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Em palestra, Barroso fala em “pacto para saquear o Brasil”

De acordo com o ministro do STF, acordo firmado entre políticos, empresários e agente públicos é de longa data

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Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, afirma que políticos e empresários firmaram pacto para saquear o Brasil Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF

Nesta segunda-feira (2), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que políticos, empresários e agente públicos firmaram um “pacto oligárquico” para saquear o Brasil. A declaração foi dada durante participação no Fórum Internacional das Nações Unidas sobre a Segurança Humana na América Latina.

Para o ministro, esse acordo já vem funcionando no país há bastante tempo. De acordo com Barroso, no entanto, o momento atual é de combate à corrupção no período que ele considera como um “fenômeno importante na nossa história”.

– Celebrou-se de longa data, e com renovação constante, um pacto oligárquico de saque ao estado brasileiro celebrado entre parte da classe política e parte da classe empresarial e parte da burocracia estatal – apontou.

Ele ainda explicou como a população do país conseguiu perceber que a corrupção no país não era um “produto de falhas individuais”, e sim “endêmica”.

– Era um programa, um modo de conduzir o país com um nível de contágio espantoso que envia empresas públicas e privadas, agentes públicos e privados, membros do executivo da iniciativa privada. Foi espantoso o que realmente aconteceu no Brasil – destacou.

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Líder evangélico convoca dia nacional de jejum e oração pelo fim da corrupção

Convocação é para que todo os cristãos se unam em intercessão dia 4 de abril


Líder evangélico convoca dia de jejum e oração pelo fim da corrupção

Em meio aos muitos protestos políticos marcados por todo o país para o dia 3 de abril, véspera do julgamento do que poderá pôr fim à operação Lava Jato, líderes evangélicos também decidiram se manifestar.

O pastor Roberto Silvado, presidente da Convenção Batista Brasileira, está convocando para um dia de jejum e oração pelo fim da corrupção no país.  Em um vídeo divulgado hoje (2), ele lembra que na quarta-feira, 4 de abril, “os juízes do nosso STF terão uma oportunidade histórica para reafirmar o combate à impunidade em nosso país”.

Ressaltou ainda que existem “sérias consequências da possibilidade do STF mudar novamente seu entendimento não permitindo mais o a prisão após condenação em 2ª instância. Isto permitirá que, de imediato, pedófilos, traficantes, estelionatários, doleiros e corruptos fiquem em liberdade”.

O líder batista acredita que “considerando a polarização social e política existente no país, esta decisão terá o potencial de provocar turbulência entre os cidadãos de nossa nação”.  Por isso, a convocação se estende a todos os cristãos brasileiros.

No texto que acompanha o vídeo que explica a campanha ele pede: “Vamos jejuar e orar na próxima quarta feira pelo futuro da nossa nação e pelos juízes do STF.  Unidos pediremos ao Deus dos céus que conceda sabedoria, entendimento e discernimento a cada um dos juízes ao declarar seu voto”.

O versículo-chave para a convocação é o de 2 Crônicas 7.14: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.”

Silvado é pastor da Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, a qual pertencem o procurador Daltan Dallagnol – que já anunciou sua participação na campanha – e a psicóloga cristã Marisa Lobo, que também sempre esteve engajada na luta contra a corrupção no país.

Raquel Dodge pede ao STF que torne Aécio réu por corrupção

Procuradora-geral da República reafirma denúncia contra tucano por recebimento de propina da JBS e por tentar atrapalhar andamento da Lava Jato; defesa nega
           Revista veja

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reiterou nesta terça-feira, 27, o pedido para que o Supremo Tribunal Federal (STF) receba integralmente a denúncia e torne réu o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O parlamentar foi denunciado por pedir – e receber – 2 milhões de reais de propina ao empresário Joesley Batista, da JBS, e por obstrução de Justiça, ao tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava Jato.

Também são acusados a irmã do parlamentar Andréa Neves da Cunha, o primo dele, Frederico Pacheco de Medeiros, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (MDB-MG). A denúncia pede a condenação de Aécio por corrupção passiva e obstrução de Justiça e dos outros acusados por corrupção passiva. A PGR também quer que o senador e sua irmã paguem 2 milhões de reais à União para reparação de danos materiais, além de 4 milhões de reais por danos morais.

No documento, Dodge destaca que Aécio empregou todos os seus esforços na tentativa de embaraçar as investigações da Lava Lato, atuando para aprovar o projeto de lei de abuso de autoridade (PLS 85/2017) e a anistia para crimes de caixa dois, no âmbito da tramitação das chamadas Dez Medidas contra a Corrupção. Também exerceu, segundo a procuradora-geral da República, pressão sobre membros do governo e da Polícia Federal, com o propósito de escolher delegados para conduzir os inquéritos.

As alegações foram feitas em réplica aos argumentos da defesa do senador. Quanto à alegação apresentada pelo parlamentar, de que os 2 milhões de reais supostamente seriam relativos a um empréstimo lícito solicitado a Joesley para a contratação de serviços advocatícios, Dodge lembra que não existe nos autos nenhuma prova de que tal empréstimo de fato tenha ocorrido. “O caráter de vantagem indevida dos valores solicitados por Aécio Neves e por Andréa Neves a Joesley Batista fica claro quando o senador afirma que a pessoa que iria receber as parcelas deveria ser alguém ‘que a gente mata ele antes de fazer delação’”, frisou a procuradora-geral, em referência ao diálogo gravado entre Joesley e Aécio. Além disso, a forma como os valores foram entregues, em dinheiro, também demonstram a ilicitude da transação, acrescentou.

Dodge diz, ainda, que “segundo as provas colhidas na investigação, a solicitação de vantagens ilícitas não é ato isolado no relacionamento entre Aécio e Joesley, mas um episódio de longo tempo que caracteriza crime contra a administração pública” e cita relato dos colaboradores Joesley e Ricardo Saud de que a J&F repassou 60 milhões de reais ao parlamentar por meio de notas frias, a diversas empresas indicadas por ele, e pagou partidos políticos para ingressarem na coligação da candidatura de Aécio à Presidência da República em 2014. Em contrapartida, afirma a procuradora-geral, o senador usou o seu mandato para beneficiar diretamente os interesses do grupo.

A procuradora-geral reafirma ainda a validade da gravação ambiental feita por Joesley de uma conversa com Aécio. Para ela, ficou claro que não houve nenhum tipo de indução por parte dos colaboradores para que o senador cometesse o crime de corrupção passiva. “Deu-se exatamente o contrário: Joesley Batista foi espontaneamente procurado, em 18 de fevereiro de 2017, por Andréa Neves da Cunha, irmã de Aécio Neves, na escola Germinare, contígua à sede do Grupo J&F, ocasião em que ela lhe solicitou, em favor do seu irmão, o pagamento de R$ 2 milhões.”

Outro lado

O advogado de Aécio Neves, Alberto Zacharias Toron, disse que a manifestação da PGR foge dos argumentos centrais da defesa e se limita a repetir termos genéricos da denúncia, revelando a fragilidade da acusação. “A própria PGR reconhece que nunca houve qualquer contrapartida por parte do senador Aécio Neves, evidenciando que não houve corrupção ou pedido de vantagem indevida”, diz em nota.

O advogado também lembra que a PGR reconhece diversos desvios nas “heterodoxas” negociações da delação envolvendo os executivos da JBS, incluindo a atuação do ex-procurador Marcello Miller, classificada pela defesa como ilegal. Na nota, também acrescenta que “Dodge nada disse sobre a participação de membros da instituição na reunião que precedeu a gravação feita pelo sr. Joesley de uma conversa induzida e manipulada envolvendo o senador”.

Sobre a acusação de obstrução à Justiça, o defensor afirma que “a manifestação do MPF escancara a tentativa de criminalização da lícita atividade parlamentar exercida pelo senador Aécio, omitindo que na votação da lei de abuso de autoridade o senador defendeu e votou a favor da proposta do Ministério Público, o que por si só desmente a acusação”. “O senador Aécio Neves está convicto de que o STF promoverá a análise justa do caso, que demonstrará que ele e seus familiares não cometeram atos ilícitos”, conclui o advogado, na nota.

Leia aqui a íntegra do parecer de Raquel Dodge.