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Muitos usam cargos na igreja só para obter benesses, diz presidente da CNBB

25/02/2013 – 05h30

folha.com

 

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)

Sucessão PapalNa véspera de embarcar a Roma, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, disse que a renúncia do papa Bento 16 representa um "gesto profético" diante das divisões internas da Igreja Católica provocadas por "carreirismo".

"Cargo na igreja não é honra, não é poder no sentido como entendemos, de opressão às outras pessoas ou de ser favorecido pelo cargo. Nesse sentido, a sua renúncia é um gesto profético", disse à Folha dom Damasceno, 76, um dos cinco cardeais brasileiros que estarão no conclave, a ser realizado logo após a saída de Bento 16, nesta quinta-feira.

Anfitrião do papa durante visita ao Brasil, em 2007, dom Damasceno disse que o principal legado do pontífice alemão será o seu magistério e que, apesar de grande intelectual, deixa uma lição de humildade e simplicidade.

Juca Varella/Folhapress

O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis

O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis

Antes, em missa celebrada às 8h, dom Damasceno havia exortado a uma basílica lotada a pedir a Deus que os cardeais "possam também estar abertos aos sinais dos tempos de hoje" durante o processo de escolha para o novo papa.

O cardeal também falou em entrevista coletiva, quando endossou a recente crítica do papa à "hipocrisia dentro da igreja": "Muitas vezes, você prega, anuncia e nem sempre vive o que está pregando".

Também ali, dom Damasceno admitiu que "há pessoas em que eu penso mais" para o papado, mas que só decidirá o seu voto durante os encontros em Roma: "Ninguém tem uma estrela na testa para ser identificado como o candidato ideal".

A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha:

*

Folha – O que significa "sinais dos tempos" para o senhor?
Dom Raymundo Damasceno Assis – Significa mudanças profundas que todos nós experimentamos. Estamos falando hoje de uma mudança de época, e não de uma época de mudanças. Não são mudanças superficiais, mas que atingem a pessoa, os seus valores, o seu modo de viver, o seu estilo de vida, a sua maneira de julgar as coisas e de se relacionar com Deus, com o próximo, com a natureza.
O avanço das comunicações está afetando as pessoas no comportamento, nos valores, nas relações. Basta pensarmos hoje no celular, na internet, em todos esses meios modernos de comunicação, blog, YouTube etc.
Há a crise pela qual a família passa, o modelo de família hoje. São muitas as mudanças que estamos enfrentando, e a igreja tem de estar atenta a isso. São sinais dos tempos que nos falam também e que, portanto, o papa e nós, os bispos, temos de estar atentos para responder pastoralmente.
São muitos os desafios, não podemos desconhecer que a igreja também vive neste mundo, numa realidade histórica, não é só humana e divina. E a missão da igreja é responder a esses desafios com o anúncio do Evangelho. Sem perder a fidelidade do Evangelho, mas tem de atualizá-lo. Como fazer? Com que linguagem? De que maneira? Esses são os grandes desafios que nós temos pela frente.

Qual legado o papa Bento 16 deixará para a igreja?
Ele nos deixa um legado muito rico quanto ao magistério. Grande teólogo, grande pensador, mesmo antes de ser papa, como sacerdote, como professor em uma das principais universidades da Alemanha. Depois, como cardeal em Munique e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ele publicou muitos textos, muitos livros.
Como papa, infelizmente não deixou as três encíclicas que esperávamos. Deixou uma sobre a caridade, sobre a esperança, mas faltou a encíclica sobre a fé. As homilias, as audiências gerais às quartas-feiras são riquíssimas.
Muitos comparavam o papa Bento 16 aos grandes padres do início da igreja, tamanha a riqueza teológica. Será apreciado ainda mais com o passar do tempo.
O papa Bento 16 é chamado de conservador, mas inovou ao renunciar pela primeira vez em mais de 600 anos. O ato abriu uma discussão sobre os rumos da igreja, como a fala recente de um cardeal escocês a favor do fim do celibato?
Primeiramente, você vê que esse termo conservador/progressista é relativo. Muitas vezes, chama-se um papa de conservador e ele faz inovações extraordinárias.
João 23 (1958-63) era considerado conservador. Ele começou a usar aquela toca que nenhum papa mais usava e estabeleceu o latim para a igreja, para Roma, num sínodo em que ele realizou.
E, no entanto, foi ele quem convocou o Concílio Vaticano 2º, que maior repercussão teve na vida da igreja.
O papa Bento 16 realmente inovou nesse sentido. Ninguém esperava essa renúncia. Sabíamos que o papa estava fragilizado fisicamente, faltava força, vigor, como ele disse, do ponto de vista físico e também de espírito.
Isso todo mundo sentia e via pela televisão, mas não se esperava que viria a renunciar. Foi um gesto de humildade, porque reconheceu as suas limitações e não ficou apegado ao poder. Quantos ficam apegados ao poder mesmo estando doente, que não largam de jeito nenhum, que se acham insubstituíveis?
Foi também um gesto de coragem, porque ele tem consciência da repercussão que teria o seu ato. Estamos vendo pelos meios de comunicação o impacto que a renúncia teve em toda a igreja.
E é um sinal profético. Se nós estamos preocupados com poder, com carreirismo na igreja, como ele fez aceno em algumas homilias, que é um dos pecados da igreja, essa busca do poder que cria divisão na igreja, então ele diz: "Eu renuncio, o cargo não é fundamental pra mim, eu cumpri a minha missão até quando eu podia cumprir. O apego ao poder, as honras, a glória do cargo, entrego a quem conduzir melhor a igreja no momento de hoje".
Com a consciência tranquila de quem cumpriu seu dever diante de nós. É um exemplo pra todos. Aqui em Aparecida, o papa nos deu um exemplo de humildade, de simplicidade, até um pouco tímido.

O sr. mencionou o carreirismo. Esse é o grande motivo da divisão interna?
O papa Bento 16 fez uma alusão a isso. Muitas vezes a pessoa está usando o seu cargo não para servir. [Mas] muitas vezes, quem sabe, em busca de benesses, até para se promover mais ainda.
Ele não citou nomes, mas deu a entender que a comunhão é fundamental na igreja, que é fundamental entender na igreja que todo cargo é serviço, serviço à igreja, à comunidade, à sociedade.
Cargo na igreja não é honra, não é poder no sentido como entendemos, de opressão às outras pessoas, ou de ser favorecido pelo cargo. Nesse sentido, a sua renúncia é um gesto profético.

Em 2007, o sr. disse que havia chegado a hora de a América Latina evangelizar a Europa. Essa percepção deveria ser levada em conta na escolha do papa?
Eu digo sempre que o continente não é decisivo, mas a América Latina está contribuindo hoje para a evangelização da Europa, da África, da Ásia. É um fato, é verdade.
Quantos brasileiros hoje, padres, membros de novas comunidades e leigos consagrados estão na Europa no campo da evangelização, da comunicação?
Então a América Latina está contribuindo para a Europa, embora não tanto quanto nós gostaríamos.
Mas isso não quer dizer que seja o critério decisivo para a escolha do papa.

Então quais são esses critérios?
Um perfil que atenda às necessidades de hoje da igreja. Isso se faz num processo de discernimento, num clima de oração e reflexão, de partilha de experiências durante o conclave, talvez até antes do conclave, nos contatos entre os cardeais.
É muito difícil antecipar isso, mas, de um modo geral, é uma pessoa de experiência pastoral, de diálogo, que promova o diálogo no mundo de hoje entre os povos, entre as religiões, cristãs e não cristãs, uma pessoa sensível aos problemas sociais. E preparado também do ponto de vista teológico, filosófico, intelectual. É um conjunto de elementos.

Como presidente da CNBB, o que o senhor quer falar ao novo papa?
Os nossos anseios são de uma igreja missionária, dinâmica, uma igreja capaz de renovar-se para cumprir sua missão, que quer justamente estar no estado permanente de missão. Essa missão não é só dos bispos, mas de todo cristão e de todo batizado.
Uma igreja solidária com os pobres sobretudo, que esteja a serviço do mundo, e não o mundo a serviço da igreja.

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Bento XVI adverte sobre males do mundo em audiência com cardeais

 

O líder da Igreja Católica falou neste sábado após concluir retiro espiritual.
‘Permanece em mim esta gratidão’, disse o pontífice sobre seu papado.

Do G1, com agências internacionais*

 

O Papa Bento XVI prometeu neste sábado (23) aos cardeais uma maior "proximidade espiritual"  de sua parte após concretizar sua renúncia histórica, prevista para 28 de fevereiro, e fez uma advertência sobre os "males deste mundo, o sofrimento e a corrupção".

"Mesmo se concluo hoje a comunhão exterior visível, permanece a proximidade espiritual, uma profunda comunhão da oração", disse Bento XVI ao terminar um retiro espiritual iniciado no último domingo (17), onde refletiu sobre "o maligno, os males do mundo, o sofrimento e a corrupção".

Imagem divulgada neste sábado (23) mostra o Papa Bento XVI (à direita) lendo mensagem aos cardeais após concluir retiro espiritual (Foto: L'Osservatore Romano/AP)Imagem divulgada neste sábado (23) mostra o Papa Bento XVI (à direita) lendo mensagem aos cardeais após concluir retiro espiritual no Vaticano (Foto: L’Osservatore Romano/AP)

De acordo com a agência de notícias "Ansa", Bento XVI agradeceu ainda aos cardeais pelos últimos oito anos de papado, dizendo que eles acompanharam o “peso do ministério papal” com “habilidade, afeto, amor e fé”. “Permanece em mim esta gratidão”, disse o pontífice.

Ele também mencionou a importância da Palavra de Deus para Igreja e fez uma observação sobre os males que, segundo ele, “são uma criação suja que sempre querem contradizer Deus e embaralhar sua verdade e sua beleza”.

Ainda neste sábado, o líder da Igreja Católica se encontrou com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano. De acordo com a "Ansa", Bento XVI disse que irá rezar pela Itália e agradeceu a visita do presidente, acompanhado de sua mulher. No domingo (24), o Papa participará pela última vez da "hora do Angelus", quando falará ao público na Praça São Pedro.

Bento XVI recebeu neste sábado (23) o presidente da Itália, Giorgio Napolitani (Foto: L'Osservatore Romano/AFP)Bento XVI recebeu neste sábado (23) o presidente da Itália, Giorgio Napolitani (Foto: L’Osservatore Romano/AFP)

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Lobby gay
Também nesta manhã, o porta-voz do Vaticano rebateu "a desinformação e, inclusive, as calúnias", sobre possíveis intrigas na cúpula da Santa Sé e a existência do chamado "lobby gay" publicadas na imprensa.

"Há quem tenta aproveitar o movimento de surpresa e desorientação, após o anúncio de que o Papa Bento XVI abandonará seu cargo, para semear a confusão e desprestigiar a Igreja", declarou Federico Lombardi, em uma entrevista a Rádio Vaticano.

"Aqueles que apenas pensam em dinheiro, sexo e poder, e estão acostumados a ver as diversas realidades com estes critérios, não são capazes de ver outra coisa, nem sequer na Igreja, porque seu olhar não sabe dirigir-se para cima ou descer com profundidade nas motivações espirituais da existência", completou.

Uma série de revelações sobre uma trama de corrupção, sexo e tráfico de influências noVaticano, publicadas esta semana pela imprensa italiana, ofusca o conclave para a eleição de um novo Papa.

As denúncias, publicadas pelo jornal La Repubblica e a revista Panorama, afirmam que o Papa decidiu abandonar o cargo depois de receber um relatório secreto de 300 páginas, elaborado por três cardeais veteranos e considerados inatacáveis.

No documento são descritas as lutas internas pelo poder e o dinheiro, assim como o sistema de "chantagens" internas baseadas nas fraquezas sexuais, o chamado "lobby gay" do Vaticano.
Renúncia
Bento XVI surpreendeu a Igreja e o mundo ao anunciar, em 11 de fevereiro, que iria deixar o cargo no fim do mês, por conta de sua saúde frágil.

Ele se retirou com a Cúria para "exercícios espirituais" da Quaresma: um "oásis" para ele, depois dos dias tumultuados seguidos ao anúncio de sua renúncia, explicou Ravasi, que dirige estas meditações.
Na capela "Redemptoris Mater", 17 sessões de reflexões do cardeal italiano Gianfranco Ravasi ocuparam este tempo dedicado tradicionalmente à oração e exame de consciência neste período de preparação para a Páscoa, em 31 de março.

Conclave
Na última quarta-feira (20), o Vaticano informou que as regras atuais do Conclave — encontro em que os cardeais, secretamente, escolhem o novo Papa — passarão por modificações. Com isso, a escolha do sucessor de Bento XVI poderá ser antecipada. A reunião de cardeais, estava prevista inicialmente para depois de 15 de março.

O Conclave, segundo a atual Constituição Apostólica, deve começar "entre um mínimo de 15 dias e um máximo de 20" desde que se decrete a chamada "Sé Vacante", fixada para o próximo 28 de fevereiro às 20h (16h de Brasília), o momento que Bento XVI escolheu para abandonar o Trono de Pedro.
Cardeais de todo o mundo já começaram consultas informais por telefone e e-mail para a construção de um perfil do homem que eles acham que seria mais adequado para liderar a Igreja em um período de crise contínua.
Cerca de 117 cardeais com menos de 80 anos de idade terão o direito de entrar no conclave, que é realizado na Capela Sistina, no Vaticano.

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Papa transfere alta autoridade do Vaticano para a Colômbia

 

Transferência de Ettore Balestrero ocorre em meio a relatos sobre dossiê.
Texto teria influenciado na decisão do Papa de sair, diz imprensa italiana.

Do G1, em São Paulo

 

O Papa Bento XVI transferiu o monsenhor Ettore Balestrero, uma alta autoridade do Secretariado de Estado do Vaticano, para a Colômbia, em meio a especulações da mídia sobre o conteúdo de um suposto relatório confidencial sobre "corrupção e sexo" na Santa Sé.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse nesta sexta-feira (22) que a transferência era estudada havia meses, trata-se de uma "promoção" e não tem nenhuma relação com o relatório, que o Vaticano nega.

 

Balestreto havia sido nomeado subsecretário do Ministério de Relações Exteriores doVaticano em 2009 e, entre outras tarefas, participava dos esforços para manter o país na lista dos países financeiramente transparentes.

A imprensa tratou a promoção como uma "queda para o alto", destinada a afastar Balestrero do centro do poder vaticano.

O Papa Bento XVI, que vai renunciar em 28 de fevereiro, nomeou-o embaixador, ou núncio apostólico, na Colômbia.

O monsenhor Ettore Balestrero em 18 de julho de 2012 (Foto: AP)O monsenhor Ettore Balestrero em 18 de julho de 2012 (Foto: AP)

Os jornais italianos estão especulando sobre o conteúdo do suposto dossiê, que teria sido apresentado ao Papa em dezembro, preparado por três cardeais após investigação sobre as origens de vazamentos de documentos secretos da Santa Sé no escândalo do VatiLeaks.

O mordomo do Papa, Paolo Gabriele, foi punido pelos vazamentos, em outubro passado, e depois perdoado pelo próprio Bento XVI.

O Vaticano se recusou a comentar sobre as matérias da imprensa, que afirmam que o conteúdo do dossiê teria sido um fator na decisão de renunciar, anunciada pelo Papa em 11 de fevereiro.

A versão oficial de Bento XVI é de que ele não tem mais "força física e mental" para ser pontífice.

‘Lobby gay’
De acordo com o jornal "La Repubblica", a decisão de Bento XVI de renunciar ao Trono de Pedro poderia ter sido reforçada pela profunda frustração após tomar conhecimento em outubro de um "lobby gay" no Vaticano revelado pela investigação secreta dos três cardeais aposentados.
Segundo a reportagem "’Sexo e carreira, as chantagens no Vaticano por trás da renúncia de Bento XVI", o cardeal espanhol da Opus Dei, Julian Herranz, que presidente a comissão, teria relatado antes de 9 de outubro ao Papa o dossiê "mais escabroso" sobre "uma rede transversal unida pela orientação sexual". Segundo a matéria, "pela primeira vez, a palavra homossexualidade foi pronunciada" no apartamento papal.

De acordo com a revista "Panorama", o "lobby gay" do Vaticano "é, de longe, o mais influente e ramificado entre todos os que existem dentro da Cúria Romana".
Segundo o "La Repubblica", o relatório indica que alguns bispos sofreram "influência externa" (chantagem) de laicos com quem estabelecem laços de "natureza mundana".

Outro grupo se especializa em montar e desmontar carreiras dentro da hierarquia vaticana e outro aproveita para utilizar recursos multimilionários para seus próprios interesses à sombra da cúpula de São Pedro através do banco do Vaticano, de acordo com a publicação, que descreve nesta sexta-feira "a guerra pelo dinheiro no Banco de Deus".

O Vaticano apontou erros grosseiros neste artigo, afirmando que não deve ser levado a sério. Não haverá "negações, comentários ou confirmações" sobre "especulações, fantasias e opiniões" emitidas pela imprensa neste período, declarou o porta-voz, o padre Federico Lombardi.
De acordo com o vaticanista do jornal "La Stampa", o Papa, antes de sua renúncia, receberá os três cardeais. O conteúdo do relatório secreto, preparado com base em entrevistas realizadas em todos os níveis da Santa Sé, poderá ser discutido na Congregação Geral, uma reunião que prepara o Conclave de Cardeais.
Estes três cardeais foram nomeados na última primavera (hemisfério norte) pelo Papa Bento XVI, após numerosos vazamentos de documentos confidenciais, mas o relatório deverá permanecer em segredo.
Em outubro passado, dois dias após ter recebido o cardeal Herranz, o Papa, em um discurso de tom pessimista na abertura do Ano da Fé, havia mencionado em forma de metáfora "os peixes ruins" que são pescados da Igreja.
Segundo os vaticanistas, os documentos vazados no escândalo "VatiLeaks" poderiam ser usados por um ou outro para desacreditar um rival na Cúria. Um fenômeno que pode ser repetido com a proximidade do Conclave, a fim de influenciar a escolha do novo Papa.
O diretor do canal católico TV2000, Dino Boffo, surpreendido pelos rumores em documentos do ‘"atiLeaks" sobre relacionamentos homossexuais – que ele negou – pediu na quinta-feira à Santa Sé que se liberte do "vício infame das cartas anônimas, sem assinaturas e sem destinatários".

Ele desejou que "todos os fiéis contribuam para pôr fim a uma gestão de poder que pode ofender os mais humildes" dos católicos.
O tema da homossexualidade no Vaticano não é novo nos meios de comunicação italianos. Tem sido tema de romances e best-sellers quentes, às vezes, exagerados. É um fato conhecido dos vaticanistas que os religiosos e sacerdotes que trabalham no Vaticano têm relações homossexuais fora do pequeno Estado: uma rede de religiosos, padres e até bispos homossexuais pode existir, mantendo silêncio. Este grupo poderia ter sido sujeito a chantagem de jornalistas inescrupulosos que procuram no "VatiLeaks" obter documentos secretos.