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A FACE JUDAICA-TEMPLÁRIA DA MAÇONARIA

Na obra “Antigas Letras”, o Grão-Mestre Leon Zeldis 33º, da Maçonaria de Israel (The Grand Lodge of the State of Israel), chama a atenção para o fato de que os textos religiosos hebraicos onde aparecem os nomes divinos de Deus não são destruídos quando envelhecem, mas enterrados ou guardados em um lugar especial da sinagoga conhecido como guenizá.
Diz a tradição judaica que qualquer fragmento de um texto sagrado que contiver o nome do Criador deve ser enterrado de acordo com determinados rituais. Entretanto, com o passar dos séculos e em função das perseguições sofridas pelos judeus, muitos documentos hebraicos foram apenas escondidos, daí o nome de guenizá (esconderijo), que corresponde em hebraico ao termo lignoz e significa guardar, manter secreto.
Provavelmente, quando os primeiros templários chegaram a Terra Santa comandados por Hugues de Payen, em 1118, quase duas décadas após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados (1099), o objetivo real de sua presença não ficaria apenas circunscrito a dar proteção aos peregrinos que se deslocassem a Jerusalém.
O grupo de nove nobres franceses oriundos da região de Provença que se estabeleceu na ala leste do palácio do rei Balduíno II, patriarca de Jerusalém, sob o nome de Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, passou quase dez anos promovendo escavações na área da Mesquista de Al-Aqsa, erguida sobre o local onde existiram dois grandes templos judaicos: o primeiro Templo, construído em 960 antes da Era Comum pelo rei Salomão e destruído por Nabucodonosor, da Babilônia, em 586 a.E.C., e o segundo Templo, reconstruído cinquenta anos depois no mesmo local e que resistiu até 70 da E.C. quando foi arrasado pelas legiões romanas.
No livro “A Chave de Hiram”, os autores maçons Christopher Knight e Robert Lomas destacam que os clérigos que acompanhavam os cavaleiros templários eram “todos capazes de ler e escrever em muitas línguas e eram famosos por suas habilidades em criar e decifrar códigos”. E transcrevem um comentário do historiador francês Gaetan Delaforge sobre os reais motivos dos templários: “A verdadeira tarefa dos nove cavaleiros era realizar uma pesquisa na área para recuperar certas relíquias e manuscritos que continham a essência das tradições secretas do Judaísmo e do Antigo Egito, algumas das quais provavelmente datavam do tempo de Moisés” (The Templar Tradition in the Age of Aquarius).
UMA ORDEM ACIMA DE REIS E RAINHAS
Legitimada pelo papa Honório II em 31 de janeiro de 1128, a Ordem do Templo ganhou estatuto, regras e um comandante: o Grão-Mestre Hugh de Payens. Havia mais de 600 artigos no estatuto dos templários, segundo o historiador inglês Piers Paul Read, autor de “Os Templários”, sendo que a regra 325 relacionava-se com o uso de luvas de couro, que era consentido apenas aos capelães e aos pedreiros construtores de santuários e fortalezas. Mas, “em nenhum lugar havia qualquer menção a peregrinos ou à sua proteção, aparentemente ignorando a única razão para a criação dessa Ordem” (A Chave de Hiram).
O papa seguinte, Inocêncio II, através da bula “Omne datum optimum” (1139), estabelece privilégios que tornam a instituição independente de toda interferência de autoridades políticas e religiosas. Segundo a encíclica, os templários só deviam obediência ao Papa.
Durante os próximos 200 anos a Ordem do Templo cresce e se expande em poder e riqueza, recebendo doações em dinheiro e propriedades na Europa. De acordo com os investigadores históricos ingleses, Michael Baigent e Richard Leigh, que pesquisaram a herança templária no surgimento da maçonaria, “em meados do século 12, a Ordem do Templo já tinha começado a se estabelecer como a mais poderosa e rica instituição isolada em toda a Cristandade, com exceção do Papado, com frotas de navios, territórios extensos e ligações secretas com líderes sarracenos” (O Templo e a Loja). Esses mesmos autores e mais Henry Lincoln ainda afirmam que coube aos templários criar e estabelecer a moderna instituição bancária. “Através de empréstimos de vastas somas a monarcas necessitados, tornaram-se os banqueiros de todos os tronos da Europa” (O Santo Graal e a Linhagem Sagrada).
Com a perda de Jerusalém para os muçulmanos em 1291, a Ordem do Templo se transfere para Chipre. A ilha tinha sido conquistada pelo rei Jayme I (Coração de Leão), da Inglaterra, em 1191, e vendida, anos depois, para os templários. Em 1312, a Ordem é oficialmente extinta por um decreto papal emitido por Clemente V, sem que um veredicto conclusivo de culpa tenha sido pronunciado. Através da bula Vox in excelso o Papa extingue a Ordem do Templo “proibindo estritamente qualquer um de conjeturar em entrar para a referida Ordem no futuro, ou de receber ou usar seu hábito, ou de agir como um templário” (Os Templários). Em bula subsequente, a Ad Providam, todos os bens e propriedade dos templários são transferidos para a Ordem dos Hospitalários, uma instituição similar a dos templários, que também funcionava na Terra Santa.
Na França, por ordem do rei Filipe IV, o Belo, os templários são perseguidos, presos e torturados. A Inquisição também se alastra por toda a Europa. As acusações concentram-se em supostas heresias e rituais praticados pelos membros da Ordem. O seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, é queimado até a morte, na Ile de la Cité, no Sena, em 1314.
ESTADO TEMPLÁRIO PREOCUPAVA A IGREJA:
Setecentos anos depois desses acontecimentos, dúvidas ainda persistem sobre a verdadeira natureza da Ordem e de seus cavaleiros. Seriam eles guardiões de um conhecimento secreto adquirido na Terra Santa em contato com outras culturas ou mesmo oriundo de documentos sobre as origens do Cristianismo descobertos nas escavações? Para Baigent e Leigh, o impacto de antigas formas de pensamento cristão, não Paulinas, podem ter influenciado as atividades da Ordem no seu projeto para a criação de um Estado Templário e na sua política de reconciliar o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. “Os templários não negociavam apenas dinheiro, mas pensamentos também. Através de seu contato com as culturas muçulmana e judaica, começaram a atuar como introdutores de novas ideias, novas dimensões do conhecimento, novas ciências” (O Santo Graal…).
A pesquisadora da Biblioteca do Vaticano, Bárbara Frale, em artigo publicado no “L’Osservatore Romano” (21.08.2008), jornal oficial da Santa Sé, afirma que os documentos originais do processo contra os templários, encontrados no Arquivo Secreto do Vaticano, demonstram que foram infundadas as acusações de que os cavaleiros praticavam em segredo ritos pagãos e haviam abandonado a fé cristã. De acordo com a autora, os templários não eram hereges e o que se descobriu nas atas conservadas no Vaticano é que “a disciplina primitiva do Templo e o seu espírito autêntico se haviam corrompido com o passar do tempo, deixando a porta aberta para a difusão de maus costumes” (Revelações do Arquivo Secreto do Vaticano: templários não foram hereges,no portal Zenit).
Aí caberia a indagação: quais seriam os “maus costumes”, segundo a avaliação da pesquisadora, adquiridos pelos templários? No mesmo artigo, Frale reconhece que “ainda há verdadeiramente muito que investigar” e adianta que o estudo da espiritualidade desta antiga ordem religiosa dará à cultura contemporânea novos motivos de discussão.
ESCÓCIA: REFÚGIO DOS TEMPLÁRIOS E BERÇO DOS MAÇONS:
Da extinção oficial da Ordem até a fundação da primeira grande Loja Maçônica em Londres (1717), a trinca de autores do “Santo Graal e a Linhagem Sagrada” registra que os templários ingleses e franceses encontraram refúgio na Escócia (país que ignorou a bula papal), e muitos deles também se integraram a outras Ordens e sociedades secretas na Alemanha, Espanha e Portugal. Conta-se que em 1689, na batalha de Killiecrankie, na Escócia, um dos aliados do rei Jayme II da Inglaterra, John Claverhouse, visconde de Dundee, estava usando uma antiga vestimenta da Ordem do Templo, de antes de 1307, quando foi morto na luta. A referência ao fato foi publicada no jornal da primeira Loja de Pesquisas Maçônicas do Reino Unido (Quatuor Coronati), em 1920: “Lorde Dundee perdeu sua vida como líder do Partido Escocês Stuart. Segundo o testemunho do abade Calmet, ele teria sido Grão-Mestre da Ordem do Templo na Escócia” (O Santo Graal…).
Mas, muito tempo antes, nos meados do século 16, um manuscrito já comprovava a existência dos chamados franco-maçons e a sua subordinação à monarquia dos Stuart, principalmente ao soberano escocês Jaime I (1566-1625), que também foi rei da Inglaterra e da Irlanda. O historiador maçônico, Robert F. Gould, em “The History of Freemasonry”, transcreve o que era exigido dos franco-maçons à época: “… que sejais homens leais ao rei, sem nenhuma traição ou falsidade e que não tolerais qualquer traição ou falsidade, tratando de combatê-las ou notificá-las ao rei”. Segundo definição de um ilustre estudioso maçom José Maria Ragon (1781-1866), o termo franco-maçom somente se aplicaria àqueles que efetivamente cooperassem na obra de instrução e regeneração da humanidade. Os demais membros de obreiros construtores e integrantes da corporação de pedreiros seriam denominados simplesmente maçons.
Observa-se que a Grande Loja da Inglaterra, criada para centralizar a franco-maçonaria inglesa e que se constituiu no marco oficial da imagem pública da Maçonaria, foi instituída em 24 de junho de 1717, data emblemática para os templários e que lembra o nascimento de João, o Batista. A devoção a essa figura histórica é um dos elos que ligam os franco-maçons aos templários. Segundo o “Dicionário de Maçonaria”, de Joaquim Gervásio de Figueiredo 33.º, João Batista é o patrono da Maçonaria e todas as lojas maçônicas simbólicas são intituladas Lojas de São João.
A TRADIÇÃO JUDAICA DOS ESSÊNIOS:
Preso e decapitado em 32 da E.C. por ordem de Herodes Antipas, governador da Galiléia, Yochanan ben Ezequiel (nome hebraico de João Batista) provavelmente era membro da seita dos essênios, uma comunidade judaica que existiu durante os dois últimos séculos da era do Segundo Templo (150 antes da E.C. a 70 da E.C.). Historiadores judeus do século I, Flavio Josefo e Philo de Alexandria, registraram a presença desse grupo ascético, que praticava um Judaísmo ultra-ortodoxo, com jejuns frequentes e banhos rituais diários, e que habitava o deserto da Judéia, entre Jericó e Ein Guedi.
A partir de 1947, e até 1956, com a descoberta dos pergaminhos nas cavernas de Qumran (os manuscritos do Mar Morto), a tese de que os essênios eram seus autores ganhou força entre estudiosos e peritos de várias nacionalidades. Segundo Leon Zeldis 33º, os iniciados da comunidade de Qumran, cujas idades variavam entre 25 e 50 anos, aprendiam a “amar a justiça e ter aversão à maldade”. Consideravam-se herdeiros dos reis sacerdotes, simbolizados por Salomão (do hebraico Shlomo, que deriva da palavra Shalom-paz) e Melquizedek (do hebraico Malki-Tzadik, rei justo), rei de Salem (a atual Jerusalém), à época de Abraão. Alguns de seus membros, como João, o Batista, faziam votos de nazareos – do hebraico “nazir” que corresponde a “separado” ou “consagrado”. Os autores do livro “A Chave de Hiram” acreditam que “a voz que clama no deserto” poderia ser a de João Batista “que viveu uma vida dura no deserto, de retidão qumraniana, comendo apenas os alimentos permitidos, usando um cinturão de couro e uma túnica de pelo de camelo”.
Na obra “Os Manuscritos do Mar Morto”, o professor e doutor em teologia Geza Vermes destaca que os membros da seita se consideravam “o verdadeiro Israel”, fiéis representantes das autênticas tradições religiosas. Os sacerdotes, chamados de “filhos de ZadoK” (o sacerdote da Casa de David), se constituíam na autoridade máxima da comunidade. A hierarquia era rigorosa. Cada membro era inscrito na “ordem de seu grau”. O mais alto cargo recaía na pessoa do Guardião, conhecido também como “Mestre” (maskil, em hebraico). Eram também instruídos a reconhecer “um filho da Luz” de um “filho das Trevas”. Na lista de infrações e de suas penas correspondentes, o pecado mais grave que demandaria em imediata expulsão da congregação seria qualquer tipo de transgressão, por ato ou omissão, às diretrizes da Lei de Moisés.
Em um dos manuscritos – o Preceito do Messianismo – é especificado que somente a partir dos 30 anos os homens eram tidos como maduros, podendo participar das assembleias, de casos em tribunais e tomar assento nos altos escalões da seita. O neófito vindo de fora que se arrependia de seu “caminho de corrupção”, iniciava-se “no juramento da Aliança” no dia em que conversava com o Guardião, mas nenhum estatuto da seita deveria ser divulgado a ele. Na avaliação do professor Geza Vermes, o retrato que assoma da leitura dos manuscritos em relação às ideias e aos ideais religiosos dos essênios é uma observância fanática à Lei de Moisés. No campo político, os essênios eram frontalmente contra a dinastia de Herodes e o domínio dos romanos sobre a Terra Santa.
LIVROS SECRETOS DE MOISÉS:
Dizimada pelos romanos em 66-70 da E.C., a comunidade de Qumram pode ter enterrado sua história, seus segredos e sua tradição secreta ligada a Moisés em algum lugar do templo de Jerusalém, seguindo a prática judaica de não destruir documentos sagrados (a cidade de Jerusalém fica a 40 minutos de carro de Qumram). Na obra “A Chave do Hiram”, os autores aventam a hipótese desses manuscritos terem sido descobertos pelos templários, no século 12, em função das sigilosas escavações realizadas no local por mais de uma década. No livro “A Odisséia dos Essênios”, o historiador britânico Hugh Schonfield faz referência aos livros secretos que Moises teria dado a Josué para que ele os mantivesse ocultos “até os dias de arrependimento”.
No livro do escritor francê Michel Lamy – Os Templários. Esses senhores de Mantos Brancos/1997 – é lembrado o interesse do abade Estevão Harding, amigo e mentor de Bernardo de Clairvaux (incentivador da criação da Ordem dos Templários e autor de suas regras), por textos hebraicos. O abade procurava a ajuda de rabinos nas suas traduções do hebraico dos livros do Velho Testamento. Para Lamy, esse intenso interesse por textos hebraicos demonstram a crença na existência de um tesouro oculto enterrado sob o monte do Templo e algum tipo de relação com o lugar que mais tarde se tornou a moradia dos templários. O historiador Piers Paul Read também destaca que uma das primeiras traduções encomendadas pelos templários na Terra Santa foi a do “Livro dos Juízes”, do Velho Testamento. “Havia uma íntima e inquestionável identificação dos cristãos da Palestina com os israelitas de antigamente” (Os Templários).
Erguido pelo rei Salomão para abrigar a “Arca da Aliança” – relicário das palavras divinas a Moisés no deserto – , o grande Templo de Jerusalém concentrava nesse local toda a sua santidade. Construído sobre o Monte Moriá, o aposento onde ficava a arca sagrada era o lugar mais recôndito do Templo, chamado de “o Sagrados dos Sagrados” (Kodesh há-Kodashim), recinto cuja santidade era tal que somente o grande sacerdote (Cohen Gadol, em hebraico) tinha permissão de lá entrar, uma única vez durante o ano, no Dia do Perdão – Yom Kipur (Revista Morashá).
A adoção pelos templários e maçons dessa simbologia estruturada nos mistérios e segredos que se iniciam com Abraão, tem seu ápice em Moisés, se perpetua com a construção do Primeiro Templo por Salomão e sofre transmutações generalizadas a partir dos primórdios da Era Comum, após a destruição da comunidade de Qumram, ainda permanece envolta em véus em sua nascente e tem se mostrado um desafio para a Igreja Católica. De igual forma, a imensa quantidade de publicações, teorias e suposições a respeito do tema ainda não produziu uma resposta diferente daquela que anima e justifica o trabalho da maioria dos pesquisadores: a da “busca pela verdade” .
OS GUARDIÕES DA ALIANÇA:
Em “As Intrigas em torno dos Manuscritos do Mar Morto”, o leitor acompanha a trajetória dos manuscritos, desde das primeiras descobertas no deserto da Judéia, em 1947, durante o mandato britânico na Palestina, até o início da década de 1990, quando o conteúdo de muitos documentos ainda não tinha sido divulgado. A batalha para o livre acesso e publicação de mais de 800 manuscritos por parte de inúmeros pesquisadores de renome mundial é relatada por Michael Baigent e Richard Leigh que culpam a chamada “equipe internacional” comandada pelo padre Roland de Vaux, da École Biblique de Jerusalém, de manter por longo tempo o monopólio sobre os manuscritos. A polêmica se estendeu até a imprensa através das páginas do influente jornal americano New York Times que em editorial publicado em 9 de julho de 1989 criticou a morosidade das pesquisas, observando que “passados 40 anos, um círculo de estudiosos indolentes continua esticando o trabalho, enquanto o mundo espera e as preciosas peças vão se desmanchando em pó”.
Hoje sabemos que os membros da comunidade de Qumram costumavam referir-se a si próprios como “os guardiões da Aliança”. Tal conceito se baseia essencialmente na grande importância da “Aliança”, que impunha um voto formal de obediência, total e eterna, à Lei de Moisés. Daí a expressão “Ossei ha-Torá”, encontrada em um dos pergaminhos, que pode ser traduzida por “Agentes da Lei”, expressão talvez que fosse a origem da palavra essênio (As intrigas em torno dos Manuscritos…). Mas, para o pesquisador Robert Eisenman, autor de vários livros sobre os Manuscritos, termos como essênios, zadoques, zanoreanos, zelotes, sicários, ebionitas (os pobres) apontam para um mesmo grupo ou movimento ortodoxo de rigoroso cumprimento da lei mosaica.
Em seu estudo “Paulo como herodiano”, apresentado na Sociedade de Literatura Bíblica (Society of Biblical Literature), em 1983, Eisenman credita a Paulo (Saulo de Tarso) o papel de agente secreto dos romanos, após ser ameaçado de morte pelos “zelosos da Lei”. A partir dos manuscritos e de referências encontradas no Novo Testamento, o pesquisador afirma que a entrada de Paulo em cena mudou o rumo da história. “O que começou como um movimento localizado dentro da estrutura do Judaísmo existente, e cuja influência se restringia aos limites da Terra Santa, se transformou em algo de uma escala e magnitude que ninguém na época poderia ter previsto. O movimento que estava nas mãos da comunidade de Qumran foi efetivamente convertido em algo que não tinha mais lugar para seus criadores” (As Intrigas em torno dos Manuscritos…).
Para os autores ingleses de “A Chave de Hiram”, Saulo de Tarso não conhecia profundamente os ritos nazoreanos da comunidade de Qumram e a sua simbologia da “ressurreição em vida”, cerimônia adotada pela Maçonaria em seu ritual de 3º Grau. Em um dos manuscritos encontrados, denominado “Preceitos da Comunidade”, é explicado que ao entrar na comunidade o sectário era elevado a uma “altura eterna” e unido ao “Conselho Eterno” e à “Congregação dos Filhos do Céu” (Geza Vermes, em “Os Manuscritos do Mar Morto”).
Outro importante estudioso dos manuscritos, o historiador John Allegro, em seu livro “The Treasure of the Copper Scroll” que traz a tradução completa do Manuscrito de Cobre, explica que “Qumram” é uma palavra árabe moderna e que no século I da E.C. o local era conhecido como Qimrôn, raiz da palavra hebraica que significa abóbada, arco, portal. O pesquisador também observou a utilização de códigos no Manuscrito de Cobre quando são citados os 64 esconderijos com metais preciosos e manuscritos pertencentes à Comunidade. Detalhe igualmente notado pelo padre J.T.Milik, que fazia parte da equipe internacional que analisou os manuscritos em Jerusalém. O religioso constatou a presença de técnicas de codificação críptica em alguns documentos secretos que continham informações sobre eventos futuros.
Autora: Sheila Sacks
Ilustração: Ir MM Daniel Martina Toupitzen
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Como é a religião satanista?

Diferentemente do que se imagina, essa crença não estimula a adoração a Satã. O foco é no indivíduo: ele é “seu próprio deus” e “seu próprio demônio”

SUGESTÃO PC Siqueira

ORIGEM PAGÃ

Assim como outras religiões, há várias vertentes com diferentes versões do satanismo. A mais tradicional é a Igreja de Satã, criada em 30 de abril de 1966, por Anton LaVey, autor da Bíblia Satânica. A data marca o início do equinócio (momento do ano em que dia e noite têm a mesma duração) da primavera.

SEM MAGIA NEGRA

Anton LaVey (1930-1997) foi músico, fotógrafo forense e estudioso do ocultismo. De sua avó do Leste Europeu, herdou o interesse por magia negra e superstições. Mas esse aspecto quase não existe na Igreja de Satã – ele diz que a fundou por iniciativa própria, sem invocar nenhum espírito ou demônio.

100% ATEU

Satanistas não acreditam em Deus. Mas também não creem no Diabo, como seria de se imaginar. Ele é considerado uma invenção do cristianismo. O foco da crença é no indivíduo: cada um é “seu próprio deus” e “seu próprio demônio”. A melhor coisa a se fazer é aproveitar a vida ao máximo, sem a típica culpa comum em muitas outras religiões.

SEM CHORO NEM VELA

Apesar de ser uma igreja, não há rituais – nada de casamento, missa ou batismo. Aliás, satanistas não acreditam em batismos de crianças porque elas ainda não possuem livre arbítrio para escolher a religião que querem seguir. Para se converter à Igreja, basta ler os livros básicos, como a Bíblia Satânica, e concordar com as regras. O sigilo de Baphomet (o pentagrama de ponta-cabeça, que aparece na ilustra acima) não tem valor ritualístico, mas está presente na sede da Igreja de Satã.

VOCÊ QUER? VOCÊ PODE

O satanismo não estimula a “maldade”. Mas coloca a liberdade pessoal e a busca pelo prazer acima de tudo. O praticante deve tratar os outros como eles o tratam: gentileza gera gentileza, mas se rolar maldade ele pode revidar na mesma moeda. Além disso, a Bíblia Satânica incentiva a busca pela sabedoria: o indivíduo deve estudar sempre, ampliar os horizontes, conhecer ideias diferentes, para não ficar preso em ilusões.

MANUAL DE INSTRUÇÕES

Bíblia Satânica não é considerada sagrada, como a Bíblia é para os cristãos e a Torá para os judeus. É só um texto com as orientações e os mandamentos dessa filosofia de vida. Ela está dividida em Livro de SatãLivro de LúciferLivro de Belial e Livro de Leviatã. Cada um aborda um assunto, como amor, ódio, sexo, crenças e regras de vida.

SATANIVER

Não há feriados oficiais. Já que o foco da fé é no indivíduo, a data mais importante é o aniversário do praticante. Ele também pode adotar festas de outras religiões (como o Natal), se assim quiser. Outras datas especiais são ligadas à natureza: muitos satanistas celebram os equinócios, os solstícios (momento do ano com o período diurno mais longo) e o Halloween (cuja origem está ligada à época das colheitas).

 

Os nove mandamentos

1. Satã é indulgência, e não abstinência

2. Satã representa a existência vital e não idealizações espirituais

3. Satã representa a sabedoria pura e não o autoengano hipócrita

4. Satã representa a bondade com quem merece e não com os ingratos

5. Satã representa vingança em vez de oferecer a outra face

6. Satã representa responsabilidade para os responsáveis em vez da preocupação com os vampiros psíquicos

7. Satã representa o homem como apenas um animal (às vezes melhor, às vezes pior que aqueles que andam nas quatro patas), que, por causa de seu “desenvolvimento espiritual e intelectual”, se tornou o mais perverso de todos

8. Satã representa todos os chamados pecados, já que todos eles levam a recompensas mentais, emocionais ou físicas

9. Satã tem sido o melhor amigo que a Igreja [cristã] já teve, porque a manteve funcionando todos estes anos

Os nove pecados

1. Estupidez

2. Pretensiosidade

3. Solipsismo (a crença de que não existe nada além da experiência individual)

4. Autoengano

5. Conformidade extrema

6. Falta de perspectiva

7. Esquecer as manipulações do passado

8. Orgulho contraprodutivo

9. Falta de estética

CONSULTORIA Cidadão Jared McGhee, agente da Igreja de Satã

FONTES Site Church of Satan; livros The Secret Life of a Satanist: The Authorized Biography of Anton Szandor LaVey, de Blanche Barton, e Children of Lucifer: The Origins of Modern Religious Satanism, de Ruben van Lui

  Fonte: Super interessante
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Por que a Justiça Social dos Batistas do Sul é, na verdade, sobre a suficiência das Escrituras?

O trailer do documentário Founders revela um desacordo maior sobre como abordar teorias seculares sobre raça e gênero.
Imagem: By What Standard trailer screenshot / Fundadores Ministérios
O pastor Tom Ascol é o presidente do Founders Ministries.

FALLOUT sobre um reboque polêmico documentário repreender uma suposta agenda de justiça social no seio da Convenção Batista do Sul marca o mais recente ponto de inflamação em confrontos em curso sobre a forma como a denominação deve envolver ideologias vêem como contrária às Escrituras.

Founders Ministries, um grupo Batista Sulista orientado para o calvinismo, anunciou em 1º de agosto que três de seus seis membros do conselho haviam renunciado devido a objeções ao trailer de um próximo documentário intitulado By What Standard? Abordando debates recentes sobre a justiça racial e os papéis das mulheres, o documentário alega “vacilar” o compromisso “com a autoridade e suficiência” da Bíblia entre alguns batistas do sul, disse o ministério.

Dois dos membros do conselho de saída – Tom Hicks e Fred Malone – disseram em declarações que concordam com as questões levantadas no documentário, mas acreditam que o trailer, que contou com clipes da reunião anual da SBC em junho, confundiu os problemas com os esforços da denominação. enfrentar o abuso sexual. (Inicialmente, o trailer de quatro minutos incluía uma imagem da sobrevivente de abuso sexual e defensora das vítimas, Rachael Denhollander. Após reclamações, o clipe foi removido.)

O outro membro do conselho demissionário, Jon English Lee, não divulgou nenhuma declaração.

No ano passado, mais dois membros do conselho fundador haviam se demitido, mas o presidente do ministério, Tom Ascol, disse que não citou diferenças teológicas ou filosóficas entre suas razões para partir.

Pelo menos três entrevistados que participaram do documentário – o presidente do seminário Daniel Akin, o pastor Mark Dever e o autor Jonathan Leeman – pediram para serem removidos do filme por causa de “preocupações sobre o tom, o teor e o conteúdo do documentário completo”. Vários outros participantes discordaram do trailer.

Esses líderes não representam extremos opostos da maior denominação protestante da nação. Os Batistas do Sul que estão discutindo a abordagem dos Fundadores compartilham muitas convicções básicas com o ministério, não apenas a inerrância da Escritura, mas também uma oposição ao feminismo radical e à teoria crítica da raça que ditam o engajamento social da igreja. Uma diferença fundamental entre os conservadores Batistas do Sul vem do quanto eles estão dispostos a aprender com elementos de ideologias seculares, em oposição a rejeitá-los abertamente.

Ascol, pastor da Igreja Batista da Graça em Cape Coral, Flórida, disse que a reação ao documentário ilustra quão desafiador pode ser para os cristãos que concordam com a inerrância das Escrituras e a exclusividade do evangelho para estabelecer uma estratégia comum para confrontar o erro na Bíblia. cultura.

Ascol disse CT que todos os envolvidos na discussão atual da SBC está comprometida com as Escrituras, mas há uma divisão entre aqueles que vêem aprendendo de ideologias seculares como uma ameaça à suficiência da Palavra e aqueles que “pensam que podemos usar as ferramentas dessas ideologias sem se queimar pelas próprias ideologias. ”

 “Inconsciente” do perigo?

As ideologias em questão tendem a envolver raça e gênero, que se tornaram tópicos quentes entre os batistas do sul nos últimos anos, como a denominação continua a contar com o racismo ao longo de sua história e lidar com a aplicação adequada do ensino complementarista.

Apesar do relativo acordo dentro da SBC em sua declaração de fé, The Baptist Faith and Message , diferentes abordagens sobre essas questões sociais vieram à tona na Convenção Batista do Sul durante pelo menos os últimos três anos, datando de divergências em torno das eleições presidenciais de 2016. .

Mais de 11.000 evangélicos conservadores – muitos deles batistas do sul – assinaram uma “Declaração sobre Justiça Social e o Evangelho” de 2018, alegando que “palestras sobre questões sociais” na igreja e “ativismo voltado para reformular a cultura mais ampla” tendem a se tornar distrações que inevitavelmente levam a afastamentos do evangelho ”.

Os Batistas do Sul adotaram recentemente uma resolução controversa sobre a teoria crítica da raça e interseccionalidade (CRT / I), que citou ambas as teorias como úteis para confrontar as divisões raciais, embora as teorias “tenham sido apropriadas por indivíduos com visões de mundo que são contrárias à fé cristã”.

Os membros da denominação estavam divididos: “Alguns batistas do sul afirmam que os insights do CRT / I podem ser apropriados para entender o sofrimento das populações vitimadas e para abordá-los com mais eficácia com o evangelho”, relatou o Texan Batista do Sul . “Outros dizem que as origens das teorias – tipicamente atribuídas ao pós-modernismo e ao neo-marxismo – minam sua utilidade para os crentes”.

Uma discussão no Twitter sobre mulheres como Beth Moore pregando na adoração pública despertou entre os batistas do sul na primavera passada e levou a um debate formal sobre o assunto em uma reunião dos fundadores em junho entre Ascol e Texas pastor Dwight McKissic, que também tem problema com sua interpretação no trailer do documentário.

Graças à internet, o debate entre os Batistas do Sul sobre como engajar questões sociais está acontecendo em tempo real e antes da igreja e do mundo que assiste. Ao mesmo tempo, os principais líderes e pastores da entidade buscaram abordar os principais momentos culturais de uma perspectiva bíblica, em vez de permitir que a ideologia secular ou esquerdista conduzisse a discussão.

A denominação esteve aqui antes. O Presidente do Seminário Teológico Batista do Sul, Albert Mohler, reconhece as “revoluções culturais maciças” que a igreja enfrenta hoje, e lembra-se de uma resistência à teologia liberal na década de 1970 que instituiu o ressurgimento conservador da SBC.

“Há ansiedade … que uma geração mais jovem não tenha consciência de muitos dos mesmos perigos” que levaram a SBC à esquerda no passado “e talvez desconhecem até que ponto muitas das maiores correntes da cultura foram adotadas”, disse ele. CT.

Mohler se distanciou do documentário dos Fundadores e disse não acreditar que exista um compromisso ideológico com as “doutrinas esquerdistas” da SBC, nem com esforços conscientes para afastar a denominação das Escrituras.

‘Wresting with’ justiça social

Olhando para trás ainda mais do que o ressurgimento conservador, o conflito sobre o envolvimento cultural na SBC não é novidade, de acordo com Carol Holcomb, professora da Universidade de Mary Hardin-Baylor, que estuda os batistas e o evangelho social.

Desde que o ensino do evangelho social surgiu no início do século 20, o SBC alternadamente o abraçou e denunciou. A reticência dos Batistas do Sul de se dedicar totalmente a causas sociais, disse Holcomb à CT, deriva em parte do desejo dos primeiros batistas do sul de defender a escravidão. Os fundadores da convenção criaram uma “elaborada defesa da escravidão” em meados do século XIX “que divorciou o indivíduo do pecado social” e levou a SBC a desenvolver “uma cultura religiosa” que “é inóspita para a justiça social”. Há muito tempo, disse ela, a resistência residual às causas sociais permanece.

Embora os batistas do sul tenham se preocupado com os males sociais, Holcomb disse que sua herança teológica torna difícil para eles “encontrar o evangelho dos dois / e” – abraçando a idéia de que “Jesus se importa com a pessoa como um todo” e não apenas a salvação de a alma. Alguns se concentram mais na salvação individual, enquanto outros incluem uma maior ênfase no ministério social com seus esforços evangelísticos, disse ela.

Criadores da Fé e da Mensagem Batista aparentemente viam o ministério social e o evangelismo como complementares e não como uma tensão. A declaração de fé da SBC defende tanto o dever de “fazer discípulos de todas as nações” quanto a “obrigação de procurar tornar a vontade de Cristo suprema em nossas próprias vidas e na sociedade humana”.

Para Ascol, a questão é fidelidade às Escrituras. Ele teme que alguns Batistas do Sul, embora comprometidos em teoria com a inerrância, estejam permitindo que outras ideologias além das Escrituras determinem suas crenças e práticas na igreja.

Por exemplo, ele disse, a Bíblia declara qualificações para pastores em 1 Timóteo 3: 1–7, mas alguns solapam a suficiência das Escrituras alegando que um pregador não está qualificado para declarar o ensino da Bíblia sobre raça, a menos que ele também estude extensivamente a experiência étnica. minorias. Similarmente, as Escrituras apresentam ensinamentos claros sobre os papéis de gênero, mas alguns afirmam que o ensino não pode ser entendido sem estudar extensivamente a experiência de ser mulher.

“Pode ser uma coisa muito boa” buscar a compreensão das experiências de outros crentes, disse Ascol. “Mas sugerir” que “de alguma forma não podemos conhecer a verdade a menos que façamos isso” implica que “a Bíblia realmente não é suficiente”.

Além disso, as vozes preocupadas com o lugar das iniciativas de justiça social na igreja se preocupam que tais prioridades possam desviar os esforços do evangelismo e da missão cristã.

Mark Coppenger, um professor aposentado de filosofia e ética no Seminário do Sul, disse: “Muitos evangélicos parecem pensar… ao se insinuarem na cultura (ou pelo menos não desligá-la), eles verão uma colheita de boa vontade e crescimento do reino. ”

No entanto, alguns defensores da justiça social a vêem como uma expressão do ensino e missão cristãos.

Kevin Smith, diretor executivo da Convenção Batista de Maryland-Delaware, onde cerca de 500 igrejas adoram em 41 idiomas diferentes, disse que abordagens variadas para o envolvimento cultural não devem perturbar a comunhão de crentes, como os Batistas do Sul, que “concordam com a pessoa e o trabalho”. de Jesus.

“Pelo menos metade do que está acontecendo entre os cristãos não é nem mesmo sobre o conteúdo e o desacordo sobre o assunto, mas é sobre personalidade divisiva, pecadora, etnocentrismo, convicções políticas e arrogância excessivamente zelosa”, disse Smith. “Outra metade discorda sobre como aplicamos o amor ao próximo.”

A SBC não está sozinha em discutir o caminho a seguir para os crentes em meio a desafios culturais. O Gospel Coalition, um grupo paraeclesiástica de evangélicos reformados, tem enfrentado semelhantes discussões , e uma muito discutido troca na Conferência Pastores do professor de Bíblia John MacArthur no início deste ano também abordou a justiça social.

David Roach é escritor em Nashville, Tennessee.