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Itália investiga Banco do Vaticano por lavagem de dinheiro

 

Justiça do país suspeita que entidade administre importantes somas de dinheiro de procedência obscura

AFP – 21/09/2010 – 10:17

ROMA – O presidente do Instituto vaticano para as Obras Religiosas (IOR), Ettore Gotti Tedeschi, está sendo investigado por suposta lavagem de dinheiro ilícito pela justiça italiana, que ordenou a apreensão de 23 milhões de euros (30 milhões de dólares), indicou nesta terça-feira (21) a imprensa italiana.

Agentes da polícia tributária determinaram o sequestro preventivo dessa quantia depositada numa conta do banco Credito Artigiano Spa, a pedido do tribunal de Roma que investiga a omissão, por parte do chamado banco do Vaticano, das normas contra a lavagem de dinheiro.

A justiça italiana suspeita que o Banco do Vaticano administre através de contas anônimas, identificadas apenas com a sigla IOR, importantes somas de dinheiro de procedência obscura.

Indagado, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, não quis comentar a notícia.

A investigação judicial contra um banco do Vaticano, que se beneficia da extraterritorialidade já que se encontra na Cidade do Vaticano, pôde ser aberta com base em nomas adotadas em 2007 que obrigam os bancos a fornecer a identidade dos autores e a natureza da transação.

O IOR não é acusado diretamente de lavagem e sim de ter omitido os dados requeridos.

O chamado banco do Vaticano, que administra as contas de várias ordens religiosas, assim como de associações católicas, é uma instituição da Igreja Católica que não é regida pelas normas financeiras vigentes na Itália.

O Instituto esteve envolvido num escândalo político-financeiro nos anos 1980, pela falência, em 1982, do Banco Ambrosiano (do qual o Vaticano era um acionista importante) pelo peso de uma dívida de 3,5 bilhões de dólares e um buraco fiscal de 1,4 bilhão de dólares.

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Vaticano prevê excomunhão para punir ordenação de mulheres

 

Mulher é ordenada bispa da Igreja Anglicana na Austrália (Getty Images, 22 de maio de 2008)

Igreja Anglicana está entre as que aceita mulheres no clero

O Vaticano publicou nesta quinta-feira novas normas que estabelecem que a tentativa de ordenação de mulheres como sacerdotes da Igreja é um delito grave e que pode ser punido com a excomunhão dos envolvidos.

As regras fazem parte da primeira modificação em nove anos da legislação canônica relacionada aos delitos “cometidos contra a moral ou na celebração dos sacramentos”, feita após uma revisão do papa Bento 16.

Entre outras modificações, o texto também estabelece novas regras para lidar com maior rapidez com acusações de abusos sexuais contra menores cometidos por sacerdotes, após denúncias em diversos países terem causado uma crise em setores da Igreja.

CliqueLeia também na BBC Brasil: Vaticano anuncia regras para acelerar punição de abuso de menores

No documento – que foi enviado aos bispos do mundo inteiro -, o Vaticano afirma que a tentativa de “ordenação sagrada” de uma mulher é algo grave e que, caso isto aconteça, tanto a mulher como o sacerdote que participa da cerimônia de ordenação serão punidos.

Como o Vaticano não aceita a ordenação de mulheres, o resultado desta ordenação também não será reconhecido.

“Qualquer um que tente conferir a ordenação sagrada a uma mulher, assim como a mulher que tentar receber a ordenação sagrada, incorre na (possibilidade de) excomunhão”, diz o documento.

Pressão

De acordo com o correspondente da BBC em Roma David Willey, a classificação da ordenação de mulheres como crime grave é algo novo entre as regras da Santa Sé.

Willey disse que as autoridades da Igreja, no entanto, deixaram claro que o fato de as regras aparecerem no mesmo documento que condena atos de pedofilia praticados por sacerdotes não quer dizer que o Vaticano esteja equiparando estes crimes.

A intenção do papa ao estabelecer as regras seria a de dissuadir pequenos grupos de católicas em diversos países que têm pressionado o Vaticano pelo direito de serem ordenadas.

De acordo com a tradição da Igreja Católica, Jesus teria escolhido apenas homens como seus apóstolos, o que impediria a ordenação de mulheres.

Outras denominações cristãs, como a Igreja Anglicana, aceitam a entrada de mulheres no clero.

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    Papa Bento XVI chama cristãos e muçulmanos para discutir em Chipre

    DIÁLOGO

     

         O papa Bento XVI fez, este sábado, em Nicósia, um chamado ao diálogo entre as religiões cristã e muçulmana no segundo dia de sua visita a Chipre, ilha do Mediterrâneo dividida há 36 anos entre comunidades ortodoxas ao sul e muçulmanas ao norte.
         Enquanto escândalos de pedofilia envolvendo o clero abalam a Igreja Católica e revelações de abusos cometidos por clérigos contra menores se multiplicam no mundo, o Papa também destacou a necessidade de que haja "sacerdotes bons e santos".
         "A Igreja adquiriu uma consciência renovada da necessidade de sacerdotes bons, santos e bem formados", disse Bento XVI ao se reunir com a pequena comunidade católica da ilha em uma escola maronita da capital cipriota.
         Em 27 de maio, Bento XVI já tinha condenado estes casos de pedofilia, estimando que são "motivo de escândalo" que devem levar a "aprender de novo a penitência" e "aprender por uma parte o perdão e por outra, a necessidade de Justiça".
         Mas na ilha, dividida desde 1974 entre comunidades turco-cipriota ao norte e greco-cipriota ao sul, o Papa também insistiu na importância do diálogo entre as religiões, estimando que "ainda resta muito a fazer no mundo".
         "Só com um trabalho paciente é possível construir a confiança mútua, é possível superar o peso da história passada e as diferenças políticas e culturais entre os povos podem se tornar razão para trabalhar em uma compreensão mais profunda", disse o Sumo Pontífice, durante encontro na escola Santo Maron de Anthupolis, bairro de Nicósia.
         "Animo-os a favorecer a criação de tal confiança mútua entre cristãos e não-cristãos, como base para fundar uma paz duradoura", acrescentou.
         Duas mil pessoas, sobretudo cipriotas de confissão maronita, estavam reunidas no pátio do colégio.
         A visita do Papa provocou críticas por parte de alguns responsáveis da comunidade ortodoxa, que pediram o boicote das cerimônias oficiais. Foram chamados à ordem pelo líder da Igreja Ortodoxa cipriota, arcebispo Chrysostomos II.
         Na sexta-feira, no avião que o levou ao Chipre, Bento XVI já havia afirmando que "é preciso ser capaz de dialogar com nossos irmãos muçulmanos e prosseguir este diálogo para uma coexistência ainda mais frutífera".
         O Papa chamou os católicos ao diálogo ecumênico, destacando que "a busca de uma unidade maior na caridade com os outros cristãos" é uma "parte essencial" da missão de sua Igreja.
         Na tarde deste sábado, Bento XVI reuniu-se brevemente, em Nicósia, com o xeque muçulmano turco-cipriota Nazim Haqani, apesar de o encontro não estar previsto no programa de sua visita ao Chipre, afirmou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
         O líder espiritual sufita de 88 anos, originário de Larnaca (sul) e residente na República Turca do Norte do Chipre (só reconhecida por Ancara), esperou sentado em uma cadeira pelo Papa quando ele se dirigia à igreja franciscana de Santa Cruz, na zona de separação entre as duas comunidades cipriotas, grega e turca, para celebrar a missa.
         O Sumo Pontífice deteve a procissão para saudá-lo.
         "Desculpe-me, mas sou velho", disse o religioso. "Eu também sou velho", respondeu o Papa. O xeque Nazim disse que tinha ouvido falar da visita do Papa e que queria falar com ele, como havia feito antes com João Paulo II por ocasião de uma cerimônia interreligiosa, informou o padre Lombardi à imprensa.
         O xeque ofereceu ao Papa um bastão com palavras de paz gravadas em árabe e um rosário muçulmano, pedindo-lhe um abraço, que recebeu.
         Durante a missa para sacerdotes e religiosos, Bento XVI pediu aos sacerdotes que servem no Oriente Médio, "ali onde os cristãos são uma minoria" e "sofrem dificuldades por causa das tensões étnicas e religiosas" que não cedam à "tentação" de partir.
         "Uma paróquia que permanece firme é um sinal extraordinário de esperança para todos aqueles que vivem na região", acrescentou.
         O Sumo Pontífice foi convidado à ilha pelo presidente Demetris Christofias e pelo arcebispo, Chrysostomos II, que o recebeu no arcebispado no meio do dia.
         O objetivo oficial da viagem é a entrega, no domingo, por Bento XVI ao Conselho Pré-sinodal do documento de trabalho para o sínodo sobre o Oriente Médio, previsto para outubro no Vaticano.
         Segundo o Papa, este sínodo "refletirá sobre o papel vital dos cristãos nesta região (…) e contribuirá para promover uma cooperação maior entre os cristãos da região.

    Fonte: AFP