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Agradinho à família de Lula e ao bispo da Universal

 

Autor(es): Renato Alves e Tiago Pariz

Correio Braziliense – 07/01/2011

Nos últimos dias do governo passado, dois filhos e um neto do ex-presidente, além de um líder da Universal, ganharam passaporte diplomático. "Presente" não tem amparo legal

No apagar das luzes do último governo, o Ministério das Relações Exteriores tomou uma decisão na surdina e concedeu passaporte diplomático a dois filhos e um neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na canetada, o bispo Romualdo Panceiro, número dois da Igreja Universal (Iurd), também conseguiu o benefício.
Em 29 de dezembro, o então ministro Celso Amorim determinou que Luís Cláudio Lula da Silva, 25 anos, Marcos Cláudio Lula da Silva, 39, e seu filho Thiago Trindade, 14, deveriam ganhar um passaporte que somente autoridades têm direito. O argumento usado por Amorim é que os três se encaixam no “caráter excepcional”, “em função do interesse do país”. O documento tem validade de quatro anos.

O ex-ministro também deu uma forcinha extra para o trio, que pretende viajar aos Estados Unidos: enviou nota à embaixada norte-americana solicitando visto de turismo em caráter especial, alegando que são parentes do então presidente da República. A viagem dos três estava marcada para 5 a 15 de janeiro, com destino a Nova York. Marcos, Thiago e Luís, no entanto, passam parte das férias com Lula na base militar do Forte dos Andradas, no Guarujá, litoral de São Paulo.
A legislação prevê que filhos de autoridades têm direito ao documento até os 21 anos, 24 se forem estudantes. No caso de apresentarem deficiência, não há limite. O presidente da República e os ministros de Estado têm direito ao passaporte diplomático no período que exercem tal função — a mesma prerrogativa vale para os dependentes. Os filhos de Lula não se encaixam em nenhuma desses requisitos.
Marcos Cláudio é filho da ex-primeira-dama Marisa Letícia e foi adotado pelo ex-presidente. Ele trabalha no Departamento de Turismo da Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP). Luís Cláudio é formado em Educação Física e trabalhou como auxiliar técnico no Palmeiras, no Corinthians, no Santos e nas categorias de base do São Paulo.
O passaporte diplomático possibilita uma série de benesses. Além de não custar nada ao portador, o documento especial permite a isenção da necessidade de visto. Na entrada em algum país estrangeiro, também não é preciso enfrentar filas e há tratamento diferenciado na imigração.
Templos
Para Celso Amorim, parece ser interesse também o aumento do número de templos da Igreja Universal ao redor do mundo. O bispo Romualdo é considerado o sucessor do bispo Edir Macedo na igreja. Segundo o Itamaraty, o passaporte com validade de um ano foi concedido por ele ser um líder religioso.
Romualdo Panceiro foi flagrado, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, ensinando auxiliares a aumentar a arrecadação da Universal durante a crise econômica.
Lulas diplomatas
A expedição do passaporte diplomático é limitada a autoridades, mas o ministro das Relações Exteriores pode conceder o benefício a quem bem entender, desde que o portador atue “em função do interesse do país”. Veja abaixo a relação de cargos que podem representar o país no exterior e têm direito a passaporte diplomático:

  • Presidente da República
  • Vice-presidente
  • Ex-presidentes
  • Ministros
  • Governadores
  • Parlamentares
  • Ministros do Supremo  Tribunal Federal (STF)
  • Ministros de tribunais  superiores
  • Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU)
  • Diplomatas da ativa
  • Diplomatas aposentados
  • Militares a serviço ONU
  • Militares a serviço de outros organismos internacionais
  • Chefes de missões diplomáticas
  • Procurador-Geral da República e subprocuradores
  • Juízes que atuam em tribunais internacionais

*Dependentes de autoridades podem receber o documento até os 21 anos (24 no caso de estudantes, ou em qualquer idade se forem portadores de deficiência)
Fonte: Ministério das Relações Exteriores

LEGADO DE LULA PARA OS CRISTÃOS

 

Presidente deixa governo ampliando direito a gays

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Os anos de Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva são marcados pelo avanço institucional no reconhecimento de direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), mas, também, pelo aumento da violência causado pela homofobia.
Enquanto o Executivo federal promoveu a primeira conferência nacional sobre o tema, iniciou a implementação do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT e recentemente criou o Conselho Nacional Combate à Discriminação e o Poder Judiciário deu ganho de causa em mais de 780 ações para a união estável, direito de adoção e condenações a práticas discriminatórias; o Legislativo ainda não aprovou o projeto de lei, em tramitação desde 2001, que define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.

“O problema no Legislativo é uma questão de fundamentalismo religioso”, disse Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBT). Ele espera que, com a mudança da composição do Senado Federal na legislatura que começa em fevereiro do próximo ano, o projeto de lei, já apreciado na Comissão de Assuntos Sociais e na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, venha a ser aprovado. “Temos uma outra conjuntura. Temos mais pessoas que vão apoiar o projeto de lei de forma muito categórica”, prevê.

Além da nova legislação, o presidente da ABLGBT espera que no próximo ano a futura ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, convoque a 2ª Conferência Nacional LGBT e dê continuidade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos desses grupos, que, segundo ele, foi 60% implantado.

Data: 31/12/2010 02:57:54
Fonte: Agência Brasil
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Vaticano quer que Dilma preserve acordo sancionado por Lula

 

Emissário da eleita, o petista Gilberto Carvalho tem encontro com representante do papa, em Roma, e entrega carta com pedido de "trégua" à Igreja após "tensão" eleitoral envolvendo a questão do aborto; petista e Bento XVI agendam encontro para 2012

O Vaticano cobra do novo governo de Dilma Rousseff um compromisso para que não reabra o acordo que rege as relações bilaterais e que foi alvo de muita polêmica. O assunto foi debatido ontem em uma reunião entre o secretário da Santa Sé para Relações com os Estados, Dominique Mamberti, e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No mesmo encontro, fixou-se que Dilma fará uma viagem ao Vaticano em 2012 para se reunir com o papa Bento XVI. A visita já está sendo organizada pelo Palácio do Planalto e pela Santa Sé e faz parte da tentativa de se estabelecer uma "trégua" entre o Vaticano e Dilma depois das polêmicas entre Dilma e a Igreja durante a campanha eleitoral.

No contato com o emissário de Dilma, o Vaticano solicitou que o acordo feito com o governo brasileiro, conhecido como "concordata", entre em vigora partir do próximo mandato. O primeiro acordo proposto pela Igreja em 2007 falava na obrigatoriedade do ensino de religião em escolas públicas, acesso às reservas naturais para missionários e isenção de impostos.

O Itamaraty reduziu o acordo a uma mera declaração de boas relações entre a Santa Sé. A concordata já foi aprovada pelo governo Lula e pelo Congresso, mas esbarrou em um processo e está no Supremo Tribunal Federal. "Não acreditamos que isso ofereça um risco para sua entrada em vigor", garantiu Carvalho.

Trégua

Dilma decidiu na última quinta-feira aproveitar a ida de Carvalho a Roma para mandar um recado à Igreja de que seu governo não abrirá guerra contra a Santa Sé. Enviou por meio de Carvalho uma carta ao papa, pedindo que a Igreja "não recue" em relação ao Brasil, estabelecendo uma trégua e insistindo que o futuro governo conta com a Santa Sé para aplicar o seu projeto de erradicação da pobreza.

A carta, ainda mantida em sigilo até amanhã, quando será lida pelo Papa, pede sua bênção ao governo e assegura que a eleita quer diálogo com o Vaticano.

"O que nós queríamos e acho que conseguimos era limpar de uma vez por todas o mal estar da campanha eleitoral", admitiu Gilberto Carvalho.

Aborto

Nem na carta e nem durante a reunião foi tratada a questão do aborto. Mas, Carvalho admitiu que a campanha de Dilma viveu "momentos de grande tensão" diante dos comentários do Papa sobre o assunto, poucos dias antes do segundo turno.

Bento XVI, em uma reunião com bispos do Maranhão, condenou a descriminalização do aborto e da eutanásia e recomendou aos bispos brasileiros que emitissem "juízo moral" sobre essas questões, mesmo em "matérias políticas". Embora não tenha feito referência direta à eleição, o papa pediu aos bispos que orientassem os fiéis a usar o voto para a "promoção do bem comum".

"Não sabíamos que direção esses comentários tomariam", admitiu. Carvalho acusou "forças no Brasil" de terem influenciado o papa a fazer tais declarações e garantiu que para Dilma o assunto é "parte do passado".

Viagem

Do lado do Vaticano, Mamberti confirmou que o Brasil é de "importância fundamental" para a Santa Sé e que uma visita de Dilma já em 2011 ao Papa seria relevante para mostrar o compromisso na relação bilateral. Carvalho, porém, explicou que dificilmente a viagem poderia ocorrer em 2011.

"O primeiro ano é sempre um período para amarrar o governo", explicou o emissário. "A data que se trabalha é 2012 para a visita de Dilma", apontou.

“Minha principal mensagem e objetivo foi a de tranquilizar o Vaticano em relação ao que será o governo Dilma", disse ao Estado por telefone Carvalho, ao sair da reunião. Na conversa, ele informou que a eleita não tem intenção de rever o acordo com o Vaticano, mas ressaltou a necessidade de manter o caráter laico do Estado. "Não podemos esquecer que 22,5% da população brasileira é composta de evangélicos." Segundo Carvalho, "não haverá diferença qualitativa entre o governo Dilma e o governo de Lula em relação à Igreja".

Data: 24/11/2010 08:33:01
Fonte: Estadão