Pastor da família diz que candidato é “amigo das igrejas evangélicas”
Jair Bolsonaro e esposa na igreja. (Foto: Reprodução / Youtube)
O deputado federal e candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) participou do culto neste domingo (19) na Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro. No final da reunião, o pastor Josué Valandro Jr. chamou o político para receber uma oração.
O líder da igreja relatou que participou, com vários outros pastores influentes do Brasil, de uma espécie de sabatina dos candidatos em Belo Horizonte, na semana passada. Segundo ele, foram convidados também Geraldo Alckmin e Marina Silva. Bolsanaro foi o que recebeu mais apoio.
Deixando claro que não se tratava de campanha, nem de voto de cabresto, Valandro explicou que a família frequenta a igreja e a esposa do político, Michele “é ativa e dedicada” na congregação.
“Deputado, eu não sei qual é a vontade de Deus para sua vida, mas uma coisa eu queria te falar […] Nós louvamos a Deus pela sua coragem, não preciso concordar com tudo que o Bolsonaro diz para orar pela sua vida”, declarou o pastor diante dos presentes.
O vídeo com o momento de oração está circulando nas redes sociais e ficou entre os 10 mais assistidos do Youtube nesta segunda-feira (20).
Ao chamar os demais pastores para a oração, Valandro destacou: “nós precisamos [na presidência] de alguém justo e correto”. Bolsonaro ajoelhou, ao lado da esposa, enquanto o pastor da igreja clamou pela vida do candidato e de sua família.
“Ele tem orado e pedido sabedoria a Deus. Ele respeita a Igreja e respeita as crianças, ele não é favorável à morte de inocentes… Este homem tem valores cristãos, é amigo das igrejas evangélicas e da ética. Que em outubro tenhamos uma resposta do céu”, asseverou, intercedendo para que a nação brasileira seja unida “em direção à fé”.
Recebendo cerca de 30 segundos para se manifestar, Bolsonaro chorou e disse que “de tanto ver coisas erradas, decidi concorrer”. Falando sobre seus adversários, destacou: “sei o que eles têm, mas eu tenho o que eles não têm… Temos que valorizar a família, devemos varrer o comunismo do Brasil”. Sob aplausos, encerrou dizendo que “O Estado pode ser laico, mas eu sou cristão”.
Cerca de 30 líderes de diferentes denominações religiosas foram convocados na manhã desta quarta-feira (15), no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), para debater quanto à proibição de propaganda eleitoral – seja de forma verbal ou impressa – nos templos religiosos.
O desrespeito a essa regra da legislação pode resultar em aplicação de multa à entidade e até na cassação de registro do candidato.
A recomendação destacada na reunião do órgão, reforçou que “a liberdade de manifestar a religião ou convicção, tanto em local público como em privado, não pode ser invocada como escudo para a prática de atos vedados pela legislação” que a propaganda “realizada por entidade religiosa, ainda que de modo velado, pode caracterizar abuso de poder econômico”.
O presidente do TRE-PE, Luiz Carlos Figueiredo, alertou que o encontro foi essencial para alcançar grande parte dos eleitores.
“Sem o apoio dessas igrejas nós não conseguiremos levar essa mensagem a população inteira, nós não queremos mentir nas eleições queremos que os candidatos mais votados sejam os vencedores”, afirmou.
“O eleitor e fiel de qualquer igreja, precisa distinguir esses papéis. Você como eleitor a vontade é a sua, você deve ouvir sim aquelas pessoas que são seus líderes religiosos, mas essa convicção é só sua, dentro da igreja não é o lugar adequado para esse debate”, pontuou.
Representando o Conselho dos Pastores de Pernambuco (CONPEPE), o pastor Leonardo Gomes afirmou que é possível não haver propaganda eleitoral nos templos.
“A igreja é um ambiente para que a gente possa conscientizar as pessoas com relação a religião, para levar as pessoas a Deus e não fazer política dentro da empresa, o eleitor tem que ter seu ideal, seu candidato e não ser induzido pela máquina religiosa a levar um candidato a ser eleito”, explicou.
Acentuando ainda mais o tema, o assessor da corregedoria do TRE-PE, Orson Lemos, lembrou que o fato das doações eleitorais por pessoa jurídica a partidos políticos e candidatos terem sido vedadas “reforça a proibição de as entidades religiosas contribuírem financeiramente para a divulgação direta ou indireta das campanhas” e que “levar à cassação do registro ou do diploma dos candidatos eleitos”.
“A partir do momento que o líder religioso pede voto, ele está fazendo uma propaganda irregular. Quando ele estiver lá, é só chegar, filmar tudo e encaminhar para o TSE e o processo estará aberto”, esclareceu Orson.
No evento, foi apresentado aos líderes presentes que, de acordo com a Lei das Eleições (9.504/1997), é vedada a veiculação de propaganda nos bens de uso comum, aqueles aos quais a população em geral tem acesso e dentre esses estão as igrejas e os templos.
O prazo para partidos e coligações apresentarem os pedidos de registro das candidaturas terminou nesta quarta-feira (15).
Além do trabalho para evitar a propaganda política em locais públicos, o TRE-PE também montou uma força-tarefa de combate às fake news. A parceria é feita com as polícias Militar e Federal e com o Ministério público para receber denúncias sobre a propagação de informações falsas sobre campanhas e candidatos.
“Esse é o nosso grande calo dessas eleições não se trata apenas de notícia falsa, e sim de notícia fraudulenta que é o uso deliberado da intenção de distorcer a verdade”, lamentou o presidente do TRE. “É preciso que as pessoas não saiam propagando ou replicando notícias sem antes checar e confirmar aquela informação. Portanto, confiem mais na imprensa verdadeira e divulgue a aquilo que tenha certeza, que é verdade”, continuou.
Para identificar uma notícia falsa, Orson Lemos explicou as características mais frequentes. “Se a notícia, qualquer que seja a informação, esteja com letras garrafais, não fale qual a sua origem e não apresente a fonte da informação, desconfie. E antes de enviar, é necessário que você entre numa rede social confiável e confirmar a informação”.
Ações contra bispos
Das duas ações impetradas pelo Ministério Público Eleitoral envolvendo religião e votos, a primeira, do final de julho, pede que o Judiciário aplique multa de R$ 25 mil ao deputado estadual Osséssio Silva (PRB), a William Brígido (PRB) e a Sérgio Corrêa.
Os três são bispos da Igreja Universal do Reino de Deus e, segundo o processo, devem ser condenados por propaganda eleitoral antecipada.
A propaganda teria sido feita, conforme vídeo anexado ao processo, durante culto religioso realizado em junho deste ano. Osséssio e William são candidatos a deputados federal e estadual, respectivamente, enquanto o bispo Sérgio indicava no culto que os dois eram pré-candidatos.
A segunda ação, ainda no início deste mês, também pede que se aplique multa ao radialista André Carvalho (PPS). Pré-candidato a deputado federal, ele é acusado de divulgar o seu nome e imagem em 20 outdoors e 30 outbus, orçados em R$ 45 mil, propagar a campanha em evento religioso e nas redes sociais. O valor da multa não foi especificado pelo Ministério Público Eleitoral.
Programa de governo também defende adoção de crianças por casais homoafetivos
Marina Silva fala em convenção da Rede. (Foto: AFP)
Candidata à Presidência pela Rede, Marina Silva, esteve nesta terça-feira (14), em Belo Horizonte, em um debate com pastores de igrejas evangélicas de todo o país. O encontro ocorreu a portas fechadas, mas teve repercussão na imprensa.
Entre as propostas de Marina, que terá apenas oito segundos na TV estão a realização de plebiscitos para legalização do aborto e das drogas no país. Ela já havia falado sobre isso em suas outras campanhas.
Conforme era esperado, a legalização do aborto, foi o tema mais polêmico no debate com os líderes evangélicos. “Defendi o que defendo desde 2010, de que existem formas reconhecidas na lei brasileira, mas se for ampliar, que se faça um plebiscito. Sobre as drogas, tenho posição de conhecimento público, que se faça um ascultamento da sociedade, como ocorre na maioria dos países do mundo”, reforçou.
Ex-ministra do Meio Ambiente no primeiro governo Lula e senadora do Acre pelo PT, ela tenta se apresentar como alguém que não faz parte do ‘sistema político’ atual.
Apesar de ser missionária da Assembleia de Deus, historicamente Marisa sempre tentou se afastar do “rótulo” de candidata evangélica e não defende abertamente as pautas conservadoras. Ainda assim, no programa do pastor Caio Fabio, ela declarou: “Só posso agradecer e pedir a Deus que não sejam envergonhados por minha causa aqueles que confiam em Deus””.
Programa “inclusivo” de governo
O programa de governo da Rede prevê que “o direito ao casamento homoafetivo” deve ser protegido por lei. Isso consta das diretrizes programáticas protocoladas pela Rede no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que foram divulgadas pela Folha de São Paulo.
“O Conselho Nacional de Justiça regulamentou a celebração de casamento civil de pessoas do mesmo sexo, através da Resolução 175/13. Acataremos a demanda de que os direitos decorrentes dessa decisão sejam protegidos por lei”, diz o texto.
Marina defende ainda adoção de crianças por casais homoafetivos. “Em casos de adoção, defendemos que seja oferecido tratamento igual aos casais adotantes, com todas as exigências e cuidados iguais para ambas as modalidades de união, homo ou heteroafetiva, atendendo à prioridade de garantir o melhor interesse da criança”, declara o documento da Rede. Com informações de O Globo e Folha de São Paulo