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Casos de ‘doença do beijo’ aumentam depois do Carnaval

Mononucleose pode ser transmitida até um ano após a contaminação; médica recomenda evitar beijos e compartilhamento de copos neste período
    • Aline Chalet, do R7*

Mononucleose, herpes, sífilis e caxumba são doenças transmissíveis pelo beijo

Mononucleose, herpes, sífilis e caxumba são doenças transmissíveis pelo beijo

Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo – 9.2.2016

Carnaval e blocos de rua costumam atrair um público que, além da música, busca também beijar na boca.

É nesta época que aumenta a incidência da chamada ‘doença do beijo’ e de outras infecções transmissíveis pela saliva, afirma a infectologista Raquel Muarrek.

A mononucleose, uma contaminação viral, é conhecida como doença do beijo por ser transmitida pela saliva. Raquel lembra que compartilhamento de copos e talheres também pode transmitir a doença.

Os sintomas podem levar até três dias para se manifestarem após a contaminação, o que facilita a transmissão de uma pessoa para outra neste período.

A doença causa dor de garganta, fadiga, cansaço, febre, perda de peso e aumento dos gânglios linfáticos. É causada pelo vírus Epstein-Barr. O tratamento consiste em hidratação e repouso.

“A gente recomenda que não compartilhe copo e não beije. A pessoa pode ficar até um ano transmitindo a doença”, afirma a médica.

Outra doença transmissível pela saliva é o citomegalovírus, que possui quadro clínico muito parecido, com a diferença de não apresentar dor de garganta e ter um quadro de febre prolongado.

Segundo o Manual Merck de Diagnóstico e Tratamento, o vírus fica hospedado no corpo do por toda a vida e os sintomas podem reaparecer com queda da imunidade.

Herpes

Outro vírus que permanece no corpo após a contaminação é o da herpes. “O tipo 1 é que podemos pegar pela boca.”, afirma Raquel.

A transmissão pode acontecer mesmo quando as lesões características da doença não estão aparentes, de acordo com o Manual Merck.

A infectologista explica que a pessoa que foi contaminada pode levar até sete dias para apresentar a primeira infecção e até 30 dias para apresentar virologia positiva no exame de sangue.

Segundo Raquel, apenas 15% dos contaminados apresentam herpes recorrente — o restante das pessoas só vai apresentar sintomas quando a imunidade estiver baixa.

Sífilis

Apesar de a transmissão pelo beijo ser incomum, aumentam os registros de casos de sífilis após o Carnaval. A bactéria também pode ser transmitida por sexo oral.

Diferente das outras, virais, esta doença é causada por uma bactéria, Treponema pallidum. Ela é dividida em três estágios.

“No primário, o sintoma é a ferida na região genital. Apesar de incomum, já vi na boca também”, afirma.

A sífilis secundária apresenta manchas na pele e na mucosa da boca e pode apresentar febre. No terciário pode levar à meningite ou miocardite. O tratamento é feito com antibióticos (injeções de penincilina).

Por último, Raquel lembra da caxumba. “Apesar de ser uma doença com vacina, tivemos um surto em 2018 e 2019. Por isso é importante manter a carteira vacinal em dia”, afirma.

A doença pode ficar até 25 dias incubada e começar a ser transmitida até sete dias antes dos primeiros sintomas. O mais conhecido é o inchaço na região do pescoço, mas também apresenta cansaço e febre.

“É uma doença grave, pode levar a orquite [aumento da bolsa escrotal], pancreatite, meningite e até perda auditiva e da visão, já que afeta a parte neurossensorial.”

*Estagiária do R7 sob supervisão de Fernando Mellis

Herpes pode ser contraída em copos mal lavados. Entenda a doença:

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Revelada conexão entre Alfa Draconis e pirâmides egípcias

Alfa Draconis, também conhecida como Thuban, está localizada a cerca de 300 anos-luz de distância, na constelação do norte Draco.

Revelada conexão entre Alfa Draconis e pirâmides egípcias
Os estudos de eclipses ajudaram os egípcios a construir suas pirâmides? Crédito: Domínio Público

Apesar de sua designação ‘alfa’, ela brilha como a quarta estrela mais brilhante de Draco. A fama de Thuban surge de um papel histórico que desempenhou cerca de 4.700 anos atrás, quando as pirâmides mais antigas estavam sendo construídas no Egito.

Poderiam as novas observações astronômicas lançar luz sobre o que motivou os construtores das pirâmides egípcias?

Os astrônomos que usam dados do satélite de pesquisa de exoplanetas em trânsito da NASA (TESS) ficaram surpresos quando descobriram que a estrela brilhante Alfa Draconis e sua companheira mais fraca e anteriormente conhecida passam por eclipses mútuos.

Os estudantes de egiptologia já sabem que os egípcios antigos eram astrônomos hábeis que observavam regularmente o céu e rastreavam vários objetos celestes.

Pesquisas anteriores revelaram que o antigo calendário egípcio do Cairo 86637, de papiro, é o mais antigo documento histórico preservado de observações a olho nu de uma estrela variável, a Algol binária eclipsante – uma manifestação de Horus, um deus e um rei.

Foi confirmado que os antigos egípcios sabiam sobre a variabilidade da ‘Estrela Demônio’ Algol 3.000 anos antes dos astrônomos ocidentais.

Os astrônomos sugerem que agora é possível que o primeiro eclipse da antiga Estrela do Norte tenha desempenhado um papel fundamental na construção das pirâmides do Egito.

Cerca de 4.700 anos atrás, a estrela Thuban pode ter servido como a Estrela do Norte. Parecia o mais próximo do pólo norte do eixo de rotação da Terra, o ponto em torno do qual todas as outras estrelas parecem girar em seu movimento noturno.

Hoje, esse papel é desempenhado por Polaris, a estrela mais brilhante da constelação Ursa Minor. A mudança aconteceu porque o eixo de rotação da Terra realiza uma oscilação cíclica de 26.000 anos, chamada precessão, que altera lentamente a posição do céu no polo rotacional.

A Estrela do Norte ou Thuban é na verdade um par de estrelas e a estrela maior entre os pares é quatro vezes maior e mais quente que o Sol. A temperatura da superfície da estrela maior é de cerca de 9.700 graus Celsius. Sua companheira, que é cinco vezes mais fraca, provavelmente tem metade do tamanho da primária e é 40% mais quente que o Sol. Estudos anteriores sugeriram que Thuban exibiu pequenas mudanças de brilho que duraram cerca de uma hora, sugerindo a possibilidade de que a estrela mais brilhante do sistema estivesse pulsando.

Angela Kochoska, pesquisadora de pós-doutorado da Universidade Villanova, na Pensilvânia (EUA), disse:

Os eclipses são breves, com duração de apenas seis horas; portanto, as observações terrestres podem facilmente perdê-los. E como a estrela é tão brilhante, ela rapidamente saturaria detectores no observatório Kepler da NASA, o que também ocultaria os eclipses.

A estrela Alfa Draconis (circulada), também conhecida como Thuban, é conhecida por ser um sistema binário. Agora, os dados do TESS da NASA mostram que suas duas estrelas sofrem eclipses mútuos. Crédito: NASA / MIT / TESS

Muitos cientistas pensam que os egípcios antigos confiavam nas estrelas brilhantes, em inglês chamadas de Big Dipper e Little Dipper, para alinhar suas pirâmides na direção norte-sul com uma precisão de até 0,05 graus. No entanto, ainda é debatido como os construtores de pirâmides tomaram medidas precisas para o alinhamento. Como a inclinação do eixo da Terra mudou ao longo do tempo, as posições das estrelas também mudaram.

Usando sofisticado software astronômico, os cientistas foram capazes de retroceder o relógio astronômico e estudar o céu no momento em que as pirâmides foram construídas. Esses estudos mostraram que as duas estrelas giravam em torno do polo oposto no céu do Reino Antigo e uma linha imaginária se unia a essas estrelas, passando pelo polo norte.

Isso significa que, quando as duas estrelas colocadas verticalmente uma sobre a outra, ambas marcam a posição do norte verdadeiro para os construtores de pirâmides. Nesse caso, se o cálculo for correto, a construção da Grande Pirâmide de Gizé começou entre 2485 e 2475 aC.

Esta animação ilustra um modelo preliminar do sistema Thuban, agora conhecido como um binário eclipsante, graças aos dados do satélite de pesquisa em trânsito de exoplanetas da NASA (TESS). As estrelas orbitam a cada 51,4 dias a uma distância média ligeiramente maior que a distância de Mercúrio do Sol. Vemos o sistema cerca de três graus acima do plano orbital das estrelas, de modo que elas sofrem eclipses mútuos, mas nenhuma delas é completamente coberta por sua parceira. Créditos: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA / Chris Smith (USRA)

Kochoska, que apresentou as descobertas na 235a reunião da Sociedade Astronômica Americana em Honolulu, em 6 de janeiro, disse que está planejando um estudo de acompanhamento para examinar outros eclipses que o TESS pode ver.

Padi Boyd, cientista do projeto TESS no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, informou num comunicado:

A descoberta de eclipses em uma estrela conhecida, brilhante e historicamente importante destaca como o TESS afeta a comunidade astronômica mais ampla. Nesse caso, os dados TESS ininterruptos e de alta precisão podem ser usados ​​para ajudar a restringir parâmetros estelares fundamentais em um nível nunca antes alcançado.

(Fonte)

É claro, os astrônomos estão presumindo que este seja o caso. Porém, a verdade pode ser muito diferente disso, embora os fatos aqui sejam sólidos. No final, a única confirmação dessas teses teria que vir dos próprios construtores, o que, obviamente, é uma impossibilidade.

n3m3

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‘Carne de porco’ feita de vegetais chama atenção na CES

Por Thiago Lavado, G1 — Las Vegas


'Carne de porco' feita de vegetais é destaque em feira; G1 provou

‘Carne de porco’ feita de vegetais é destaque em feira; G1 provou

Os produtos feitos de carne que não são carne estão crescendo no Brasil e esse é um mercado já consolidado nos Estados Unidos. Justamente por isso, um dos produtos que mais chamou atenção na Consumer Electronic Show (CES), a maior feira de tecnologia do mundo, foi o Impossible Pork, “carne de porco” falsa recém lançada pela Impossible Foods.

O produto é feito principalmente de grão de soja, óleo de coco, óleo de girassol e heme, uma espécie de composto modificado e baseado em ferro e que dá às receitas a aparência e gosto de carne — justamente a parte tecnológica da Impossible Foods.

'Carne de porco' feita de vegetais da Impossible Foods na CES — Foto: Thiago Lavado/G1'Carne de porco' feita de vegetais da Impossible Foods na CES — Foto: Thiago Lavado/G1

‘Carne de porco’ feita de vegetais da Impossible Foods na CES — Foto: Thiago Lavado/G1

Uma versão de salsicha também foi apresentada, mas ainda não há previsão para que os produtos cheguem ao mercado.

A empresa já tinha vindo à feira no ano passado, trazendo o Impossible Burger 2.0, reinvenção do seu produto original. Uma das principais concorrentes, a Beyond Meat, abriu capital em maio do ano passado, avaliada em US$ 3,8 bilhões. Hoje, essa empresa já vale US$ 5,2 bilhões.

Hamburguer vegetal da Impossible Foods na CES — Foto: Divulgação

Hamburguer vegetal da Impossible Foods na CES — Foto: Divulgação

Segundo a Impossible Foods, o intuito foi primeiro desenvolver produtos que se assemelhavam às carnes mais nocivas ao meio ambiente, principalmente gado, justamente para reduzir o consumo de carne.

Com o Impossible Pork, a empresa mira a carne de porco, que lidera os índices de consumo, com uma fatia de 36% do consumo total, segundo dados da ONU de 2012.

Venda de hamburguer vegetal em supermercado dos Estados Unidos — Foto: DivulgaçãoVenda de hamburguer vegetal em supermercado dos Estados Unidos — Foto: Divulgação

Venda de hamburguer vegetal em supermercado dos Estados Unidos — Foto: Divulgação

A carne de porco também é muito consumida em países da Ásia — mercado da empresa fora dos Estados Unidos. Atualmente a Impossible Foods está também em Hong Kong, Macau e Singapura.

Entre os próximos passos, a companhia promete outros tipos de alimentos que se assemelham a outras carnes: peixe, frutos do mar e até mesmo derivados de animais como leite e queijo.