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“Imagem de Lula” em folheto de missa gera críticas nas redes sociais

Editora nega que se trate de algum tipo de “homenagem”

          “Imagem de Lula” em folheto de missa gera críticas nas redes sociais

Com as sucessivas denúncias de “aparelhamento” político de movimentos dentro da Igreja Católica e com alguns padres e bispos se lançando na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), muita gente anda desconfiada do que acontece quando a política entra no espaço de culto.

Nos últimos dias, uma imagem de um folheto distribuído em missas pelo Brasil vem chamando a atenção dos internautas. Como é comum nas redes sociais, alguém faz uma “denúncia” e muitos compartilham sem tentar verificar antes a veracidade da informação.

A imagem de um homem barbudo conversando com Jesus foi identificada por milhares de pessoas com a figura de Lula. Porém, a editora Editora Paulus, responsável pela produção do Semanário Litúrgico-Catequético, nega que haja teor político.

Trata-se de uma ilustração do artista italiano Stefano Pachi, que mostra uma representação do encontro de Jesus com Nicodemos, narrada em João capítulo 3. A figura ilustra o missal “O Domingo”, preparado para o quarto domingo da Quaresma, e distribuído em centenas de igrejas no último domingo (11).

Algumas postagens alegam que o desenho é algum tipo de “propaganda subliminar”. “Hoje fui à missa e me deparei com essa foto de Jesus Cristo batendo um papo com o Lula”, reclamou um internauta numa publicação em rede social com muitos compartilhamentos.

Indignados com o que consideram uma afronta, alguns divulgaram uma montagem do panfleto com o perfil de Facebook do redator do livreto, afirmando que ele estava promovendo o petista.

O padre Nilo Luza, que assina a elaboração do material, foi chamado inclusive de herege. A maioria dos católicos reclamavam de sua tentativa de “divulgar o comunismo na igreja de Jesus”.

Em diversas ocasiões, Lula se comparou com Jesus, mas nunca com Nicodemos. Mesmo assim, a instrução do Salvador para o líder religioso se aplicaria perfeitamente nesse caso: “Necessário vos é nascer de novo”.

Nota da editora

A Paulus Editora no Brasil, responsável pela impressão do folheto, publicou um desmentido,  alegando que segue a linha editorial da Itália, inclusive com a mesma publicação, no último domingo (11).

A figura de Nicodemos, apresentado como um idoso de barba branca, guarda alguma semelhança com Lula, mas não é possível afirmar que seja algum tipo de “homenagem”.

“Como informado na seção de créditos do folheto O DOMINGO, nº 12, de 11/3/2018, a imagem que retrata um diálogo entre Jesus e Nicodemos é uma ilustração do artista italiano Stefano Pachì, produzida há mais de dois anos, e não faz qualquer alusão à figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, diz a nota da Paulus. Com informações Estado de Minas

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Padre denuncia evento de sexo livre e diz que Brasil está como “Sodoma e Gomorra”

Pároco Luiz Augusto, de Goiânia, divulga vídeo com grave denúncia

          Padre denuncia evento de sexo livre: “Sodoma e Gomorra”

Há muito tempo que diferentes líderes religiosos e políticos vêm chamando a atenção para a situação moral do Brasil. O uso das comparações com “Sodoma e Gomorra” aparecem com frequência para apontar as práticas de perversão sexual que parecem se multiplicar pela nação.

O episódio mais recente é a denúncia do Padre Luiz Augusto.  Em um vídeo que circula nas redes sociais, ele denuncia o “Sexo Surubão 2018″. Durante dois dias em 17 e 18 de março, espera-se que centenas de pessoas compareçam a uma chácara em Goiânia para o evento de sexo livre.

O material de divulgação afirma que mais de 300 mulheres já foram inscritas. Segundo o padre, a ideia é promover relações sexuais “de todos os tipos”, incluindo as homoafetivas e as grupais.

“Sodoma e Gomorra fica muito longe do que está acontecendo neste país. Os homens perderam a direção e a razão. Como é que, em nosso país, um evento desse tem autorização legal para ser realizado? Homens e mulheres fazendo sexo pior que animais… Isto é uma vergonha!”, disparou Bezerra.

Lamentando a realização desse tipo de atividade, o líder católico pede que as pessoas façam orações e denunciem o que chama de “inexplicável” e “animalesca”. O pároco acredita que o evento “fere a dignidade” de qualquer cidadão de bem, mesmo os que não são religiosos.

Ele faz um apelo pelo bom senso, lembrando que “neste mundo tudo é permitido”, mas que existe uma porta estreita, que é Jesus. “Clamemos pela glória de Deus, clamemos pela justiça de Deus”, encerrou.

Assista:

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O mais fiel retrato de Madalena

Novo livro e longa-metragem que estreia esta semana no Brasil revisitam uma das mais importantes personagens da Bíblia: a mulher que foi descrita como pecadora, arrependida e santa – até ser considerada pelo papa Francisco “apóstola dos apóstolos”. Sua importância cresce à luz do feminismo atual
O mais fiel retrato de Madalena
Camila Brandalise

Maria Madalena nunca foi prostituta. Esse título surgiu no século VI durante um sermão do papa Gregório Magno ao tentar convencer os fiéis que o arrependimento era condição para a remissão dos pecados, como teria acontecido com ela. Nascia ali uma lenda que percorreu a história. Mais de mil anos depois, essa imagem permanece – embora rivalize com outras versões sobre quem foi Madalena. Esposa de Jesus? Essa hipótese está em um evangelho não reconhecido pela Igreja Católica que afirma ter havido ao menos um beijo entre eles. Nem o documento é validado nem deixa claro se houve relacionamento amoroso. Quem de fato ela foi: discípula de Cristo, uma das pessoas que proviam seu sustento, santa e, desde 2016, considerada pelo papa Francisco como “apóstola dos apóstolos”. Sua verdadeira história se perdeu em uma miscelânea de representações que ao longo do tempo misturaram cânones, teorias da conspiração e charlatanismo, dependendo do interesse de cada um e de sua época. À luz do movimento feminista contemporâneo, revisitar a personagem significa tirar dela as alcunhas equivocadas, mostrar sua importância histórica e religiosa e falar de machismo e do papel da mulher na Igreja.

É a essa tarefa que se propõem duas novas obras, um livro e um filme, cujos títulos levam seu nome e que serão lançados na quinta-feira 15. “A imagem dela como uma prostituta arrependida é uma criação deliberada da Igreja, feita para minimizar o poder e o mistério que ela ganhou através de seu relacionamento espiritualmente íntimo com Jesus. Sua comunhão direta com o divino ameaçou a estrutura apostólica”, afirma o historiador britânico Michael Haag, autor do novo livro “Maria Madalena – Da Bíblia ao Código Da Vinci: companheira de Jesus, deusa, prostituta, ícone feminista” (ed. Zahar).

A confusão foi institucionalizada no ano de 591, quando o papa Gregório Magno afirmou que a pecadora é Madalena. Também disse ser ela outra Maria, irmã de Lázaro, o que não é comprovado. Wilma De Tommaso defende o papa Gregório: “Era uma época em que as pessoas tinham muito medo do inferno e se martirizavam. Por misericórdia, ele falou que ela pecou muito, mas foi perdoada, para dar o exemplo”, afirma. “A imagem da prostitua arrependida foi sendo historicamente construída a partir dessa homilia”, afirma André Chevitarese, especialista em história da religião e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Com o tempo, ganhou contornos de verdade. É como se a pessoa acreditasse haver na Bíblia dados que nunca estiveram lá.” Para a pesquisadora Juliana Cavalcanti, também da UFRJ, que estuda as mulheres no catolicismo, ao reduzir Madalena à figura de prostituta, a Igreja acabou também colocando outras protagonistas femininas para “debaixo do tapete”, pois ela era uma peça chave que simboliza um conjunto de grandes personagens ocupando o papel de apóstolas. Elas, inclusive, bancavam as viagens de Jesus, segundo a Bíblia. “A insistência nessa história encerra também toda a possibilidade de mulheres ocuparem cargos dentro da Igreja.”

“Ela é vista como uma vítima da Igreja. Mas acho que ela foi mais vítima por causa da sua intimidade espiritual com Jesus”
Michael Haag, autor de “Maria Madalena”

Feminista

A história de Madalena se embolou ainda mais porque, com o tempo, a associação foi feita também com a mulher prestes a ser apedrejada por ter cometido adultério, outra anônima. Já no século XXI, o autor Dan Brown, com seu livro “O Código Da Vinci”, popularizou a lenda de que ela foi esposa de Jesus (confira no quadro ao lado), em um raciocínio falacioso que se vale de interpretações insustentáveis de antigos manuscritos não-oficiais. O livro recém-lançado se propõe a trazer essas perspectivas, enquanto o filme, com uma pegada de “blockbuster” gospel, tenta abordar a única leitura oficial sobre ela que pode ser feita: a de uma discípula fiel a Jesus. Na obra cinematográfica, ao abrir mão de se casar com um homem escolhido pelo pai e pelo irmão, ela desafia a estrutura patriarcal, que não permitia a uma mulher decidir o próprio destino, e se torna seguidora de um profeta que fala sobre amor e compaixão. Em um momento do mundo que se fala tanto sobre feminismo, a leitura pende para esse lado. Mas especialistas concordam que é impossível chamá-la de feminista. “Esse filtro de leitura não existia naquela sociedade do século I. Vai surgir do XVIII em diante”, afirma Juliana Cavalcanti, da UFRJ. “É anacrônico dar esse título a ela”, afirma a teóloga feminista Ivone Gebara. O autor Michael Haag aborda essa visão atual e concorda com as especialistas. “Ela é vista como uma vítima da Igreja. Mas acho que ela foi vítima mais por causa da sua intimidade espiritual com Jesus, entrando em desacordo com a hierarquia do cristianismo institucionalizado, que nada tem a ver com os ensinamentos de Cristo.”

Wilma De Tommaso lembra que Madalena foi considerada santa desde a Igreja primitiva, tamanha a importância dada pelo próprio catolicismo, que dedica a ela o dia 22 de julho. Na época em que viveu, contudo, a voz de uma mulher não valia como a de um homem. “Se ela visse um crime, por exemplo, sua palavra não tinha valor algum. Era uma regra cultural”, afirma. Daí vêm algumas especulações sobre o porquê seu papel ter sido historicamente renegado e sua visão da história não ter sido difundida. Ela é uma das personagens fundamentais do cristianismo, pois foi quem viu Jesus ressuscitado. Historiadores avaliam, inclusive, a possibilidade de considerá-la uma apóstola. “O critério de apostolicidade passa a ser ter visto Cristo ressuscitado. Se ela o viu, e foi a primeira, por que não considerá-la como tal?”, afirma o professor André Chevitarese. Durante a divulgação do filme, a atriz Rooney Mara, que interpreta a protagonista no filme “Maria Madalena”, diz ter ficado indignada com o rumo que o reconhecimento à personagem tomou. “Ela foi uma parte intrínseca da história, mas foi relegada ao papel de prostituta enquanto Pedro, que negou Jesus três vezes e distorceu sua mensagem, tem Igrejas no mundo todo. Ela é uma prostituta, e ele é um santo. É simplesmente incrível.”

Mensagens ocultas

Quem leu “O Código Da Vinci” ou assistiu à adaptação para os cinemas provavelmente lembra de uma das principais teorias apresentadas na história: de que o artista italiano teria retratado Maria Madalena em sua interpretação da Santa Ceia, do lado direito de Jesus. Dan Brown, autor do livro, recebeu muitas críticas na época, mas ele não criou essa teoria sozinho. O que ele fez foi popularizar uma hipótese que circulava há algum tempo. Ela aparece em “O Segredo dos Templários”, livro de Lynn Picknett e Clive Prince lançado em 1997. Segundo a dupla, Leonardo Da Vinci deixou pistas sobre o relacionamento entre Maria Madalena e Jesus no quadro, das cores de roupa à posição dos dois à mesa, remetendo a um “M” de Madalena. Para sustentar a tese, os autores se baseiam em evangelhos apócrifos, especialmente os escritos por Filipe e Maria. A hipótese, no entanto, é contestada por historiadores da arte. A versão mais aceita diz que é João o apóstolo retratado ao lado de Jesus na Santa Ceia – e que ele havia sido pintado com feições femininas em outras obras de arte.

COMPANHEIRA Da Vinci teria retratado Madalena ao lado de Cristo, em uma posição que forma um “M”. A teoria é contestada por historiadores da arte

Seguidora fiel

APÓSTOLA Cena do batismo no filme “Maria Madalena”: obra a retrata como discípula de Jesus e afasta sua imagem dos títulos de prostituta ou esposa de Cristo. Abaixo, capa de novo livro sobre o mesmo tema (Crédito:Divulgação)

É em grande parte pela representação artística de Maria Madalena que a alcunha de prostituta foi disseminada. “Só conheço dois longas que saem disso, um grego e um mexicano, pouco conhecidos”, afirma a pesquisadora Juliana Cavalcanti, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O novo “Maria Madalena”, nos cinemas na quinta-feira 15, quebra o padrão. Mostra-a como uma discípula íntima, não no sentido romântico. É uma fiel escudeira, seguindo à risca os ensinamentos e batendo de frente com apóstolos. O filme retoma pregações com certo didatismo. Ainda assim, em tempos de intolerância e ódio, é uma obra necessária. A protagonista é vivida por Rooney Mara e, no papel de Jesus, Joaquin Phoenix encarna um profeta perturbado pela falta de amor entre as pessoas.

Linhagem nobre

Um sucesso de vendas desde que chegou às livrarias em 1982, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada”, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, popularizou uma outra hipótese. Segundo os autores, Jesus e Maria Madalena foram casados e tiveram um ou mais filhos. Estes, ou seus descendentes, viajaram ao sul da França e casaram com famílias nobres. Essa linhagem daria origem à Dinastia Merovíngia, cujo primeiro representante foi Meroveu. Para o trio, o Santo Graal era, ao mesmo tempo, o útero de Maria Madalena e a linhagem de Cristo. A teoria foi considerada blasfêmia e a pesquisa do livro é contestada pela falta de provas capazes de conectar com um mínimo de precisão os merovíngios a Jesus.

Colaborou André Sollitto, com informações da Isto é independente