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Mais de 200 mil muçulmanos oram em Jerusalém, e ataques ferem israelenses

  
Muçulmanos se reúnem para a última grande oração de sexta-feira do Ramadã na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém OrientalMuçulmanos se reúnem para a última grande oração de sexta-feira do Ramadã na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental

Mais de 200 mil fiéis foram ao terceiro lugar santo do Islã para a última grande oração de sexta-feira do Ramadã, em Jerusalém Oriental, sob um forte esquema de segurança de Israel, após um ataque palestino que deixou dois feridos israelenses.

Cerca de 260 mil muçulmanos se posicionaram em fileiras na Esplanada das Mesquitas na Cidade Velha, afirmou Azzam al Yatib, diretor-geral da Waqf, fundação que administra o lugar.

Mais cedo, um ataque com arma branca levou a polícia israelense a fechar provisoriamente alguns acessos à Cidade Velha, fazendo temer um aumento das tensões em torno de onde estão erguidos o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa.

A oração transcorreu sem mais incidentes para além das dezenas de pessoas atendidas nas barracas do Crescente Vermelho por desidratação, ou mal-estar, devido a uma temperatura de mais de 30ºC. Não há lugares para se proteger do forte sol.

O fluxo de fiéis teria sido ainda maior se não fosse o reforço do controle israelense, após o ataque, completou Azzam al Yatib.

Ataques

No incidente registrado mais cedo, um palestino de 19 anos esfaqueou e feriu gravemente dois israelenses perto das duas portas da Cidade Velha – a de Damasco (que leva à zona leste) e a de Jaffa (que leva ao lado judaico). Ele foi morto pela polícia.

“As unidades da polícia que seguiram para o local detectaram o agressor, que estava com uma faca. Os policiais abriram fogo e o mataram”, disse o porta-voz da força de segurança, Micky Rosenfeld.

Uma das vítimas é um jovem de 16 anos, atingido na saída de uma sinagoga, e o outro, um homem de 47 anos. Depois de chegar em estado crítico ao hospital Shaare Tzedek, o quadro deste último foi estabilizado.

Também nesta sexta-feira, um adolescente palestino morreu em uma operação de soldados israelenses nas proximidades de Belém, na Cisjordânia, informou o Ministério palestino da Saúde no território, ocupado pelo Exército israelense.

De acordo com a imprensa palestina, o jovem pretendia atravessar a barreira israelense para viajar a Jerusalém para a oração da última sexta-feira do Ramadã. A polícia israelense se limitou a indicar que abriu fogo contra um palestino que tentava cruzar a barreira.

A polícia também prendeu outro jovem, armado com uma faca, perto do Túmulo dos Patriarcas em Hebron, na Cisjordânia ocupada.

Por pura coincidência, nesta sexta-feira também é celebrada a Laylat Al Qadr, ou Noite do Destino, um dia de muitas festividades para a comunidade muçulmana.

Os festejos acontecem dois dias antes de uma grande manifestação, no domingo, pelo Dia de Jerusalém, que marca para os israelenses a “reunificação” da cidade após a tomada da parte leste durante a guerra dos Seis Dias (1967).

‘Indivisível’

A passeata, que passa pelo bairro muçulmano, provoca grande tensão todos os anos.

A Cidade Velha fica em Jerusalém Oriental, parte palestina da cidade anexada por Israel. Para a ONU, a anexação foi ilegal, e a organização considera Jerusalém Oriental um território ocupado.

Nos últimos anos, foi cenário de vários ataques com arma branca cometidos por palestinos contra israelenses.

Os palestinos reivindicam esta parte da cidade como a capital do Estado a que aspiram. Israel proclama, porém, que toda Jerusalém é sua capital “reunificada” e “indivisível”.

Jerusalém é uma fonte recorrente de tensão no conflito entre israelense e palestinos. O processo diplomático está paralisado há vários anos.

O governo americano de Donald Trump tenta mediar a situação, mas aumentou a ira dos palestinos com uma série de medidas pró-Israel. Entre elas, está o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado hebreu, rompendo décadas de consenso internacional.

Fonte: AFP

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Isolada, Universal busca aproximação com outras igrejas evangélicas

Edir Macedo, líder e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus
Edir Macedo, líder e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus
Anna Virginia Balloussier
Folha de S. Paulo

Das metáforas usadas por pastores para descrever a relação da Igreja Universal do Reino de Deus com outras denominações, há aquela que a compara a uma ilha apartada de um continente evangélico —um segmento que, em 50 anos, avançou 1.400% no Brasil (de 2% para 30% da população).

O bispo Edir Macedo, contudo, está disposto a flexibilizar esse isolacionismo que acompanha a história de sua igreja, segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo.

O principal líder da Universal escolheu um de seus bispos, Eduardo Bravo, para fazer as relações fora da Universal e coordenar a Unigrejas —que, segundo Bravo, já agregou 30 mil pastores.

Esse mesmo projeto promoverá um de seus congressos abertos a responsáveis por outros templos, no próximo dia 8, no Templo de Salomão, em São Paulo, a mais icônica construção da Universal.

Alguns líderes evangélicos ouvidos pela Folha de S. Paulo sobre o tema falaram sobre as impressões acerca de como a Universal era (“se achava melhor do que as outras” e “era como o aluno que sentava sozinho no recreio, mas por escolha própria”, por exemplo) e como avaliam esse movimento de aproximação.

Divididos, exatamente quando se fala da aproximação com outras igrejas, alguns pastores apostam na vocação espiritual da parceria, e há aqueles que dizem que a ficha caiu para a Universal.

Um pastor disse à reportagem que, sozinhos, eles não têm força, atingiram o teto. Precisam de outras igrejas, afirmou um outro pastor, sempre sob anonimato. Eles dizem não querer se indispor com a igreja de Macedo.

Como pano de fundo, haveria ainda o interesse político: angariar apoio para o PRB, costela política da Universal. Isso jamais, diz Bravo à reportagem.

A meta é unir forças para fortalecer um país campeão em “consumo de pornografia, de antidepressivo, em criminalidade e desejos suicidas”.

Uma estratégia detectada pelo professor da USP Ricardo Mariano, especializado na ascensão evangélica no país. O PRB tem ampliado a presença de parlamentares de fora da Universal com visibilidade pública para atrair voto e conferir aparência secular ao partido, mas também de outras igrejas pentecostais, diz.

Caso, por exemplo, do ex-presidente da bancada evangélica João Campos (PRB-GO), pastor da Assembleia de Deus, e do católico Celso Russomanno (PRB-SP).

Como pode isso, se três em cada dez brasileiros se dizem crentes? “A gente observa que as pessoas estão se rotulando evangélicas, mas não queremos um Brasil apenas com quem se diz evangélico.” Daí a ideia de procurar outros pastores, de Silas Malafaia a Robson Rodovalho, e “orar por isso”.

“Temos reuniões ordinárias e estamos nos organizando nos conselhos de pastores”, afirma Rodovalho, bispo da Sara Nossa Terra.

Em entrevista à revista Renovação, Bravo diz que o batalhão de “lavados no sangue de Jesus” tem condições de ampliar e muito os 60 milhões de brasileiros que se declaram evangélicos.

Com selo da Unigrejas, a revista Renovação, recém-lançada publicação, é um bom indicador da disposição interna em estender a mão a outras denominações. A começar pelo editorial, assinado pelo próprio Macedo, que levanta a bandeira branca: “Eu não creio apenas no trabalho da Igreja Universal, mas sim que a missão de todas as igrejas evangélicas é em favor do Reino de Deus”.

Como a Folha Universal, jornal da casa, a revista também enaltece temas internos, como o anúncio da estreia, em agosto, da segunda parte da cinebiografia de Macedo, “Nada a Perder”.

As páginas também destacam uma “Santa Ceia da Unidade”, que aconteceu em abril no Templo de Salomão, e trazem o perfil de dois líderes “concorrentes”, Estevam Hernandes (Renascer em Cristo) e José Wellington Bezerra da Costa (Assembleia de Deus Belém).

Há ainda o depoimento de vários outros, vindos da Bola de Neve à Fonte da Vida. Lamartine Posella (Batista Palavra Viva) elogia as novelas bíblicas da emissora do bispo Macedo, a Record: “Um serviço memorável ao Reino de Deus”. Ele e a esposa amam “Jezebel”.

A Universal tem fama de antissocial no segmento. Nunca está, por exemplo, na Marcha para Jesus, maior evento evangélico do Brasil, cria da Renascer. Quando o bispo Eduardo Bravo começou a aparecer em encontros com pastores, muitos se surpreenderam com sua igreja dando as caras por lá.

A Universal é a mais forte das igrejas neopentecostais brasileiras, seguida por outras como a Mundial do Poder de Deus e Internacional da Graça de Deus, de dois dissidentes: respectivamente Valdemiro Santiago, que já foi bispo da igreja de Macedo, e R.R. Soares, que inclusive chegou a ser o principal pregador dela.

“É verdade que a Universal sempre esteve um pouco longe das demais igrejas”, ele admite. Mas quem assistiu a “Nada a Perder” entendeu muito bem por quê, diz. A produção põe Macedo sob ataque constante de vários lados: da Globo, da Igreja Católica, de outros pastores evangélicos.

“As pessoas não acreditavam nesse chamado de Deus que o bispo tinha. Se o primeiro não crê, o segundo, o terceiro, o quarto… Eu vou sozinho.”

Agora, não. A Universal, segundo Bravo, amadureceu. “Sabemos que todos fazemos parte do corpo de Cristo.”

Fonte: Folha de S. Paulo
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Papa Francisco pede “perdão” a ciganos por discriminações cometidas pela Igreja Católica

Papa Francisco
Papa Francisco

O papa Francisco pediu “perdão” aos ciganos em nome da Igreja pelas “discriminações, segregações, maus-tratos”, durante um encontro neste domingo com representantes desta comunidade na Romênia.

“Peço perdão, em nome da Igreja, ao Senhor e a vocês, pelas vezes em que, no curso da história, nós os discriminamos, maltratamos ou os olhamos mal”, declarou o pontífice em um discurso dirigido à comunidade cigana da cidade de Blaj, na região central da Romênia.

Na última etapa de sua viagem de três dias à Romênia, o papa se reuniu com integrantes da minoria cigana, que tem entre um e dois milhões de pessoas em um país com 20 milhões de habitantes, onde constituem uma comunidade pobre e com frequência marginalizada.

Francisco foi recebido por milhares de pessoas no bairro de Barbu Lautaru, construído ao redor de uma rua estreita, de casas pequenas.

Depois de saudar uma família e receber flores de um menino, o pontífice se dirigiu aos fiéis de uma pequena igreja do bairro e pediu aos ciganos que “assumam seu papel preponderante, sem ter medo de compartilhar e oferecer estas notas particulares”, que são parte de sua identidade, citando seu senso de “família, de solidariedade, de hospitalidade”.

Na Europa, o número de ciganos é calculado em entre 10 e 12 milhões.

Fonte: AFP