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‘Dor’ e ‘vergonha’, diz papa Francisco sobre abusos sexuais da Igreja no Chile

Pontífice se reúne com a presidente chilena; missa em Santiago deve receber 500 mil fiéis.

O Papa Francisco disse nesta terça-feira (16), durante seu primeiro compromisso oficial na visita ao Chile, que é “justo pedir perdão” e que sente “dor e vergonha” diante do “dano irreparável” causado às crianças vítimas de abusos sexuais.

Na sede do Executivo, a Casa de la Moneda, onde se reunuiu com a presidente do país, Michelle Bachelet, o pontífice pediu que se escutem os desempregados, os povos originais, os imigrantes, os jovens, os idosos e as crianças. E então afirmou: “E aqui não posso deixar de manifestar a dor e a vergonha que sinto diante do dano irreparável causado às crianças por parte dos ministros da Igreja”.

As palavras do Papa foram recebidas com aplauso pelas cerca de 700 pessoas reunidas no pátio do palácio.

“Quero me unir a meus irmãos no episcopado, já que é justo pedir perdão e apoiar com todas as forças as vítimas, ao mesmo tempo em que temos que nos empenhar para que não volte a se repetir”, disse, sem citar a palavra “abuso”.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, recebe o Papa Francisco no Palácio Presidencial em Santiago no dia 16 de janeiro de 2018  (Foto: Martin Bernetti / Afp)A presidente do Chile, Michelle Bachelet, recebe o Papa Francisco no Palácio Presidencial em Santiago no dia 16 de janeiro de 2018  (Foto: Martin Bernetti / Afp)

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, recebe o Papa Francisco no Palácio Presidencial em Santiago no dia 16 de janeiro de 2018 (Foto: Martin Bernetti / Afp)

Durante a permanência de três dias do Papa no Chile (de 15 a 18 de janeiro), estão previstos encontros com autoridades, comunidades indígenas, religiosos e pessoas pobres, nas cidades de Santiago, Temuco (600 km ao sul de Santiago) e Iquique (1.800 km ao norte), onde vai celebrar missas.

Depois do Chile, o Papa seguirá para o Peru, onde passará pela capital Lima e por Puerto Maldonado e Trujillo.

Autoridades do governo chileno estimam que 500 mil pessoas devem comparecer a uma missa marcada para esta terça-feira em Santiago.

 Pedofilia

A ONG americana Bishop Accountability – que desde 2003 se dedica a publicar os arquivos de absuadores dentro da Igleja católica – difundiu na semana passada uma lista de religiosos que abusaram de menores no Chile

Segundo o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, a viagem ao Chile “não será simples”. O Papa Francisco deve enfrentar protestos contra pedofilia na Igreja, já que a nomeação do chileno Juan Barros, acusado de acobertar abusos sexuais de um sacerdote, como bispo de Osorno (sul do Chile), provocou reação contrária.

Na segunda-feira (15), ativistas de vários países lançaram em Santiago uma organização global contra o abuso sexual infantil na Igreja e exigiram que o Papa Francisco mude “perdões” por “ações” para enfrentar a pedofilia.

Esta é a sexta viagem do Papa à América Latina, depois do Brasil (2013), Equador, Bolívia e Paraguai (2015), Cuba (2015), México (2016) e Colômbia (2017). Com informações do G1

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Papa compara José, Maria e Jesus com muçulmanos em homilia de Natal

Francisco falou sobre dividir Jerusalém com os palestinos

Papa compara José, Maria e Jesus com muçulmanos

Seguindo a tradição, o Papa Francisco fez dois discursos públicos em celebração ao Natal. O primeiro, na noite do dia 24, foi durante a chamada “missa do Galo”.

Nela, chama a atenção a comparação da família de Jesus com a situação dos migrantes muçulmanos que invadiram a Europa nos últimos anos. O pontífice lembrou a situação deles com a seguinte comparação: “Nos passos de José e Maria, vemos hoje as pegadas de famílias inteiras que são obrigadas a partir, milhões de pessoas que não escolhem partir, mas são obrigadas a separar-se dos seus entes queridos, são expulsas da sua terra”.

Disse ainda, lembrando o anúncio dos anjos aos pastores sobre a chegada do Messias, “Eis a alegria que somos convidados a partilhar, celebrar e anunciar nesta noite. A alegria com que Deus, na sua infinita misericórdia, nos abraçou a nós, pagãos, pecadores e estrangeiros, e nos impele a fazer o mesmo”.

 Na manhã desta segunda-feira (25), Francisco fez, na varanda central da Basílica de São Pedro, a homilia do “Urbi et Orbi” [Cidade e Mundo], onde deixou seus votos natalícios à cidade de Roma e ao mundo.

Novamente, colocou a questão dos migrantes no centro, colocando Jesus no lugar de todas as crianças que sofrem nos conflitos do Oriente Médio. Ele também defendeu a divisão de Israel com a Autoridade Palestina, na “solução dos dois Estados”, o que sabidamente significa entregar a porção Oriental de Jerusalém – e o monte do Templo – ao controle dos líderes islâmicos.

 “Vemos Jesus nas crianças do Oriente Médio, que continuam a sofrer pelo agravamento das tensões entre israelenses e palestinos. Neste dia de festa, imploramos do Senhor a paz para Jerusalém e para toda a Terra Santa; rezamos para que prevaleça, entre as partes, a vontade de retomar o diálogo e se possa finalmente chegar a uma solução negociada que permita a coexistência pacífica de dois Estados dentro de fronteiras mutuamente concordadas e internacionalmente reconhecidas”, lembrou.

Em seguida disse: “Vemos Jesus no rosto das crianças sírias, ainda feridas pela guerra que ensanguentou o país nestes anos. Possa a Síria amada encontrar, finalmente, o respeito pela dignidade de todos, através dum esforço concorde por reconstruir o tecido social, independentemente da pertença étnica e religiosa. Vemos Jesus nas crianças do Iraque, ainda contuso e dividido pelas hostilidades que o afetaram nos últimos quinze anos, e nas crianças do Iêmen, onde perdura um conflito em grande parte esquecido, mas com profundas implicações humanitárias sobre a população que padece a fome e a propagação de doenças. Vemos Jesus nas crianças da África, sobretudo nas que sofrem no Sudão do Sul, na Somália, no Burundi, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana e na Nigéria […] Revejo Jesus nas crianças que encontrei durante a minha última viagem ao Myanmar e ao Bangladesh, e espero que a Comunidade Internacional não cesse de trabalhar para que seja adequadamente tutelada a dignidade das minorias presentes na região.”.

Embora as falas remetam a uma situação lamentável e o papa tenha defendido valores bíblicos como a misericórdia e o amor ao próximo (independentemente de sua religião), a comparação da família de Jesus com os migrantes islâmicos parece fora de lugar por vários motivos. O principal é que o motivador da crise de refugiado na maioria dos casos citados por ele são os extremistas islâmicos. Contudo, ele evitou olhar para a raiz do problema.

Na maioria dos países citados por ele, as guerras e crises humanitárias tem motivação religiosa. Mesmo assim, ele nada falou sobre a perseguição dos cristãos, perseguidos e dizimados em números recorde nos últimos anos, sobretudo no Oriente Médio. Bergoglio jamais se posicionou com veemência contra o genocídio de cristãos naquela região, nem apontou para centenas de ataques a igrejas e símbolos cristãos nos diferentes focos e luta pela jihad islâmica.

 Embora pudesse ser esperado que ele fosse defender a tradição judaico-cristã, que é constantemente atacada no mundo em nome do politicamente correto, o pontífice faz o contrário e aproxima José, Maria e Jesus da cultura islâmica, ignorando que eles hoje em dia seriam perseguidos e mortos por serem judeus.

No ano passado, em entrevista à revista La Croix  ele fez outra declaração do gênero: “É verdade que a ideia de conquista é inerente à alma do Islã, no entanto, também é possível interpretar o objetivo no Evangelho de Mateus, onde Jesus envia seus discípulos à todas as nações, em termos da mesma ideia de conquista.”

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Papa se encontra com pastores e líderes no Vaticano

Objetivo seria juntar forças para combater perseguição religiosa


         Papa se encontra com pastores e líderes no Vaticano

O papa Francisco teve um encontro na semana passada com líderes da Aliança Evangélica Mundial (AEM) que estiveram no Vaticano para discutir ações conjuntas, especialmente em questões de perseguição religiosa.

O pontífice disse que gostaria de uma “cooperação mais próxima” com a AEM, uma rede de igrejas evangélicas de 129 nações, que representa mais de 600 milhões de fiéis no mundo todo.

O bispo Efraim Tendero, secretário-geral da AEM, liderou a delegação na audiência com o Pontifício Conselho para Promoção da Unidade dos Cristãos. Ele afirmou: “Queremos ver este mundo como um lugar onde a paz, a justiça e a retidão reinem, onde todos têm um padrão de vida decente e onde Jesus Cristo é reconhecido como o Senhor de todos”.
 A Rádio Vaticano lembra que a AEM e o Pontifício Conselho já possuem uma relação próxima há sete anos, que resultou em um documento chamado “Escritura e Tradição”. Reconhecendo que as diferenças teológicas permaneçam, para Efraim é “cada vez mais importante procurar uma agenda comum ao invés de focar no que nos difere e nos separa”.

Revelou ainda que católicos e evangélicos trabalham juntos para lidar com várias questões como tráfico humano, combate à mudança climática global, combate à corrupção, promoção da paz e ajuda após desastres naturais.

 O pastor Thomas K. Johnson, embaixador da Liberdade Religiosa da AEM no Vaticano, explicou que existe uma necessidade urgente de unirem forças para combater a crescente perseguição aos cristãos em todo o mundo. Apontou que o problema não ocorre apenas em uma parte do mundo e que os últimos três anos podem ter sido os piores da história, quando se pensa em liberdade religiosa.

Johnson destacou que mesmo havendo problemas de “discriminação” entre evangélicos e católicos em alguns países, os evangélicos sempre se sentiram muito bem-vindos no Vaticano. Ele reforça a mensagem de que “os cristãos de todas as variedades precisam se proteger mutuamente em público”.

Francisco sempre deixou claro que busca uma união entre todos os ramos do cristianismo. Em diferentes ocasiões lembrou que o ideal cristão seria a união de todos.

“Eu sinto vontade de dizer algo que pode parecer controverso, ou talvez até herético”, afirmou em uma homilia. Referindo-se ao diabo, assegurou: “Mas há alguém que sabe que, apesar das nossas diferenças, somos um. É ele quem nos está perseguindo. É ele quem está perseguindo os cristãos hoje, e nos está unindo com o sangue do martírio”. Com informações do Gospel Prime e Christian Post