeira ou segunda instâncias, acarretando graves consequências para a sociedade brasileira”.

Segundo a entidade, composta de magistrados estaduais, federais e militares de todas as regiões do país, a prisão em segunda instância não contraria a Constituição. Na nota, o Fonajuc afirma que essa sempre foi a interpretação do STF, em toda sua história, com exceção do período entre 2009 e 2016. E acrescenta que a reversão desse entendimento “acarretaria a soltura imediata de mais de 164 mil presos condenados em segunda instância por crimes graves a penas superiores a oito anos de reclusão”.

O STF deve julgar amanhã três ações diretas de constitucionalidade apresentadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pelo PCdoB e pelo Patriotas, respectivamente. As ações pedem que seja declarado constitucional o texto do artigo 283 do Código de Processo Penal, que estabelece que “ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva”.

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Se o texto for validado pelo Supremo, a pena poderá ser aplicada, num grande número de casos, somente após o fim do processo, ou seja, quando todos os recursos forem julgados por todas as instâncias do Poder Judiciário. Nesse caso, detentos de todo o país podem ser liberados, inclusive nomes ligados à Lava-Jato, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, rebateu as críticas que vem sendo feitas à Corte em relação à possibilidade de soltura de milhares de detentos. De acordo com o magistrado, pessoas condenadas por crimes graves, como estupradores e homicidas, não seriam beneficiados caso o Supremo mude o entendimento e decida proibir a prisão em segunda instância. Nos bastidores do tribunal, outros ministros também criticaram avaliações sobre o impacto da medida.

A decisão, dizem fontes do tribunal, não terá validade para quem cumpre prisão temporária, decretada no curso da investigação policial, que pode ser de cinco dias, prorrogáveis por igual período, nos casos de crimes simples, ou de 30 dias, prorrogáveis por mais um mês no caso de crimes hediondos (contra a vida). Quem estiver em prisão preventiva, que pode ser decretada em qualquer fase do processo ou da investigação e não tem prazo para terminar, também não poderá ser solto.

Desserviço

Para Moraes, a amplitude do efeito, caso o Supremo mude seu entendimento sobre o momento da prisão, será menor do que está sendo propagado. “O homicida vai ser solto? O homicida fica preso desde o flagrante. Não tem nada a ver. Depois, vem a sentença de primeiro grau, ele continua preso. Um estuprador vai ser solto por causa disso? O estuprador fica preso desde o flagrante. É um desserviço que estão fazendo atrapalhando a discussão”, afirmou.

No entanto, quando o STF mudou o entendimento, em 2009, a decisão beneficiou com a impunidade um fazendeiro que deu cinco tiros num rapaz que, supostamente, estava “cantando” a mulher dele. Recurso após recurso, o réu empurrou o processo adiante até a prescrição da pena. Agora, Moraes acusa quem se posiciona contra o fim da prisão em segunda instância de politizar a questão.

“Politizou-se uma coisa que é jurídica, falando-se que, por causa de uma pessoa, podem ser soltos 139 mil. Vai olhar, 42% são detentos com prisão preventiva decretada. Dos outros, quase 90% já têm trânsito em julgado”, completou.

Para o presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Victor Hugo, a derrubada da prisão em segunda instância pode beneficiar pessoas condenadas por crimes graves. Em nota, a entidade, que representa mais de 14 mil procuradores e promotores de Justiça, manifestou-se contra a revisão da interpretação do Supremo sobre o tema. “A eventual reversão desse entendimento implicaria evidente retrocesso jurídico, dificultando a repressão a crimes, favorecendo a prescrição de delitos graves, gerando impunidade e, muitas vezes, até inviabilizando o trabalho desenvolvido pelo Sistema de Justiça Criminal e, em especial, pelo Ministério Público brasileiro no combate à macrocriminalidade”, diz trecho da nota divulgada pela associação.

Em julgamentos anteriores, Moraes se posicionou a favor da prisão a partir de segunda instância, mas indica ter mudado de opinião. Outros ministros, ouvidos sob a condição de anonimato, acreditam que haverá maioria para derrubar o entendimento atual do Supremo. A Corte está diante de três alterativas: manter a situação atual, permitindo o cumprimento da pena após condenação em segunda instância; decidir que a prisão poderá ocorrer a partir de condenação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tese apoiada pelo presidente do STF, Dias Toffoli; ou seguir por uma linha mais profunda, deixando livre todos os que ainda têm recursos pendentes na Justiça. Neste caso, o ex-presidente Lula e outros réus da Lava-Jato seriam beneficiados.

Dois votos contra Geddel

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhou o relator do caso, Edson Fachin, e votou pela condenação do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do irmão dele, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima. Ambos são acusados pela ocultação de R$ 51 milhões encontrados no apartamento ligado a Geddel em Salvador. “Estão plenamente comprovados nos autos a materialidade e a autoria do delito de lavagem de dinheiro e de associação criminosa”, disse o ministro durante o julgamento. Após o voto dele, a sessão da Segunda Turma foi suspensa pela ministra Cármen Lúcia e deve ser retomada posteriormente. O adiamento ocorreu para dar lugar a outros processos que estavam parados.