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DILMA DEFENDE LIBERDADE DE CULTO

Em seu discurso presidente pediu a Deus abençoar o Brasil

Nos 45 minutos de discurso, após ser empossada na Presidência da República, Dilma Rousseff não conteve a emoção e chorou ao lembrar dos “companheiros e companheiras” que “tombaram” na luta contra a ditadura militar, período que a história trata como “anos de chumbo”. A presidente em seu discurso reafirmou seu compromisso com a liberdade religiosa e pediu bençâo de Deus ao país.

Por duas vezes, Dilma não conteve às lágrimas. Na primeira, quando reforçou a intenção nos quatro anos em que dirigirá o país de combater os privilégios e a corrupção na administração pública e ao fazer um apelo de união em torno de seu projeto aos partidos de oposição.

“Neste momento sou presidenta de todos os brasileiros”, disse já com a voz embargada quando foi obrigada a silenciar para conter as lágrimas. Diante da emoção, coube aos parlamentares da base aliada interromper o silêncio do discurso com aplausos e gritos de “Dilma, Dilma”.

Ao fim do discurso, no qual ressaltou que uma mulher não traz em si apenas a característica da coragem mas, também, de carinho, a presidenta compartilhou sua posse com a filha, o neto e com sua mão. Encerrado seu pronunciamento, ela deixou o plenário da Câmara da mesma forma que entrou: aplaudida de pé por todos os parlamentares a autoridades e sob a entoação pelos governistas do jingle de campanha “olê, olê, olâ, Dilma, Dilma”.

A presidenta abriu seu pronunciamento no Congresso com uma homenagem especial às mulheres brasileiras. Neste sentido, ela destacou a “ousadia do voto popular”, que depois de levar um presidente operário á Presidência da República, dar a oportunidade a uma mulher de sucedê-lo. “Vim honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos”.

Ela reservou no seu pronunciamento uma homenagem especial ao vice-presidente do governo Lula, o empresário José Alencar, que luta contra o câncer. Segundo Dilma, o vice-presidente “é um exemplo de coragem” a ser perseguido por ela e seu vice, Michel Temer.

Dilma destacou que, nos seus quatro anos de mandato, travará “uma luta obstinada” pela erradicação da pobreza extrema e a garantia de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras. “Não vou descansar enquanto houver um brasileiro sem comida na mesa, famílias aos desalento das ruas e crianças pobres abandonadas à própria sorte”, disse a presidenta.

Ela ressaltou que essa tarefa não é de exclusividade do governo, mas requer um pacto entre toda a sociedade brasileira. Neste sentido, Dilma Rousseff disse que o combate à miséria passa pelo crescimento econômico do país aliado à ampliação dos programas sociais.

Dilma também falou sobre a necessidade de reformas para o aperfeiçoamento da sociedade brasileira como a política e a tributária. Quanto à reforma tributária, a presidenta destacou a necessidade de se acabar com entraves que impedem o desenvolvimento.

A presidenta também assumiu, perante o Congresso, o compromisso de evitar a todo custo o retorno da inflação e a manutenção da estabilidade da economia. “Não permitiremos que essa praga recaia sob o tecido econômico e nossas famílias”.

Outro momento em que Dilma foi obrigada a interromper seu discurso, aconteceu quando falou da atenção que dará a setores como a educação, saúde e segurança pública. Segundo ela, só com avanços na qualidade de ensino se poderá melhorar, de fato, a situação do país e prometeu a ampliação do Prouni para o ensino técnico.

Dilma Rousseff também ressaltou que acompanhará diretamente os investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). “Vou acompanhar pessoalmente o processo de melhoria do SUS”, disse ao destacar a necessidade de a população ter acesso a um atendimento médico e hospitalar de melhor qualidade.

A ampliação da parceria entre União, estados e municípios foi lembrado pela presidenta como o caminho para a redução da violência. Ela recordou a recente operação contra o tráfico no Rio de Janeiro que uniu as polícias Militar, Civil, Federal e as Forças Armadas.

A preservação ambiental é outro objetivo a ser perseguido pelo seu governo, entretanto, sem se pautar por imposições de terceiros ou acordos internacionais que impeçam o crescimento do país, afirmou a presidenta. Para isso, ela lembrou a necessidade de se preservar as florestas brasileiras, em especial à Amazônia, e investir cada vez mais em matrizes energéticas limpas.

Na política internacional, Dilma Rousseff pretende pautar seu governo com uma atenção especial aos países emergentes e aos vizinhos da América do Sul. Ela também rebateu qualquer apoio a países que tenham por objetivo desenvolver a produção de energia nuclear para fins bélicos.

Data: 1/1/2011 18:38:23
Fonte: Com reportagem da Agência Brasil

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Vaticano quer que Dilma preserve acordo sancionado por Lula

 

Emissário da eleita, o petista Gilberto Carvalho tem encontro com representante do papa, em Roma, e entrega carta com pedido de "trégua" à Igreja após "tensão" eleitoral envolvendo a questão do aborto; petista e Bento XVI agendam encontro para 2012

O Vaticano cobra do novo governo de Dilma Rousseff um compromisso para que não reabra o acordo que rege as relações bilaterais e que foi alvo de muita polêmica. O assunto foi debatido ontem em uma reunião entre o secretário da Santa Sé para Relações com os Estados, Dominique Mamberti, e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No mesmo encontro, fixou-se que Dilma fará uma viagem ao Vaticano em 2012 para se reunir com o papa Bento XVI. A visita já está sendo organizada pelo Palácio do Planalto e pela Santa Sé e faz parte da tentativa de se estabelecer uma "trégua" entre o Vaticano e Dilma depois das polêmicas entre Dilma e a Igreja durante a campanha eleitoral.

No contato com o emissário de Dilma, o Vaticano solicitou que o acordo feito com o governo brasileiro, conhecido como "concordata", entre em vigora partir do próximo mandato. O primeiro acordo proposto pela Igreja em 2007 falava na obrigatoriedade do ensino de religião em escolas públicas, acesso às reservas naturais para missionários e isenção de impostos.

O Itamaraty reduziu o acordo a uma mera declaração de boas relações entre a Santa Sé. A concordata já foi aprovada pelo governo Lula e pelo Congresso, mas esbarrou em um processo e está no Supremo Tribunal Federal. "Não acreditamos que isso ofereça um risco para sua entrada em vigor", garantiu Carvalho.

Trégua

Dilma decidiu na última quinta-feira aproveitar a ida de Carvalho a Roma para mandar um recado à Igreja de que seu governo não abrirá guerra contra a Santa Sé. Enviou por meio de Carvalho uma carta ao papa, pedindo que a Igreja "não recue" em relação ao Brasil, estabelecendo uma trégua e insistindo que o futuro governo conta com a Santa Sé para aplicar o seu projeto de erradicação da pobreza.

A carta, ainda mantida em sigilo até amanhã, quando será lida pelo Papa, pede sua bênção ao governo e assegura que a eleita quer diálogo com o Vaticano.

"O que nós queríamos e acho que conseguimos era limpar de uma vez por todas o mal estar da campanha eleitoral", admitiu Gilberto Carvalho.

Aborto

Nem na carta e nem durante a reunião foi tratada a questão do aborto. Mas, Carvalho admitiu que a campanha de Dilma viveu "momentos de grande tensão" diante dos comentários do Papa sobre o assunto, poucos dias antes do segundo turno.

Bento XVI, em uma reunião com bispos do Maranhão, condenou a descriminalização do aborto e da eutanásia e recomendou aos bispos brasileiros que emitissem "juízo moral" sobre essas questões, mesmo em "matérias políticas". Embora não tenha feito referência direta à eleição, o papa pediu aos bispos que orientassem os fiéis a usar o voto para a "promoção do bem comum".

"Não sabíamos que direção esses comentários tomariam", admitiu. Carvalho acusou "forças no Brasil" de terem influenciado o papa a fazer tais declarações e garantiu que para Dilma o assunto é "parte do passado".

Viagem

Do lado do Vaticano, Mamberti confirmou que o Brasil é de "importância fundamental" para a Santa Sé e que uma visita de Dilma já em 2011 ao Papa seria relevante para mostrar o compromisso na relação bilateral. Carvalho, porém, explicou que dificilmente a viagem poderia ocorrer em 2011.

"O primeiro ano é sempre um período para amarrar o governo", explicou o emissário. "A data que se trabalha é 2012 para a visita de Dilma", apontou.

“Minha principal mensagem e objetivo foi a de tranquilizar o Vaticano em relação ao que será o governo Dilma", disse ao Estado por telefone Carvalho, ao sair da reunião. Na conversa, ele informou que a eleita não tem intenção de rever o acordo com o Vaticano, mas ressaltou a necessidade de manter o caráter laico do Estado. "Não podemos esquecer que 22,5% da população brasileira é composta de evangélicos." Segundo Carvalho, "não haverá diferença qualitativa entre o governo Dilma e o governo de Lula em relação à Igreja".

Data: 24/11/2010 08:33:01
Fonte: Estadão

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Don Eugênio Sales lamenta a conversão forçada de Dilma

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às 4:49

“Lamento a conversão forçada de Dilma”

Por Alfredo Junqueira, no Estadão:
O cardeal e arcebispo emérito do Rio de Janeiro, d. Eugênio Sales, que completa 90 anos hoje, lamentou o que chamou de conversão tardia da presidente eleita, Dilma Rousseff, na reta final da campanha eleitoral. O religioso disse temer a pressão que grupos favoráveis à descriminalização do aborto e aos direitos dos homossexuais farão sobre a presidente. “Espero que o compromisso, que ela assumiu, ela possa cumprir.”

Apesar de classificar o homossexualismo como “anormalidade” e dizer que uma de suas preocupações no mundo é a China, d. Eugênio nega ser conservador ou reacionário. Cita como exemplo a ajuda que deu a “milhares” de refugiados de ditaduras sul-americanas e a animosidade que sofreu de militares brasileiros por se opor à tortura de presos políticos. O cardeal repudia abusos cometidos por padres contra crianças, mas compara as denúncias de pedofilia a campanhas difamatórias nas quais o Vaticano foi acusado de conivência com o Holocausto. Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte, d. Eugênio foi ordenado padre aos 23 anos. Aos 33, já era bispo e tornou-se cardeal aos 48. Para ele, seu mérito foi a fidelidade à Igreja.

Como o sr. acompanhou esse processo eleitoral em que a questão religiosa entrou de forma tão enfática no debate?
Sou inteiramente contrário ao aborto e à exaltação dos homossexuais. Casamento de homem com homem é um erro. Sou contra, mas sempre digo que é importante ter paciência com as pessoas. É uma aberração da natureza. Mas não se pode jogar pedra.

O que o sr. achou desses temas terem sido usados pelos candidatos?
Lamento que isso tudo tenha acontecido e também lamento a conversão forçada da presidente eleita. Na véspera da eleição, ela declarava “não sei se é válido”, tinha uma posição. Mas também não digo se ela está sendo ou não sincera. Achei que poderia haver recuo. Graças a Deus, parece que não está acontecendo isso.

Houve uma conversão forçada da presidente eleita?
Não posso julgar a pessoa. Não sei dizer. Trato bem, mas sem elogios.
(…)
Como o sr. avalia a situação do mundo hoje?
O mundo é feito de homens e os homens são limitados. Eles assumem posições que nunca levam à concórdia. Tem muita coisa difícil ainda. A China, por exemplo. Ainda é um regime marxista.
(…)
E quanto ao posicionamento do papa Bento XVI?
Ele foi bem. Disse que os bispos tinham razão em ensinar a verdade. Acho também. Não havia motivo de causar espécie.

O sr. está completando 90 anos de vida e 67 de sacerdócio. O que foi mais importante para o sr. nesse período?
É difícil distinguir umas coisas de outras. Mas eu acho que foi a fidelidade e a dedicação total à Igreja. Eu acho que esse foi o ponto que marcou. Acho que sou uma pessoa muito normal. Não sou excepcional.
(…)
O sr. considera ter sido patrulhado pela esquerda no Brasil?
A esquerda não me tolerava. Para eles, eu era conservador, golpista.

Dos momentos mais importantes da história recente do País, o que mais marcou o sr.?
Passei por momentos difíceis. Nos anos 70, um argentino veio pedir abrigo. Rezei para decidir o que fazer. Como cidadão, não podia abrigá-lo, já que ele fugiu de outro país. Mas, como pastor, tinha a obrigação. Foram milhares (de refugiados acolhidos). Uns 5 mil. Isso gerou animosidades, mas é motivo de satisfação na minha vida pastoral. Aqui

Por Reinaldo Azevedo