Em nota emitida nesta sexta-feira, 6 de abril, a Aliança de Batistas do Brasil – que integra o CONIC – manifestou perplexidade acerca do que está ocorrendo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos trechos do documento, assinado pelo pastor presidente da Aliança de Batistas, Joel Zeferino, afirma, parafraseando o monsenhor Oscar Romero, “se prenderem o Lula, ele seguirá livre em cada uma e cada um de nós que se recusa a deixar que as forças do mal e da maldade tenham a última palavra. Nesse compromisso de vida, profetizamos, que a esperança há de vencer o medo”.
A seguir, leia a íntegra da nota da Aliança de Batistas do Brasil.
Carta da Aliança de Batistas do Brasil sobre a possível prisão do
Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Salvador, 06 de abril de 2018.
“Até quando Senhor, clamarei eu, e tu não escutarás? (…)
Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta;
porque o ímpio cerca o justo, de sorte que a justiça é pervertida.
Então o Senhor me respondeu, e disse:
Escreve a visão e torna-se bem legível sobre tábuas,
para que a possa ler quem passa correndo. (Habacuque 1:2-4; 2:2)
Perplexidade e tristeza. Esses são alguns sentimentos mais fortes entre aquelas e aqueles que tem algum senso de compaixão e noção de justiça no Brasil de hoje. Muitos outros sentimentos também estão presentes nesses mesmos corações: indignação; revolta; desejo de lutar; vontade de desistir de tudo… Sentimentos complementares e/ou contraditórios.
Sentimentos complexos em tempos complexos que vivemos. Mas uma coisa é simples e certa: em 2016 nosso País foi assaltado por um Golpe Legislativo-Judiciário, em conluio com a elite nacional; dos altos comandos militares; da mídia hegemônica, e, por que não dizer, dos interesses de multinacionais e das potências centrais deste mundo dominado pelo Capitalismo, em especial, dos EUA, que joga com sua pesada máquina militar, seu aparato de espionagem e suas poderosas ferramentas de propaganda e de chantagem econômica.
É do meio do Golpe – e todas as suas arbitrariedades diárias – que nos encontramos hoje. Cada dia conta, mas alguns dias fazem diferença na História do Mundo. Esse é um deles. Querem levar a prisão – usando de arbitrariedade sobre arbitrariedade – a maior liderança popular de toda América Latina. Querem mais uma vez afirmar a força das botas, das armas e do dinheiro sujo de sangue contra o sonho feito de suor e lágrimas do povo em busca de liberdade e justiça.
Diante disso, com o coração tremendo de indignação diante das arbitrariedades, nos perguntamos qual o profeta: “Até quando Senhor?”.
Ainda não sabemos qual a resposta final.
Ao mesmo tempo, ouvimos o eco das outras palavras do profeta, que como sopro Divino, nos instiga a não desistir. Pelo contrário, qual outro poeta-profeta, insistimos em dizer que “atordoado eu permaneço atento”. Mais que atentos: tomando a História nas mãos, ousamos a escrevê-la em tábuas, com a mais forte de todas as tintas: o sangue das e dos mártires, “dos quais o mundo não era digno” (Hb. 11:38)
Sangue das mulheres em luta por sua dignidade ao longo de milhares de anos, muitas das quais anônimas, seguem se ouvindo falar; sangue de negras e negros que foram submetidos a escravidão, mas se rebelaram tantas vezes, criando resistência, e deixando um legado de coragem até a última gota de sangue. Sangue do Dr. Rev. Martin Luther King Jr. Sangue de Dorothy Stang. Sangue de Chico Mendes. Sangue de Marielle Franco. Sangue do profeta Nazareno, torturado e morto pelo império vigente, Jesus.
É com esse sangue, que hoje escrevemos, parafraseando o Monsenhor Oscar Romero: se prenderem o Lula, ele seguirá livre em cada uma e cada um de nós que se recusa a deixar que as forças do mal e da maldade tenham a última palavra.
Nesse compromisso de vida, profetizamos, que a esperança há de vencer o medo!
Joel Zeferino
Presidente da Aliança de Batistas do Brasil
Fonte: CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Grupos contrários ao ex-presidente Lula protestaram na noite desta terça-feira(03) em diversas capitais do País. As principais lideranças foram o Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem pra Rua. Ambos pedem que não seja concedido o habeas corpus ao petista no julgamento que ocorre nesta quarta-feira (04) no Supremo Tribunal Federal (STF).
São Paulo
O líder do MBL Kim Kataguiri disse antes de subir no carro de som do movimento, na Avenida Paulista, que o (STF) não deveria se deixar pressionar, mas salientou que o ato de hoje é “contraponto” à pressão de parlamentares e advogados.
“Acho que o Judiciário não deveria dar margem a pressões externas, sejam políticas ou populares, mas infelizmente o que a gente viu na decisão da liminar de não prender Lula enquanto não houvesse julgamento do habeas corpus foi pura pressão política, porque não existe nenhuma previsão legal pra isso. Então, pra contrapor essa pressão de parlamentares, de advogados, que tem ido ao Supremo, batido de porta em porta em porta, de gabinete em gabinete, pra que o Supremo mude esse entendimento, a gente faz essa pressão e eu acredito que sim, vai fazer diferença”, afirmou.
O pré-candidato à Presidência da República pelo PRB, Flávio Rocha, disse que veio para a manifestação na Avenida Paulista por ser contra a impunidade, e não contra um ou outro “bandido”. Perguntado sobre a prisão de amigos do presidente Michel Temer, soltos no fim de semana, ele afirmou que as manifestações também servem para essas figuras. O presidenciável admitiu que sua presença no ato pode servir como palanque. “Eu estou defendendo minhas posições. Se é palanque, é um palanque legítimo”, disse. Rocha, que tem o apoio do Movimento Brasil Livre (MBL) para sua pré-candidatura, defendeu que o País precisa discutir uma reforma do Estado, e não apenas prender corruptos. “Hoje muitos corruptos são tentados a entrar na política. É preciso tirar o presunto da sala, aqui só estamos espantando as moscas.” Ele afirmou que a manifestação deve lembrar a prisão de amigos do presidente Michel Temer, e não apenas Lula. “Ninguém pode ter bandidos favoritos, você é a favor ou contra a corrupção. Estamos lutando contra a impunidade e para o STF manter a posição tomada [sobre a prisão após condenação em segunda instância].”
Miguel Reale Junior, autor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, afirmou que “é um momento crucial”. “O País conseguiu romper com o vetor da corrupção. O povo percebeu que precisa quebrar com o que vem sendo sofridamente realizado no Brasil”
Durante a manifestação, Roberto Livianu, promotor do Instituto Não Aceito Corrupção, pediu mudanças no mandato dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “É o momento de repensarmos sobre o STF, os ministros têm de ser escolhidos pela população. Não é razoável que permaneçam infinitamente no poder”.
O cantor Paulo Ricardo discursou em cima de um dos carros do movimento “Nas Ruas” e lamentou a situação do Brasil. “Por causa da corrupção muitas das melhores mentes do Brasil acabam saindo do País”.
Renato Felder, fundador do ranking dos políticos disse que essa é a hora de mudanças: “É uma onda que veio para ficar. A política mudou no Brasil. Agora é importante que o Congresso passe pela mesma limpeza. É hora do eleitor mostrar que sabe votar. O ranking é a ferramenta porque toda a memória dos senadores e deputados federais está lá, cada centavo gasto, tudo”.
Rio de Janeiro
Os manifestantes se reuniram na Avenida Atlântica, no quarteirão entre a Xavier da Silveira e a Miguel Lemos. O trânsito foi interrompido na via, na altura do Posto 5. “Lula na papuda. O Brasil não é igual a Cuba” e “A nossa bandeira jamais será vermelha” são os gritos de ordem dos manifestantes, vestidos de verde e amarelo.
O ex-casseta Marcelo Madureira discursou em Copacabana sob fortes aplausos. “Viemos pra rua fazer valer nosso direito. Estamos do lado da Justiça e da democracia”, discursou. Entre os manifestantes reunidos na orla, muitos exibem a camiseta com a inscrição “Bolsonaro presidente”.
Brasília
O protesto em Brasília contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu uma série de pautas que não têm a ver com o pedido de habeas corpus do ex-chefe do Executivo: religiosos criticam o aborto, houve faixas contra o comunismo e a favor de uma intervenção militar e, do carro de som, sobraram gritos contra o uso de dinheiro público em campanhas, o novo Fundo Eleitoral.
Havia muitos apoiadores do juiz Sérgio Moro e eleitores do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato a presidente. Os rostos de ambos estampavam camisas de manifestantes. Por causa da chuva, organizadores convocaram, do carro de som, pessoas para voltar à Esplanada nesta quarta-feira (04), dia do julgamento do recurso de Lula, mas os manifestantes permaneceram em frente ao Congresso.
O Movimento Limpa Brasil, que levou carro de som ao Congresso, deu a palavra a um dirigente Associação Comercial do Distrito Federal, instituição apresentada como parceira do grupo. O protesto teve música ao vivo: de sátiras a “Lula Santo” e à “mala de Geddel” a sucessos de Jorge Ben Jor.
Os governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e do Piauí, Wellington Dias (PT), confirmaram viagem a São Paulo amanhã para assistir ao julgamento ao lado de Lula.
Curitiba
A expectativa inicial era de reunir cerca de 3 mil pessoas, mas no começo da noite, as manifestações começaram a atrair pessoas que saíam do trabalho e os organizadores chegaram a estimar a presença de 18 mil pessoas – o que não correspondeu às observações da Polícia Militar.
Para o coordenador do MBL no Paraná, Júnior Ramos, o mais importante é a mensagem que os atos em todo o Brasil pretendem passar à Justiça: “Não só Lula, mas vários outros vão acabar saindo da prisão e pode complicar ainda mais a situação da Lava Jato. A manifestação popular tem o objetivo de abrir os olhos do STF do que pode acontecer”, afirma Ramos.
Na frente do prédio da Justiça Federal, os manifestantes gritaram palavras de ordem em favor do juiz Sérgio Moro (que estava no prédio, mas não saiu para prestigiar o grupo). De camisas amarelas e apitos, os participantes penduraram faixas nas grades do edifício, com frases de apoio à Operação Lava Jato.
Na Boca Maldita, os animadores gritaram palavras de ordem pela prisão imediata de Lula. “As pessoas de bem deste País não podem aceitar que o STF liberte este bandido”, disse um empresário, presente no ato ao lado de toda a família.
A Netflix é agressiva em suas ações de marketing. Para divulgar O Mecanismo, série que estreou na sexta-feira (23/3), a gigante do streaming apostou na ironia para chamar atenção.
A empresa montou um showroom no embarque do Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubitschek com produtos de interesse dos… corruptos.
Há uma enorme variação de cores e modelos de tornozeleiras eletrônicas, assim como cuecas de bolso para guardar dinheiro – sonho de consumo dos doleiros.
Estrelado por Selton Mello, Enrique Diaz e Caroline Abras, O Mecanismo é baseado nos escândalos recentes desvelados pela Lava Jato. Entre os itens expostos, está o livro Delação Premiada para Leigos.
Tem tudo para ser um grande sucesso, a série e os objetos de desejo dos encrencados.
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