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Páscoa judaica X Páscoa cristã

História mostra como ocorreu a separação das duas festas religiosas

Páscoa judaica X Páscoa cristã

Este ano, enquanto os cristãos celebram a “sexta-feira santa”, os judeus celebrarão o início da Páscoa. Mas na maioria dos anos, as duas celebrações são separadas, às vezes com várias semanas. Segundo as Escrituras, elas deveriam ser comemoradas no mesmo dia, pois ambas ocorreram no dia 14 de Nissan no calendário hebraico, que é lunar.

Há cerca de 2000 anos, judaísmo e cristianismo não eram vistos como duas religiões diferentes. Jesus, o Messias judeu, veio ao povo judeu com uma mensagem de salvação, e essa mensagem foi então pregada ao mundo inteiro.

No começo, os cristãos eram quase na totalidade judeus convertidos. Os primeiros discípulos eram todos judeus, com nomes como Yaakov (Tiago) e Yehuda (Judas) e Yochanan (João). De fato, o nome do Senhor era Yeshua, não Jesus, e Ele era chamado de “rabino”, não de “pastor”.

A data que Jesus morreu na cruz pelos pecados da humanidade não era coincidência. Foi em na Páscoa, quando os judeus lembravam o fim da escravidão no Egito e o livramento de Deus daqueles que creram nele. Além disso, Jesus ressuscitou dos mortos na festa das primícias, que ocorria naquele domingo. A vida do Espírito Santo, 50 dias depois, foi durante a festa judaica das Semanas (Shavuot). O nome grego é que a tornou a data conhecida como Pentecostes.

Todos os eventos relacionados com a morte e ressurreição do Messias, além do envio do Espírito aconteceram seguindo o calendário bíblico descrito em Levítico. Isso era algo muito claro para os primeiros gentios convertidos. Paulo fala sobre isso em sua carta à igreja de Corinto: “Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. Por isso, celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento da sinceridade e da verdade” (1 Coríntios 5: 7-8).

Separação das datas

Somente depois de muito tempo os seguidores de Jesus começaram a referir-se ao dia da Sua morte como “sexta-feira santa”, e o dia da sua ressurreição como Páscoa. Na verdade, a Páscoa (pessach) é comemorada na sexta. Os cristãos ortodoxos até hoje distinguem esses dois aspectos, comorando a Pascha staurósimon (páscoa na Cruz) e Pascha anastásimon (Páscoa na ressurreição).

A separação das datas foi oficializada durante o Conselho de Nicéia, em 325 d.C., quando o cristianismo já era a “religião oficial” do Império Romano, após o decreto do imperados Constantino. O Concílio fixou a celebração da Páscoa no primeiro domingo depois da primeira lua cheia da primavera, seguindo a práxis habitual na Igreja de Roma.

A partir da Carta do Imperador para todos aqueles que não estão presentes no Conselho. Encontrado nos escritos de Eusébio [Vita Const., Lib. III., 18-20]:

“Quando a questão relativa ao sagrado Festa de Páscoa surgiu… Foi declarado ser particularmente indigno para isso, o mais santo de todos os festivais, a seguir o costume [de cálculo] dos judeus, que tinha as mãos sujas com o mais temível dos crimes, e cujas mentes estavam cegas. Ao rejeitar seu costume, que podem transmitir aos nossos descendentes o modo legítimo de celebrar a Páscoa, o que temos observado a partir do momento da Paixão do Salvador aos dias de hoje [de acordo com o dia da semana]. Nós não devemos ter nada em comum com os judeus, pois o Salvador mostrou-nos um outro caminho; nossa adoração segue um curso mais legítimo e mais conveniente (a ordem dos dias da semana); e, consequentemente, ao adoptar por unanimidade este modo, nós desejamos, irmãos caríssimos, separar-nos do detestável companhia dos judeus”.

Ficou, portanto, determinado que os cristãos celebrariam Páscoa na primeira lua nova depois do Equinócio da Primavera (de outono, no hemisfério sul). E isso pode ocorrer na mesma data, caso a lua cheia e o equinócio ocorressem no mesmo dia, que é sempre em 21 de março no calendário gregoriano.

Essa foi uma ruptura deliberada com o povo de Israel.

Além disso, a astronomia romana não era tão desenvolvida e a festa estava relacionada ao ciclo lunar do calendário judeu. A Páscoa Cristã varia a cada ano – entre 23 de março e 24 de abril. Isso ocorre por que é usado um sistema complexo, desenvolvido para tentar acomodar calendários diferentes, uma vez que a Páscoa Judaica é determinada pelo calendário bíblico, lunar e com ciclos de 28 dias.

O calendário ocidental (criado pelo papa Gregório em 1582) é solar e não combina com os ciclos astronômicos, por isso há uma grande variação.

O astrônomo Robert Cockcroft, da Universidade McMaster, no Canadá, explica que esse ‘problema’ foi resolvido quando se fixaram “datas eclesiásticas”, diferentes das datas astronômicas: “Se a lua cheia ocorrer durante o equinócio, os cálculos eclesiásticos tendem a forçar a próxima lua cheia para determinar a data da Páscoa”.

Cordeiro pascal

Sendo assim, a comemoração da Páscoa judaica e cristã possuem aspectos astronômicos distintos quanto ao dia em que são celebradas. A história mostra que a separação do calendário bíblico foi deliberada. Porém, o sentido espiritual continua sendo o mesmo.

Enquanto judeus celebram o Pessach (‘passar por cima’) eles lembram do livramento do Egito, que teve o ápice quando o anjo da morte poupou apenas as casas daqueles que tinham crido na promessa de Deus e aspergido com o sangue do cordeiro. (Ex.12:11-27)

O cordeiro morto tinha de ser macho e não podia ter defeito. Não podiam ser quebrados seus ossos.  Jesus foi, numa metáfora, o cordeiro de Deus sacrificado para que sua morte oferecesse, a liberdade do pecado e a passagem da morte para a vida eterna.

Adaptado de One for Israel

 

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Membros da “Tribo Perdida de Manassés” retornam a Israel após 2.700 anos

Rabinos acreditam que se trata do cumprimento de profecias

          B’nei MenasheB'nei Menashe

Mais de 100 judeus da tribo de Manassés chegaram a Israel esta semana. Os chamados “Bnei Menashe” se juntam a outros 3.500 de seus irmãos que já vivem em Israel. Ainda restam cerca de 7 mil deles no noroeste da Índia.

O governo de Israel decidiu conceder vistos de residência e reconhecê-los como judeus apesar das controvérsias. Desde 2005 alguns rabinos defendem que eles são parte de uma das “dez tribos perdidas”, exilados de sua terra natal há cerca de 2.700 anos.

Segundo relatos bíblicos, quando os assírios invadiram o norte do reino de Israel, em 721 a.C, a tribo de Manassés foi exilada. Suas viagens no exílio levaram-nos até a Pérsia (atual Irã), Afeganistão, Tibete e no leste da China, por volta de 240 a.C. Sua última parada foi em Manipur, no nordeste da Índia, onde estão até hoje.

O rabino Michael Freund, presidente da Shavei Israel, organização dedicada a encontrar “judeus perdidos e escondidos e ajudá-los a se reconectar com Israel”, comemorou a chegada.

“É muito apropriado que eles estejam chegando agora, uma semana antes da Páscoa. Estamos vendo nada menos que uma versão moderna do Êxodo do Egito”, disse ele ao Breaking Israel News.

“Eles são parte das tribos perdidas e uma parte da nossa família. Os Bnei Manashe nunca se esqueceram de quem eram, de onde vieram e para onde queriam voltar. E é por isso que o Eterno os está abençoando por sua fidelidade.”

Freund enfatizou ainda que a chegada desses “judeus das tribos perdidas” é cumprimento de antigas profecias de Isaías sobre Deus trazer de volta todo o seu povo para a terra que deu a Abraão, Isaque e Jacó como herança.

“Qualquer um que leve a Bíblia a sério deve perceber que as promessas de Deus feitas a muito tempo estão se tornando reais agora”, comemora o rabino.

Assista:

Bnei Menashe arrival in Israel!

They’re here!!! Let’s give a huge welcome to more than 100 Bnei Menashe who just arrived in Aliyah to Israel from Manipur in northeast India! MAZAL TOV!! ??#OperationMenashe

Posted by Shavei Israel on Tuesday, March 20, 2018

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Estudos

Destruição da Síria é cumprimento de profecia bíblica? Teólogos estão divididos

Ghouta Oriental era parte de Damasco nos dias do Antigo Testamento

         Destruição da Síria é cumprimento de profecia bíblica? Teólogos opinam

Desde o ano passado, quando o cenário de destruição na Síria começou a se aproximar da capital Damasco, alguns teólogos vêm fazendo diferentes análises sobre a possibilidade de isso ser o cumprimento, em nossos dias, de antigas profecias bíblicas.

A partir do último dia 18 de fevereiro, as tropas do presidente sírio Basha Al Assad começaram um bombardeio maciço nos subúrbios ao Leste da capital, na região de Ghouta Oriental. Com cerca de 400 mil moradores e dominada por forças rebeldes ao regime, quase que diariamente há notícias de dezenas de civis mortos após os ataques.

A ONU tentou negociar uma trégua, que incluiria um cessar-fogo de 30 dias, quando seria possível evacuar a região. Porém, ela não foi seguida e agora surgem denúncias do uso de armas químicas. O conflito em Ghouta se estende desde 2013. Distando cerca de 15 km de Damasco, uma derrota ali permitiria que os opositores do presidente conquistassem a capital, ponto fim ao regime atual.

Ainda que alguns estudiosos descrevam essa lamentável crise humanitária como evidência do cumprimento de profecias bíblicas, há quem classifique essa conexão como “irresponsável” e “equivocada”.

Os textos mais citados são Isaías 17 e Jeremias 49, que falam sobra a destruição de Damasco, que se tornaria um “montão de ruínas”.

Para o renomado escritor evangélico Joel Rosenberg, “Estamos vendo o que parece o fim de Damasco. Não sabemos se esse é o prelúdio para o cumprimento dessas profecias. Porém, Damasco é a cidade mais antiga da Terra a ser habitada continuamente. O fato de ela estar sendo destruída é algo extraordinário… No passado, ela foi atacada, sitiada e conquistada, mas nunca ficou completamente destruída e desabitada”.

Autor de vários livros sobre escatologia, Rosenberg lembra que “O profeta Ezequiel escreveu há 2.500 anos que, nos ‘últimos dias’, a Rússia [Gogue?] e o Irã [Pérsia] formarão uma aliança militar para atacarem Israel pelo norte. Os estudiosos da Bíblia chamam este conflito escatológico, descrito em Ezequiel 38 e 39 de a guerra de Gogue e Magogue”. O teólogo acredita que a participação ativa de Moscou e Teerã neste conflito nos últimos anos não é apenas uma coincidência, mas um cumprimento profético.

Lançado em 2016, o livro “Armageddom Code” [O código do Armagedom] do jornalista cristão
Billy Hallowell possui uma interpretação muito similar a maneira como as cidades e países mencionados no “cenário dos últimos dias” podem ser facilmente identificadas em muitas reportagens exibidas recentemente na TV.

O grande drama humanitário do Oriente Médio poderá ficar ainda pior nas próximas semanas, uma vez que tantos os Estados Unidos quanto o Reino Unidos ameaçam bombardear Damasco, caso fique comprovado o uso de armas químicas, que violam os acordos da ONU. Embora o alvo primordial seria os arsenais de Assad, isso poderia, definitivamente, fazer com que a capital Síria se torne “um montão de ruínas”.

Cabe ressaltar que, a geografia bíblica é distinta da atual e nos dias do Antigo Testamento, a localização de Damasco incluía o que hoje é Ghouta, palavra que significa “oásis” e faz referência a uma fonte de água no deserto, condição essencial para o estabelecimento de cidades na antiguidade.

Profecia cumprida no passado

A ideia que não faria sentido relacionar os eventos atuais com a profecia bíblica é rejeitada por eruditos que acreditam que tanto Isaías quanto Ezequiel se referiam a algo que já ocorreu: o ataque dos assírios contra Damasco no ano 732 a.C.

É o que defende Hank Hanegraaff, teólogo com vários livros publicados no Brasil, e apresentador do programa de rádio “Bible Answer Man”, onde esclarece dúvidas sobre a Bíblia. Questionado por um ouvinte sobre o texto de Isaías 17, foi enfático: “Usar essa passagem de Isaías para explicar o que está acontecendo atualmente na Síria é um bom exemplo “escatologia de imprensa”. É uma vergonha os pastores fazerem isso. Ou eles não conhecem a palavra de Deus ou quererem promover o sensacionalismo e sofismas”.

Hanegraaff defende a ideia, comum nos seminários tradicionais, que Isaías 17 foi cumprido há milhares de anos. “Se olharmos para o que a Bíblia realmente diz, fica muito claro que o cumprimento da profecia também é relatado pelo texto bíblico. Se você olhar para o que começa a ser dito em Isaías 7, verá uma permutação, e seu cumprimento é descrito no capítulo seguinte, em Isaías 8”.

No entendimento de Hanegraaff, quem foge da interpretação histórica dessas passagens está tentando “encaixar as profecias em suas próprias visões escatológicas”.

Ele não está sozinho. A doutora Candida Moss, professora de Novo Testamento e Cristianismo Primitivo na Universidade Católica de Notre Dame, também acredita que a prometida destruição de Damasco ocorreu no século VIII antes de Cristo, mais especificamente na sua conquista pelos assírios, em 732 a.C. “Porém, essa não foi a única vez que Damasco testemunhou grandes conflitos”, sublinha Moss.

Entre os conquistadores de cidade, sempre com algum tipo de destruição, incluem-se o rei Nabucodonosor, da Babilônia, e o rei grego Alexandre, o Grande. Menos conhecido no Ocidente, o general islâmico Khalid ibn al-Walid, fez um cerco militar à cidade, no século 7. Posteriormente, na início do século 15, os exércitos turco-mongóis de  Timur-i-Lenk (Tamerlão, em português) conquistaram Damasco, matando toda a sua população. Com informações de Gospel Prime e CBN