Em mais uma diversificação dos seus negócios, a Igreja Universal do Reino De Deus, do bispo Edir Macedo, decidiu investir em duas novas frentes produtivas e midiáticas.
A primeira é a criação de abelhas e produção do “Mel Celestial” (marca registrada), que é produzido na fazenda da igreja, a Nova Canaã, na Bahia.
O próprio bispo Macedo está fazendo a vez de “garoto-propaganda” do mel em suas redes sociais.
Num vídeo, feito em seu apartamento (aparentemente dentro do Templo de Salomão) ele conta aos seguidores que não vive sem café da manhã.
“Depois de Jesus, da Ester e da família, o café é a coisa mais importante na minha vida”, brinca o bispo no vídeo.
Então ele aparece colocando o produto no iogurte e diz que é o “melhor mel que eu já provei”.
O Mel Celestial será vendido em todos os templos da Universal, e deve custar cerca de R$ 20 a bisnaga (aparentemente de 80 a 100g).
O dinheiro arrecadado com a venda da guloseima será revertido integralmente para a manutenção da Fazenda Nova Canaã, que fica no município baiano de Irecê.
Foi ali que Macedo (e seu sobrinho Marcelo Crivella) idealizaram e decidiram instalar um “conjunto” de fazendas em uma empreitada que começou nos anos 90.
Irecê foi escolhida por então ser uma das cidades com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo no Brasil. Quase tudo produzido pela fazenda é distribuído na região de Irecê.
Hoje a fazenda tem cerca de 100 funcionários e seu princípio é um pouco parecido com os “kibutz agrícolas” israelenses.
Além do mel, a Universal também decidiu investir em um time de futebol na cidade, o Canaã Esporte Clube, segundo informou neste domingo Lauro Jardim, do jornal “O Globo”.
O clube foi fundado em agosto do ano passado, disputa a 2ª Divisão do futebol baiano e está na final do estadual sub-20.
Não é a primeira vez que Macedo aposta no futebol. No início dos anos 2000 ele também montou o Universal Futebol Clube, de Jacarepaguá, Rio.
O time, porém, não foi longe: só jogou um campeonato pela segunda divisão carioca e depois foi desmantelado.
Apóstolo Steve Kunda. (Foto: Reprodução / Youtube)
O presidente Jair Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais, na manhã deste domingo (19), um vídeo onde o apóstolo Steve Kunda lança uma “palavra profética” sobre o Brasil. No vídeo o apóstolo está participando de um bate-papo com o pastor Cássio Miranda, da Rede Super.
Em um trecho de sua fala, o apóstolo afirma que Bolsonaro foi “escolhido por Deus” para comandar o país. Ele afirma ainda que apesar de não fazer política por ser pastor, crê que os evangélicos têm influência na política e devem fazer isso de maneira positiva e não negativa.
Para o apóstolo o presidente eleito no Brasil, Jair Messias Bolsonaro, pode ser comparado ao personagem bíblico Ciro, o Grande, que foi usado por Deus para atender a uma necessidade do povo. Segundo o relato bíblico em Isaías 45, ele teria recebido uma mensagem de Deus que o ordenava a enviar de volta à Judeia todos os judeus.
“Eu não moro aqui. Mas falo da parte de Deus. Vocês aceitando ou não, você seja de esquerda ou de direita, o senhor Jair Bolsonaro é o Ciro do Brasil. Deus o escolheu para um novo tempo, para uma nova temporada no Brasil”, disse o apóstolo.
Ao compartilhar o vídeo em suas redes sociais, o presidente escreveu que “não existe teoria da conspiração, existe uma mudança de paradigma na política” e que “quem deve ditar os rumos do país é o povo! Assim são as democracias”.
O apóstolo Steve Kunda é natural do Congo e fundador de uma igreja evangélica em Orleans, na França. Sua participação no programa da emissora que pertence à Igreja Batista da Lagoinha foi divulgada no dia 10 de abril, mas somente agora o vídeo ganhou repercussão nacional ao ser compartilhado por Bolsonaro.
Profecia
Através do intérprete Peter Makangwa, o apóstolo fala em francês sobre a necessidade de apoiar o presidente eleito, orar por ele e tomar posição em favor de uma mudança do país. Ele pede que não façam oposição e enfatiza que os dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro não vão ser fáceis, mas Deus dará vitória.
“Ele tem uma visão nacional para emancipação do País, para emancipação da nação. Sustentem esse homem, apoiem-no. Deus falou que os dois primeiros anos dele não vão ser fáceis. Mas a mão de Deus está com ele porque vai cortar muitos obstáculos, muitas opressões. Mas foi Deus quem o escolheu”, disse o apóstolo Steve Kunda.
Alessandra Corrêa
De Winston-Salem (EUA) para a BBC Brasil
Série ‘Second Coming’, em que Jesus é enviado de volta à Terra e divide apartamento com super-herói, foi cancelada pela editora DC Comics após ameaças e campanha de grupos conservadores cristãos – mas foi lançada por editora independente.
Uma história em quadrinhos protagonizada por Jesus Cristo deve chegar às bancas dos Estados Unidos em julho, depois de meses de polêmica, acusações de blasfêmia, ameaças e uma campanha online que resultou no cancelamento inicial da publicação da obra.
Na trama da série Second Coming (“Segunda Vinda”, em tradução livre), Deus está decepcionado com o desempenho de Jesus em sua primeira passagem pela Terra, quando acabou crucificado, e ordena seu retorno.
Desta vez, Cristo vai dividir um apartamento de dois quartos com um super-herói chamado Sunstar, que usa a força e seus superpoderes para combater o mal. O Messias, por sua vez, prefere uma abordagem não violenta. Como passou os últimos dois milênios sem saber o que acontecia na Terra, Jesus fica chocado ao descobrir como os humanos distorceram sua mensagem.
“A história fala do retorno de Jesus Cristo à Terra sob ordem de seu Pai, para que possa aprender a se defender com o maior super-herói do mundo”, diz à BBC News Brasil o autor, Mark Russell.
“Mas o que acontece é que eles desenvolvem uma amizade improvável e o super-herói começa a entender como a abordagem (não violenta) de Cristo, apesar do fato de ter feito com que fosse crucificado (da primeira vez), é mais relevante do que seus superpoderes para resolver os problemas atuais.”
Polêmica
Quando foi anunciado, em julho de 2018, o projeto não ganhou muita atenção fora do mundo dos quadrinhos. O lançamento estava inicialmente previsto para março deste ano, pelo selo Vertigo (de Sandman, Preacher, Fables) da DC Comics (editora de Batman e Super-Homem). O roteiro é de Russell, com ilustrações de Richard Pace e capa ilustrada por Amanda Conner.
Mas em janeiro, seis meses depois do anúncio, a notícia começou a chamar a atenção de sites religiosos. No dia 7 de janeiro, o site Christian Headlines (Manchetes Cristãs) publicou um texto com o título “Jesus é o próximo Super-Herói da DC Comics”.
A notícia ressaltava que, “contrariando o que dizem as Escrituras, o livro irá apresentar Jesus como tendo limitações em seu conhecimento e capacidades”. Citava também uma entrevista que Russell havia dado meses antes ao site de cultura pop Bleeding Cool, em que disse acreditar que Jesus era mal representado nas congregações dos dias atuais.
No dia seguinte, a notícia chegou ao site CBN News, da Christian Broadcasting Network (Rede de Radiodifusão Cristã), com o título “DC Comics transformou Jesus em um novo super-herói – mas há um grande problema”. O texto afirmava que Second Coming “está mais para blasfemo do que para bíblico”.
O CBN News também citava trechos da entrevista de Russell ao Bleeding Cool em que dizia que a série é sobre Jesus “ficando chocado com o que vê que foi feito em seu nome”, que “a religião cristã não se baseia realmente no que ele ensinou, particularmente as grandes igrejas evangélicas modernas” e que “(essas igrejas) o têm mais como um mascote em camisetas, para provar que estão no time que está ganhando”.
De lá, a notícia pulou para a rede conservadora Fox News, e logo uma campanha na CitizenGO, uma plataforma de petições online que diz promover “vida, família e liberdade”, pedia que a DC Comics cancelasse a publicação da série. O texto da petição dizia que “a DC Comics irá lançar uma nova série ultrajante e blasfema” e perguntava: “Você consegue imaginar o barulho no meio político e na mídia se a DC Comics estivesse alterando e zombando da história de Maomé ou Buda?”
A petição reuniu mais de 235 mil assinaturas. Russell e o ilustrador Richard Pace começaram a receber insultos e ameaças online. Em 13 de fevereiro, a DC Comics cancelou a publicação.
Nova editora
Russell diz à BBC News Brasil que não esperava que a história fosse provocar tanta polêmica antes mesmo de ser publicada. “Suponho que fui ingênuo o suficiente de pensar que as pessoas iriam ler o livro antes de se sentirem ofendidas”, observa.
“E você pode ter certeza, há pessoas que vão e devem se sentir ofendidas, mas entre todas as pessoas sendo zombadas nesse livro, Cristo não é uma delas”, ressalta.
Russell acredita que muitas das pessoas que se sentiram ofendidas reagiriam de maneira diferente caso lessem a obra e salienta que não é Cristo o alvo de sua sátira. O quadrinista diz que seu livro é muito respeitoso às ideias de empatia e perdão pregadas por Cristo, mas não tanto em relação àqueles “que tentam usar Cristo como uma mascote para sua própria ganância e violência”.
Quadrinista premiado e autor de uma elogiada versão de Os Flintstones, Russell conta que cresceu entre cristãos evangélicos e que a religião desempenhou um papel importante em sua vida. Esta não é a primeira vez que aborda o tema em sua obra. Ele também é autor de God Is Disappointed in You(Deus está Decepcionado com Você, em tradução livre), com ilustrações de Shannon Wheeler, que resume os textos da Bíblia em linguagem acessível e irreverente, e Apocrypha Now (Apocrifia Agora, em tradução livre), uma espécie de sequência focando nos apócrifos (que não são incluídos no conjunto de textos considerados sagrados da Bíblia).
Com o cancelamento, a DC Comics concordou em devolver os direitos sobre o projeto aos autores, e em março foi anunciado que a série será publicada pela AHOY Comics.
Russell diz que a mudança de editora acabou sendo positiva. “Permitiu-nos criar uma história mais longa e bem desenvolvida para o primeiro número. Richard e eu ganhamos mais liberdade artística para fazer o que inicialmente queríamos com a série.”
O editor-chefe da AHOY, Tom Peyer, diz à BBC News Brasil que estão previstos seis números, um por mês, a partir de julho. Por enquanto, não há planos de lançamento no Brasil.