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Não é tanto o que tu deixaste, mas o que te espera!

“Apagaram teu nome de seus templos. Escrevê-lo-ei na História”.

Às vezes nos dá um certo sentimento nostálgico, não é, como se nossa mente divagasse e nos remontasse a épocas nas quis quiséssemos retornar para acertarmos algo, resolvermos assuntos mal resolvidos, repararmos um erro, completarmos uma tarefa inacabada. Pensando nisto, lembro um pouco da história de Moisés. Como é rica, bela e inspiradora sua história, cujas nuances principais tentarei resumir em breves palavras.

Moisés tinha laços no Egito, onde crescera, se instruíra, e para onde voltara, quarenta anos após o exílio a que se submetera após ter assassinado um egípcio que maltratava um dos seus compatriotas hebreus, nesta época escravos dos egípcios. Ao retornar, a mando de Deus, vira novamente o Nilo, as estátuas colossais dos faraós, as pirâmides, a esfinge, e deve ter revisto algumas pessoas que conhecera há tempos. Havia muito o que dizer, o que lembrar, do que chorar, mas, acima de tudo, havia uma obra a se fazer, cuja urgência era presente no dia-a-dia de Moisés.

Ao sair com o seu povo, que era escravo, ele sabia que aquela empreitada o tiraria do Egito definitivamente. Moisés deve ter contemplado o Mar Vermelho se fechando, envolvendo as bigas furiosas de Faraó e, simbolicamente, encerrando-lhe para sempre o caminho para o Egito. Moisés teria seu nome banido dos templos, palácios e até da história egípcia. Laços quebrados que jamais seriam refeitos. Tudo isso pode ter passado por sua mente, no exato momento em que as águas do mar afogavam os ruidosos guerreiros egípcios e cobriam as pegadas dos hebreus fugitivos.

Moisés, se chorou, enxugou as lágrimas, apoiou-se em seu cajado de pastor de ovelhas, olhou para o povo, pensou na Terra Prometida, sobre a qual ouvira a partir das histórias deixadas pelos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, ancestrais de seu povo, que gemia escravo já há quatrocentos anos no Egito. E, talvez, algo como uma voz suave, divina e paternal deve ter lhe confortado, dizendo mais ou menos o seguinte: “Adiante, meu filho! Não é tanto o que tu deixaste, mas o que te espera. Apagaram teu nome de seus templos. Escrevê-lo-ei na História“.

Bacharel em Teologia e Filosofia. Pós-graduado em Gestão EaD e Teologia Bíblica. Mestre e Doutorando em Filosofia pela UFPE. Doutor em Teologia pela FATEFAMA. Diretor-presidente do IALTH -Instituto Aliança de Linguística, Teologia e Humanidades. Pastor da IEVCA – Igreja Evangélica Aliança. Casado com Patrícia, com quem tem uma filha, Daniela.
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Igreja Católica está preocupada com avanço evangélico na Amazônia

Pesquisa do Datafolha mostra que há mais evangélicos que católicos no Norte do Brasil

Assembleia de Deus no Norte. (Foto: Arquivo Pessoal / Folha de SP)

Em junho deste ano o Vaticano já demonstrava interesse em aumentar a presença da Igreja Católica na região Amazônica.

O documento emitido naquela época falava sobre a possibilidade de ordenar pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade.

Para isso, a Santa Sé estaria disposta a ordenar homens casados como sacerdotes, algo que não é permitido aos padres.

O interesse do Sínodo da Amazônia, que começou dia 6 e durará até o dia 27 de outubro, é discutir como oferecer aos povos distantes da Amazônia o acesso à eucaristia, como explicou o Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima.

Uma pesquisa recente do Datafolha mostra que a região Norte do Brasil tem mais evangélicos que católicos. São 46% de evangélicos e 45% de católicos. A média de todo o país é de 51% da população se assumindo como católica e 32% como evangélica.

Ao longo de todo o encontro episcopal, serão discutidos assuntos de como a Igreja Católica pode se adaptar à realidade amazônica e também serão tratados assuntos comuns aos nove países que formam a região, tanto em questão pastoral, quanto ambiental.

Enquanto as igrejas evangélicas se expandiram na região, a Igreja Católica não conseguiu avançar. Com 27,3 mil padres no país, há poucos que atuam na região Amazônica e vem daí o desejo de usar lideranças locais para atrair a confiança das comunidades.

A antropóloga francesa Véronique Boyer, autora do livro “Expansão Evangélica e Migrações na Amazônia Brasileira”, analisou a situação e entendeu que esse cenário foi traçado pelos pequenos missionários que resolveram atuar na Amazônia.

“Se deve mais à ação de pequenos missionários autoproclamados —que, inicialmente, têm por objetivo fundar a sua igreja— do que a uma ação planejada de igrejas mandando missionários”, declarou ela à Folha de São Paulo.

A antropóloga lembra que os primeiros missionários estrangeiros já atuavam onde padres não iam.

“Não sei se a gente pode falar em uma certa arrogância da igreja, mas se parece um pouco com isto. É claro que padres e bispos estão agora muito preocupados”, declara a pesquisadora.

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Cardeal critica Sínodo da Amazônia: “Justificados pela fé, não pelo ativismo ambiental”

Gerhard Müller criticou vários pontos do documento, entre eles o termo “Mãe Terra”.

Neste domingo (6) uma entrevista do cardeal Gerhard Müller ao jornal Il Foglio trouxe uma série de críticas ao Sínodo da Amazônia, evento que reúne líderes católicos para discutir diversos assuntos sobre a região amazônica.

O religioso declarou que, pelos protagonistas da assembleia, “se compreende facilmente que a agenda é totalmente europeia”, sobretudo a agenda alemã para permitir que leigos tenham direito a votos.

Entre os temas a serem debatidos até o dia 27 deste mês estão o fim do celibato sacerdotal, à ordenação das mulheres, a reforma da moral sexual e a democratização dos poderes na Igreja.

Esses assuntos foram criticados pelo religioso durante a entrevista, pois ele entende que a crise da fé não “se trata de recrutar mais pessoas para administrar” as igrejas e que é necessária “uma preparação espiritual e teológica”, sendo, por isso contrário ao fim do celibato e a ordenação de mulheres.

O religioso declara que o erro está presente também no Instrumentum laboris, o documento base do Sínodo sobre a Amazônia: “um documento que não fala de Revelação, do Verbo encarnado, da Redenção, da Cruz, da Vida eterna”. Ele também critica que o evento exalta as tradições religiosas dos povos indígenas e suas cosmovisões no lugar da Relevação divina.

Müller critica também o tema ambiental como pauta de um evento religioso. “A Igreja é de Jesus Cristo e deve pregar o Evangelho e dar esperança para a vida eterna. Você não pode se tornar o protagonista de nenhuma ideologia, seja a de ‘gênero’ ou a de neopaganismo ambientalista”, declarou.

O uso do termo “Mãe Terra” dentro do “Instrumentum laboris” do Sínodo na Amazônia também foi alvo de críticas por parte do cardeal. Ele entende que a expressão é pagã, pois “a terra vem de Deus e nossa mãe na fé é a Igreja”.

“Somos justificados pela fé, esperança e amor, não pelo ativismo ambiental. É verdade que o cuidado do criado é importante, afinal vivemos em um jardim querido por Deus. Mas este não é o ponto decisivo. O fato é que, para nós, Deus é a coisa mais importante. Jesus deu sua vida pela salvação dos homens, não do planeta”, disse o religioso.