Bolsonaro abre queixa-crime contra Jean Wyllys pelos crimes de injúria e calúnia

Ação foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF)

          Bolsonaro abre queixa-crime contra Wyllys

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ) abriu junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma queixa-crime contra o também parlamentar Jean Wyllys (PSOL-RJ), acusando-o dos crimes de injúria e calúnia.

A base do pedido é uma entrevista de Wyllys ao jornal “O Povo”, em agosto do ano passado, onde ele chama Bolsonaro de “fascista”, “burro”, “ignorante”, “desqualificado”, “racista” e “canalha”.

Embora o ex-BBB não tenha citado o deputado nominalmente destacou ao jornal que tem “milhares de usuários de redes sociais” e o chamam de “mito”. Wyllys também seria responsável por uma calúnia, porque teria afirmando que Bolsonaro recebeu uma quantia ilegal da JBS.

Segundo a defesa de Bolsonaro, o parlamentar foi atacado de modo “profundamente ofensivo, atingindo-lhe a honra”. O relator do caso no Supremo será o ministro Celso de Mello.

Chama atenção o fato de o pedido requerer que seja afastada a imunidade parlamentar de Jean Wyllys no caso. A justificativa é que os comentários foram feitos fora do Congresso, e não dizem respeito ao exercício do cargo.

Bolsonaro repete assim a mesma estratégia da ação movida contra ele pela deputada federal Maria do Rosário (PT/RS), por declarações dele que não tinham “conexão direta com o desempenho do mandato”. Ele é acusado por ela de injúria e apologia ao crime por ter dito, em 2014, que “não estupraria a deputada porque ela não mereceria”. Outro processo foi aberto pelo Ministério Público Federal (MPF), que viu, na conduta do deputado, “incitação ao crime de estupro”.

Como no caso de Bolsonaro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) alega que ele não estaria protegido pela imunidade parlamentar, pede o mesmo tratamento para o psolista.

A assessoria de Jean Wyllys garante que o deputado não cometeu nenhum ato ilícito. Com informações de Estadão

Cantor evangélico pró-vida e pró-família está a um passo de virar presidente da Costa Rica

Divulgação
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DEFESA DA VIDA

O deputado Fabricio Alvarado subiu nas pesquisas depois de se opor frontalmente à determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos que obrigou os países signatários a reconhecer o casamento gay

O deputado Fabricio Alvarado conquistou 25% dos votos no primeiro turno das eleições que vão determinar o novo presidente da Costa Rica, realizado no domingo (04/02). O parlamentar conservador, que se posiciona claramente contra o aborto e o casamento gay, vai disputar o segundo turno em 1º de abril com o ex-ministro Carlos Alvarado, que teve 21% dos votos.

Fabricio, um cantor gospel de 43 anos que é membro da Assembleia Legislativa costarriquenha desde 2014, é membro do Partido Restauración Nacional, de inspiração evangélica. Seu oponente, de 38 anos, ocupou o Ministério do Trabalho e Seguridade Social entre 2016 e 2017 e o do Desenvolvimento Humano e Inclusão Social entre 2014 e 2016. É membro do Partido Acción Ciudadana, legenda social-democrata à qual pertence o atual presidente, Luis Guillermo Solís.

Quem havia despontado como favorito no início da campanha era Juan Diego Castro, do Partido Integración Nacional, mas sequer garantiu seu lugar no segundo turno. Ministro de Segurança Pública entre 1994 e 1996 e da Justiça entre 1997 e 1998, Castro tem 63 anos e é o grão-mestre da maçonaria no país.

 

Reviravolta

Fabricio criticou duramente em janeiro a Corte Interamericana de Direitos Humanos por determinar aos países signatários – inclusive a Costa Rica, onde, aliás, está sediado o organismo – reconheçam legalmente o casamento entre homossexuais. Para o parlamentar, tratou-se de uma “afronta à soberania nacional” costarriquenha, “que põe em perigo os valores tradicionais da família”.

O seu posicionamento nesse episódio contribuiu para que ele ganhasse popularidade e chegasse ao segundo turno. Pesquisas eleitorais de novembro, anteriores à determinação da corte, apontavam apenas 9% dos votos para Fabricio. Os números começaram a mudar quando o deputado disse que, se eleito presidente, ignoraria a orientação da corte.

Fabricio já era conhecido no meio conservador por sua postura. Em 2017, ele se opôs à implantação de uma nova matéria no currículo das escolas do país, chamada “Educação para a afetividade e a sexualidade integral”. O Ministério da Educação costarriquenho diz que a disciplina deve abordar temas como o prazer, os direitos LGBT e o problema da violência e da falta de consentimento nas relações. Os críticos dizem que a matéria servirá para introduzir a ideologia de gênero nas escolas.

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Papa Francisco debochou das vítimas de padres pedófilos

A Igreja Católica não inventou a pedofilia, mas detém os direitos autorais do acobertamento de criminosos que usam batina

Anteontem, durante a sua visita ao Chile, o papa Francisco manifestou “a dor e a vergonha pelo dano causado às crianças por parte dos membros da Igreja”. Vindo de quem veio, o representante máximo do Vaticano, a frase poderia ser considerada um avanço contra a pedofilia praticada por um número alarmante de padres ao redor do mundo. Por que então uma parte dos chilenos reagiu com vaias, protestos e até mesmo violência, incendiando igrejas e entrando em confronto com a polícia?

Parte da resposta está em Juan de Barros, o bispo de Osorno, um dos muitos clérigos que trabalharam para acobertar os crimes de Fernando Karadima, padre de grande popularidade no país que foi afastado pelo próprio Vaticano, em 2011, depois da comprovação de 75 casos de abusos contra adolescentes. Francisco enfrentou o clamor de parte considerável dos católicos chilenos e deu um jeito de poupar o bispo. Para piorar a situação, Barros estava presente no momento em que o papa proferiu as suas pouquíssimas e monocórdicas palavras de autocrítica.

Muitos interpretaram a declaração como deboche puro e simples, como hipocrisia abadesca e falta de respeito com as vítimas, mais ou menos como acontece nas séries de TV em que traficantes milionários doam fortunas a instituições dedicadas a combater o vício nas drogas. Como se tudo fosse pouco, o teatro continuaria em seguida, quando o papa se encontrou a portas fechadas com vítimas de padres chilenos. De acordo com a imprensa local, não se sabe se os presentes eram vítimas de Karadima.

Sabe-se lá por que motivo, muitos fiéis gostam de dizer que a pedofilia existe em toda parte e, afinal de contas, é praticada por padres, ou seja, indivíduos isolados, e não pela Santa e Madre Igreja, que inclusive não inventou o crime. Parte disso está correto. De fato, a Igreja não criou a pedofilia, mas certamente detém os direitos autorais de algo que contribui para a proliferação da praga: o acobertamento de padres pedófilos. Sabe-se há muito que o silenciamento de crimes sexuais praticados pelo clero foi uma política oficial do Vaticano.

O Crimen Sollicitationis, escrito em latim em 1962, era um documento então secreto que a Igreja enviou a todos os bispos do mundo. Seu propósito era informar as providências que deveriam ser tomadas em relação aos padres comprovadamente pedófilos. Basicamente, essas providências consistiam no silenciamento de todos os envolvidos. A pena para a vítima que quebrasse o silêncio era a excomunhão. E a “punição” do criminoso, é claro, seria a transferência para uma paróquia distante. Isso significa que, ciente do problema desde os anos 1960, o Vaticano ignorou as vítimas para proteger a sua reputação.

Parece que pouco mudou de lá pra cá. Mesmo a punição de Fernando Karadima foi tardia, embora valha o reconhecimento de que pelo menos alguma coisa aconteceu. O papa deveria saber que punir pela metade — ou combater apenas os casos que vazam — causa não só a evasão de fiéis, mas também protestos como esses do Chile e, pior, a manutenção de uma prática covarde que trará sofrimento a muitas famílias. A não ser que o objetivo de Francisco seja posar de arrependido — algo poderoso no catolicismo — e se promover em sessões de oração com jovens traumatizados.

Vítimas é que não vão faltar.