TIAGO CHAGAS
A pré-candidata à presidência Marina Silva voltou a adotar uma postura “isenta” em relação à descriminalização do aborto e da maconha, defendendo um plesbiscito para que a sociedade decida sobre os temas, colocando-se de forma a tentar agradar gregos e troianos. Ao mesmo tempo, pesquisas recentes apontam que a sociedade reprova mudanças nas leis que tratam do assunto.
Em entrevista à revista Veja, Marina Silva (Rede) foi questionada sobre qual o peso de sua profissão de fé, evangélica, em sua postura a respeito do aborto e da maconha, e sua resposta praticamente ignorou o ponto referente à sua crença pessoal.
“O aborto envolve questões de natureza ética, de saúde pública e religiosa. Defendo para esse tema, assim como para a descriminalização da maconha, que se faça um plebiscito. Esse é o caminho de ampliar o debate. Não se resolve o problema das drogas e do aborto rotulando alguém de conservador ou fundamentalista. Nós não queremos que mulher alguma tenha uma gravidez indesejada. Qual é a melhor forma para chegar a isso? Debatendo”, afirmou a ex-senadora.
Quando questionada sobre o apoio de grande parte do eleitorado ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), Marina relativizou a adesão, apontando a revolta com a corrupção como responsável por esse movimento: “A sociedade está indignada. Não consegue mais aceitar que o dinheiro que deveria estar indo para uma creche está sendo desviado pela corrupção. Um primeiro momento da indignação sai muitas vezes como um berro de protesto. Mas ninguém fica berrando o tempo todo”, opinou.
“Chega uma hora em que a consciência sussurra mais alto, e as pessoas começam a perceber que as saídas mágicas não têm base na realidade”, disse, prevendo uma queda nas intenções de voto a Bolsonaro nos próximos meses.
Assim como Bolsonaro, Marina Silva terá menos de dez segundos de tempo de TV na campanha eleitoral, por conta da baixa quantidade de parlamentares da Rede Sustentabilidade no Congresso e por conta das alianças com partidos de igual baixa representatividade nas urnas em 2014.
Bolsonaro
O pré-candidato do PSL respondeu no Twitter às afirmações de Marina Silva a Veja, dizendo que “um chefe de Estado deve mostrar a todos a sua verdadeira face”, para que a população saiba em quem está votando.
“Marina, ao sugerir plebiscito, sem dizer sua posição para temas tão relevantes, se esquiva e lava suas mãos no politicamente correto”, acrescentou Bolsonaro, criticando a postura recorrente de Marina Silva em se isentar de posições mais claras sobre temas tão caros à população brasileira.