Categorias
Noticias

Vaticano quer que Dilma preserve acordo sancionado por Lula

 

Emissário da eleita, o petista Gilberto Carvalho tem encontro com representante do papa, em Roma, e entrega carta com pedido de "trégua" à Igreja após "tensão" eleitoral envolvendo a questão do aborto; petista e Bento XVI agendam encontro para 2012

O Vaticano cobra do novo governo de Dilma Rousseff um compromisso para que não reabra o acordo que rege as relações bilaterais e que foi alvo de muita polêmica. O assunto foi debatido ontem em uma reunião entre o secretário da Santa Sé para Relações com os Estados, Dominique Mamberti, e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No mesmo encontro, fixou-se que Dilma fará uma viagem ao Vaticano em 2012 para se reunir com o papa Bento XVI. A visita já está sendo organizada pelo Palácio do Planalto e pela Santa Sé e faz parte da tentativa de se estabelecer uma "trégua" entre o Vaticano e Dilma depois das polêmicas entre Dilma e a Igreja durante a campanha eleitoral.

No contato com o emissário de Dilma, o Vaticano solicitou que o acordo feito com o governo brasileiro, conhecido como "concordata", entre em vigora partir do próximo mandato. O primeiro acordo proposto pela Igreja em 2007 falava na obrigatoriedade do ensino de religião em escolas públicas, acesso às reservas naturais para missionários e isenção de impostos.

O Itamaraty reduziu o acordo a uma mera declaração de boas relações entre a Santa Sé. A concordata já foi aprovada pelo governo Lula e pelo Congresso, mas esbarrou em um processo e está no Supremo Tribunal Federal. "Não acreditamos que isso ofereça um risco para sua entrada em vigor", garantiu Carvalho.

Trégua

Dilma decidiu na última quinta-feira aproveitar a ida de Carvalho a Roma para mandar um recado à Igreja de que seu governo não abrirá guerra contra a Santa Sé. Enviou por meio de Carvalho uma carta ao papa, pedindo que a Igreja "não recue" em relação ao Brasil, estabelecendo uma trégua e insistindo que o futuro governo conta com a Santa Sé para aplicar o seu projeto de erradicação da pobreza.

A carta, ainda mantida em sigilo até amanhã, quando será lida pelo Papa, pede sua bênção ao governo e assegura que a eleita quer diálogo com o Vaticano.

"O que nós queríamos e acho que conseguimos era limpar de uma vez por todas o mal estar da campanha eleitoral", admitiu Gilberto Carvalho.

Aborto

Nem na carta e nem durante a reunião foi tratada a questão do aborto. Mas, Carvalho admitiu que a campanha de Dilma viveu "momentos de grande tensão" diante dos comentários do Papa sobre o assunto, poucos dias antes do segundo turno.

Bento XVI, em uma reunião com bispos do Maranhão, condenou a descriminalização do aborto e da eutanásia e recomendou aos bispos brasileiros que emitissem "juízo moral" sobre essas questões, mesmo em "matérias políticas". Embora não tenha feito referência direta à eleição, o papa pediu aos bispos que orientassem os fiéis a usar o voto para a "promoção do bem comum".

"Não sabíamos que direção esses comentários tomariam", admitiu. Carvalho acusou "forças no Brasil" de terem influenciado o papa a fazer tais declarações e garantiu que para Dilma o assunto é "parte do passado".

Viagem

Do lado do Vaticano, Mamberti confirmou que o Brasil é de "importância fundamental" para a Santa Sé e que uma visita de Dilma já em 2011 ao Papa seria relevante para mostrar o compromisso na relação bilateral. Carvalho, porém, explicou que dificilmente a viagem poderia ocorrer em 2011.

"O primeiro ano é sempre um período para amarrar o governo", explicou o emissário. "A data que se trabalha é 2012 para a visita de Dilma", apontou.

“Minha principal mensagem e objetivo foi a de tranquilizar o Vaticano em relação ao que será o governo Dilma", disse ao Estado por telefone Carvalho, ao sair da reunião. Na conversa, ele informou que a eleita não tem intenção de rever o acordo com o Vaticano, mas ressaltou a necessidade de manter o caráter laico do Estado. "Não podemos esquecer que 22,5% da população brasileira é composta de evangélicos." Segundo Carvalho, "não haverá diferença qualitativa entre o governo Dilma e o governo de Lula em relação à Igreja".

Data: 24/11/2010 08:33:01
Fonte: Estadão

Categorias
Noticias

Papa é vaiado em visita à Espanha e critica lei do aborto no país

 

O papa afirmou ontem em Barcelona, onde foi vaiado, que a Igreja Católica se "opõe a todas as formas de negação da vida humana e apoia o que promova a ordem natural na esfera da instituição familiar", numa crítica indirecta à reforma da lei espanhola do aborto.

Proferidas na celebração a que presidiu na igreja da Sagrada Família, que Bento XVI consagrou como basílica, no segundo e último dia da sua visita a Espanha, aquelas palavras foram interpretadas como um ataque também ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Entre as 250 mil pessoas que esperavam ontem o chefe da Igreja Católica em vários pontos da capital catalã, incluindo 13 mil através de ecrãs gigantes na praça de touros, estavam duas centenas de homens e mulheres homossexuais, que se beijaram "apaixonadamente durante cinco minutos" à sua passagem e para os quais o papa "lançou um olhar furtivo", no relato da agência France Presse.

Além dos custos da visita, estimados em 4,8 milhões de euros (não contando segurança e emergência médica) para 32 horas de permanência num país em crise, as posições da Igreja Católica em matéria sexual estiveram na origem da mobilização contra a visita de Bento XVI.

"Vai-te embora!" e "Pedófilo!", gritavam os activistas, em protesto contra a visita papal e apelando "a uma mudança de mentalidade no ensino católico que mantém uma atitude de oposição aos direitos (dos homossexuais) e às diferentes formas de amar", explicou um manifestante, Sergi Diaz.

Considerando que as condições de vida têm progredido nos campos técnico, social e cultural, o papa disse que "não podemos simplesmente ficar satisfeitos com esses avanços", pois, "ao lado deles devem estar também avanços morais como a defesa, cuidados e assistência às famílias, na medida em que o generoso e indissolúvel amor de um homem e uma mulher é o contexto eficaz e fundamento da vida humana desde a gestação, nascimento, crescimento e fim natural".

Reclamando uma natalidade "dignificada, valorizada e apoiada jurídica, social e legislativamente", Bento XVI defendeu medidas económicas e sociais que permitam "às mulheres encontrar a sua plena realização em casa e no trabalho, para que homem e mulher unidos em casamento possam formar uma família".

Segundo a última pesquisa do Centro de Investigações Sociológicas, 73,2% dos espanhóis declaram-se católicos, contra 80% em 2002.

Data: 9/11/2010 08:28:15
Fonte: NC

Categorias
Noticias

Vaticano irá realizar cúpula para discutir casos de abusos sexuais

Fonte: Folha.com

O papa Bento 16 irá reunir cardeais do mundo todo em Roma na próxima semana para discutir escândalos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica, além de outras questões envolvendo a instituição, informou o Vaticano nesta segunda-feira. A cúpula — que ocorrerá no próximo dia 19– será presidida pelo cardeal americano William Levada.

A reunião será um dia antes da cerimônia em que Bento 16 irá nomear 24 novos cardeais, e da qual costumam participar membros do alto clero do mundo todo. De acordo com o Vaticano, a cúpula será um dia de "reflexão e orações", que também incluirá discussões sobre a ameaça à liberdade religiosa, a relação com outras religiões e os procedimentos que devem ser seguidos para que anglicanos insatisfeitos possam se integrar à Igreja Católica.

Nesta segunda-feira, cinco bispos ingleses anunciaram que iriam se converter ao catolicismo, depois do convite de Bento 16 para a integração dos anglicanos.

Alegações de abusos contra clérigos tomaram dimensão internacional, com a revelação de milhares de supostas vítimas e de indícios de que inúmeros casos foram acobertados pelo Vaticano durante décadas. As revelações abalaram a igreja neste ano, particularmente na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.

Desde a eclosão de uma série de escândalos em vários países neste ano, e sob fortes críticas de que o Vaticano teria feito vistas grossas, o papa tem feito reiteradas declarações públicas condenando os casos. Ele já admitiu que a Igreja não tomou medidas suficientes para deter os abusos e se reuniu com vítimas do mundo todo, prometendo combater a ocorrência de novos abusos.

No mês passado, ele disse que os abusos são "absolutamente reprováveis", mas não podem desacreditar a missão sacerdotal, e que na vida celibatária se pode viver "uma humanidade autêntica, pura e madura".

Em visita ao Reino Unido em setembro, Bento 16 já havia condenado a "perversão" de sacerdotes e lamentado a falta de vigilância da igreja para os casos de pedofilia. Em junho deste ano, ele chegou a "implorar perdão" a Deus e às vítimas de abusos sexuais por sacerdotes.

Bernie McDaid e Gary Bergeron, fundadores do site de vítimas de abusos (www.survivorsvoice.org), disseram na última sexta-feira (5), em coletiva de imprensa, que iniciariam uma petição para que a Organização das Nações Unidas considere a pedofilia sistêmica um crime contra a humanidade.

"Não somos aleijados. Somos pessoas feridas e que agora estão dispostas a falar sobre isso. A culpa e a vergonha estão encobertas", afirmou McDaid, que se tornou uma das primeiras vítimas de abuso a se encontrar com o papa, em Washington, há dois anos.