Denúncia do Washington Post reforça reportagem da Veja.
por Jarbas Aragão
Gospel Prime
O Jornal Washington Post publicou esta semana uma extensa reportagem mostrando como o Irã está reforçando as redes terroristas em vários países do mundo. Um dos focos principais seriam países da América Latina, inclusive no Brasil.
O material do Wahington Post reforça muito do que a revista Veja denunciou dois meses atrás, na reportagem “A filial do terror: como o Irã montou, no Brasil, a rede de extremistas que participaram do maior atentado terrorista já ocorrido na Argentina”.
Essa rede latina existe há pelo menos vinte anos e têm vínculos com o Hezbollah, grupo islâmico que é um braço armado do governo iraniano no Líbano. No Brasil, existem células conhecidas em pelo menos três cidades: Foz do Iguaçu, São Paulo e Curitiba.
O libanês Samuel Salman El Reda, que vivia em Foz do Iguaçu, foi quem comandou o que é considerado o maior atentado terrorista da história da Argentina: a explosão de um carro bomba na Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas.
Segundo revelam os jornalistas, a construção dessa rede do governo iraniano e do Hezbollah foi iniciada em 1984. Primeiramente eram enviados recrutas e extremistas muçulmanos dispostos a dedicar suas vidas (e até morrer) pela causa. Os primeiros países a recebê-los foram o Brasil, a Guiana e a Argentina. Por enquanto, tem-se notícia de pelos menos dois ataques na capital Buenos Aires, mas o comando estaria em solo brasileiro.
O responsável em comandar a operação na América Latina é o clérigo Mohsen Rabbani, conhecido por suas pregações incitando ódio aos judeus e aos americanos. Ele usa como disfarce o cargo de inspetor do abate, algo que para muçulmanos praticantes deve ocorrer seguindo preceitos religiosos. É comum a presença desses clérigos nas empresas que exportam carne para países muçulmanos.
Rabbani também é “conselheiro cultural da Embaixada do Irã” e as atividades dos terroristas na América Latina comumente são camufladas com centros culturais, editoras de livros e mesquitas.
Segundo o Washington Post “Nos últimos anos, um programa de recrutamento tem levado centenas de latino-americanos para o Irã para cursos intensivos sobre religião e cultura iraniana. Tudo feito em espanhol e pago integralmente pelo governo. Tudo é supervisionado por um homem procurado internacionalmente por acusações de terrorismo, de acordo com funcionários e especialistas dos EUA”.
Esse rede latina é parte de um esforço por parte do Irã em expandir sua influência no hemisfério ocidental, através da construção de uma rede de apoiadores e aliados contrários ao governo dos Estados Unidos. Além do recrutamento de estudantes estrangeiros para estudo especial dentro do Irã, inclui divulgação direta em países latinos, através da construção de mesquitas e centros culturais. No ano passado surgiu uma nova rede de TV a cabo que transmite programação iraniana em espanhol. Também foi criado um portal de notícias islâmico totalmente em espanhol. Seu objetivo é alcançar moradores de cerca de 50 países onde se fala a língua, num público potencial de meio bilhão de pessoas.
As iniciativas são principalmente políticas, destinadas a reforçar a posição de Teerã em países como Venezuela e Equador, que já manifestaram sua visão “antiamericana”. Em alguns casos, as autoridades iranianas envolvem os latino-americanos em espionagem, contando ainda com operações de hackers visam sistemas de computadores dos Estados Unidos.
Um relatório emitido este ano por um promotor argentino citou evidências de “redes de inteligência locais clandestinas”, que usa programas religiosos e culturais como cobertura para “fornecer apoio logístico, econômico e operacional aos atentados terroristas decididos pelo regime islâmico”.
A tática de recrutamento não é clara, mas inicia com uma tentativa de conversão de jovens latinos ao islamismo. Aqueles que se interessam em saber mais sobre a religião são enviados para um treinamento no Instituto Cultural de Pensamento Oriental, na antiga cidade de Qom. Tudo custeado pelo governo, incluindo as passagens de avião.
Nesse local construído pelos sunitas, centenas de pessoas, majoritariamente estudantes universitários, aprendem mais sobre o islamismo e são convidados a participar da jihad (guerra santa). Depois, são enviados de volta a seus países. Desde o início do programa, teriam sido treinados mais de mil estudantes.