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Reunidos fragmentos de texto bíblico separados há séculos

Texto reconstituído permite acompanhar evolução do relato bíblico do Êxodo ao longo dos milênios

Associated Press

Duas partes de um antigo manuscrito bíblico, separadas por séculos, foram reunidas pela primeira vez numa mostra conjunta nesta sexta-feira, 26, graças a uma descoberta acidental que está ajudando a iluminar um período obscuro na história da Bíblia hebraica.

Dan Balilty/AP

Dan Balilty/AP

Textos em hebraico separados há séculos ajudam a recosntituir a história da Bíblia

Os fragmentos, de 1.300 anos, que são alguns dos poucos manuscritos bíblicos hebraicos que sobreviveram à era em que foram escritos, existiram separadamente e com sua relação mútua ignorada até que uma fotografia de um, publicada em sua primeira exibição pública em Israel, chamou a atenção dos estudiosos que acabaram por ligá-os.

Juntos, compõem o Segundo Cântico do Mar, cantado pelos israelitas após a fuga do Egito, enquanto assistiam à destruição dos exércitos do faraó no Mar Vermelho.

Uma mostra no museu nacional de Israel, dedicada ao Cântico do Mar, agora está unindo as duas peças.

Uma página do cântico, conhecida como o Manuscrito Ashkar, estava abrigada numa biblioteca de livros raros na universidade Duke, nos EUA, e foi exibida pela primeira vez em Israel em 2007.

Foi nessa oportunidade que a fotografia do manuscrito apareceu em um jornal e chamou a atenção de dois paleógrafos israelenses, Mordechay Mishor e Edna Engel, que notaram a semelhança com uma outra página em hebraico, o Manuscrito de Londres, que é parte de uma coleção particular.

“A uniformidade das letras, a estrutura do texto e as técnicas usadas pelo escriba… ficou muito claro para mim”, disse Engel.

A relação não seria óbvia para o observador leigo. O Ashkar está escurecido pela exposição aos elementos e o texto está praticamente invisível, enquanto o Londres é legível e se encontra muito melhor preservado.

Mas após estudos com raios ultravioleta, os especialistas confirmaram que os textos não só foram escritos pela mesma mão, mas eram parte de um mesmo rolo de pergaminho.

Estudiosos acreditam que o pergaminho foi escrito por volta do século sétimo, em alguma parte do Oriente Médio, possivelmente no Egito. Não se sabe como essas partes foram separadas, ou o que aconteceu com o restante do material escrito.

O museu em Israel providenciou para que o Londres fosse levado a Jerusalém. A nova mostra descreve como o Cântico do Mar foi composto por meio de vários manuscritos antigos, dos Manuscritos do Mar Morto, que têm 2.000 anos, até o chamado Códice de Alepo, escrito quase mil anos mais tarde.

A reunificação dos fragmentos é um elo importante na corrente, mostrando como a escrita da Bíblia hebraica evoluiu ao longo do chamado período “silencioso” – entre os séculos terceiro e décimo – do qual não resta praticamente nenhum texto bíblico.

O Cântico nos Manuscritos do Mar Morto está escrito como prosa, por exemplo, e no manuscrito reunido, em versos.

Dentes achados em Israel despertam dúvidas sobre a origem do homem

Antropólogos acreditam que descoberta pode significar mudanças na origem do homem moderno

 

estadão.com.br

 Oito pequenos dentes encontrados em uma caverna perto de Rosh Haain, no centro de Israel, estão levantando questionamentos sobre a origem dos seres humanos, diz o antropólogo Rolf Quam, da Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos. Junto com ele, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Tel Aviv vem investigando a descoberta, publicada no American Journal of Physical Anthropology.

Rolf Quam/Divulgação

Rolf Quam/Divulgação

Vestígios podem ter até 400 mil anos

Escavados na caverna de Qesem, um sítio pré-histórico descoberto em 2000, os dentes têm formato e tamanho muito semelhantes aos do homem moderno, o Homo sapiens, que também foram encontrados em outros sítios de Israel – o novo achado, porém, revela restos muito mais antigos do que todos os outros já encontrados.

Os dentes encontrados são de um período entre 200 mil e 400 mil anos atrás. Segundo os pesquisadores, vestígios humanos dessa época são bastante escassos. “Temos ainda muitos dos neandertais e Homo sapiens a partir de tempos mais recentes, cerca de 60 a 150 mil anos atrás, mas os fósseis de períodos anteriores são raros”, disse Rolf Quam. Para o antropólogo, os dentes podem fornecer informações sobre quem foram os ocupantes da região e as relações evolutivas que se estabeleceu com fósseis posteriores.

África. Atualmente, os antropólogos acreditam que os humanos modernos e neandertais compartilham um ancestral comum que viveu na África mais de 700.000 anos atrás. Alguns dos descendentes desse ancestral comum teriam migrado para a Europa e se desenvolvido para neandertais. Outro grupo permaneceu na África e evoluiu para o Homo sapiens, que posteriormente migrou para fora do continente. Se os restos de Qesem estiverem ligado diretamente à espécie Homo sapiens, isso poderia significar que o homem moderno se originou no que hoje é Israel ou pode ter migrado da África muito antes do que é reconhecido hoje em dia.

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Imagens reforçam tese de que cobras tinham patas no passado

Folha.com

Imagens tridimensionais de raios-X ultranítidas de um fóssil de 95 milhões de anos, encontrado no Líbano, lançaram luz sobre como as cobras evoluíram de lagartos com patas, anunciaram cientistas em um estudo publicado no “Jornal de Paleontologia de Vertebrados”, na quarta-feira.

O fóssil de Eupodophis desouensi, medindo 50 centímetros, revela uma pequena pata posterior presa à pélvis do animal. Ela estava enterrada debaixo de seu corpo e só se tornou visível graças à nova técnica.image

A descoberta reforça teorias segundo as quais as cobras teriam evoluído dos lagartos, até que finalmente perderam os membros totalmente, após terem sido bem-sucedidas em habitats onde rastejar ou deslizar lhes deu uma vantagem.

As novas imagens mostram que o E. desouensi, neste momento do período Cretáceo, estava no meio do caminho desta mudança.

A pata residual aparece dobrada em sua articulação, com vestígios de ossos do pé ou de dedos.

Chantal Argoud – 8.fev.2011/AFP

Perna da cobra fossilizada "Eupodophis desouensi"; imagens tridimensionais dão novos indícios de evolução

Perna da cobra fossilizada “Eupodophis desouensi”; imagens tridimensionais dão novos indícios de evolução

“Fósseis como este são a chave para compreendermos a origem das cobras porque eles mostram uma etapa intermediária do desenvolvimento” destes animais, explicou Alexandra Houssaye, paleobióloga do Centro Nacional de Pesquisas Científicas francês (CNRS, na sigla em francês).

A imagem foi obtida mediante uma técnica denominada laminografia de síncrotron, que usa raios X de alta resolução para sondar abaixo da superfície e identificar detalhes de até alguns milionésimos de metros de comprimento.

Foi feita uma rotação de 360 graus no fóssil enquanto este foi escaneado, o que forneceu uma imagem tridimensional similar à popular tomografia computadorizada empregada em hospitais.

O E. desouensi foi descoberto há dez anos e causou comoção na época porque uma pequena pata traseira com apenas dois centímetros de comprimento foi encontrada na superfície do fóssil. Especialistas ponderaram, durante muito tempo, se uma segunda pata traseira poderia ser vista.

Não há vestígios de patas dianteiras, o que indica que estes membros já tinham sido eliminados, sob pressão da evolução.