Categorias
católicos

Papa diz que mundo não pode fechar os olhos para imigrantes e pobres

 

Papa Francisco
Papa Francisco

O papa Francisco criticou neste domingo a crescente desigualdade de riqueza e o tratamento dado aos imigrantes, dizendo que o mundo não deve ignorar aqueles “abalados pelas ondas da vida”.

“A injustiça é a raiz perversa da pobreza”, disse em uma missa que marca o Dia Mundial dos Pobres da Igreja Católica Romana. “O clamor dos pobres diariamente se torna mais forte, mas é ouvido menos, abafado pelo barulho dos poucos ricos, que crescem cada vez menos e mais ricos”.

Francisco também reiterou seu apoio aos imigrantes dizendo que as pessoas devem prestar atenção a “todos aqueles forçados a fugir de suas casas e terras nativas para um futuro incerto”.

Seus comentários foram feitos quando centenas de imigrantes de uma caravana de centro-americanos foram parados ​​na fronteira entre os EUA e o México, depois de terem sido impedidos de entrar nos Estados Unidos, embora Francisco não fizesse nenhuma referência direta à situação norte-americana.

Um relatório deste ano da Oxfam disse que 3,7 bilhões de pessoas, ou metade da população global, não viram aumento em sua riqueza em 2017, enquanto 82 por cento da riqueza gerada no ano passado foi para a fatia de 1 por cento mais rica da população global.

Fonte: Reuters via Veja on-line

Categorias
Cultos

Em carta aberta, papa fala sobre padres pedófilos: “Quanta sujeira há na Igreja”

Bispo norte-americano denuncia “subcultura homossexual” na liderança católica

papa Francisco
Papa Francisco. (Foto: Divulgação)

“Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele”. É com uma citação de 1 Co 12:26 que começa a carta aberta do papa Francisco publicada nesta segunda-feira (20). Ele admite “vergonha e arrependimento” pela maneira como a Igreja Católica lidou com as denúncias de pedofilia, em especial nos Estados Unidos.

O pontífice diz ainda que os casos de abusos sexuais foram “abuso de poder”, “cometidos por um número notável de clérigos e pessoas consagradas. Um crime que gera profundas feridas de dor e impotência, em primeiro lugar nas vítimas, mas também em suas famílias e na comunidade inteira, tanto entre os crentes como entre os não-crentes”.

Francisco reafirmou seu “compromisso em garantir a proteção aos menores e adultos em situações de vulnerabilidade” e admitiu que “nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado”.

O trecho que mais chama atenção está no terceiro parágrafo, onde ele afirma: “Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava sendo causado em tantas vidas. Nós negligenciamos e abandonamos os pequenos”.

Em seguida cita uma homilia do papa Bento XVI, que em 2005 fez um protesto, dizendo: “Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta autossuficiência!… A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração”.

O silêncio do Vaticano foi quebrado após a ampla divulgação de uma condenação judicial no estado americano da Pensilvânia, onde ocorreu a maior investigação sobre abuso sexual na Igreja Católica dos EUA. Ficou provado que 301 padres no Estado abusaram sexualmente de menores nos últimos 70 anos.

O caso abalou a Igreja Americana, a ponto do porta-voz Greg Burke dizer que a Santa Sé estava levando o relatório “com grande seriedade”. “A Igreja precisa aprender lições difíceis de seu passado, e deve haver responsabilidade tanto para os que abusam quanto para aqueles que permitem que o abuso ocorra”, afirmou.

O relatório do grande júri da Pensilvânia foi a mais recente revelação em um escândalo que explodiu no cenário global em 2002, quando o jornal Boston Globe informou que durante décadas os padres haviam abusado sexualmente de menores enquanto os líderes da igreja encobriam seus crimes. Todo o processo foi mostrado no filme “Spotlight: Segredos Revelados”.

Subcultura homossexual

Robert Morlino, o bispo da Diocese de Wisconsin, veio a público pedir que tanto os atos homossexuais quanto a pedofilia sejam condenados como um pecado grave pela Igreja Católica. Segundo o religioso, a homossexualidade é uma “devastação” para o bem-estar da igreja.

Dizendo-se farto dos escândalos, afirmou em uma carta aberta: “É hora de admitir que há uma subcultura homossexual dentro da hierarquia da Igreja Católica, algo que está causando grande devastação na vinha do Senhor”.

“Tem havido um grande esforço para fazer uma distinção daquilo que se enquadra na categoria de atos de homossexualidade, agora culturalmente aceitáveis, ​​dos atos publicamente deploráveis ​​de pedofilia. Ou seja, até recentemente os problemas da Igreja foram descritos puramente como problemas de pedofilia – apesar das claras evidências em contrário”, acrescentou.

Para o bispo, “É hora de ser honesto que temos ambos os problemas e parar de cair na armadilha de analisar problemas de acordo com o que a sociedade pode achar aceitável ou inaceitável é ignorar o fato de que a Igreja nunca sustentou que nenhuma dessas coisas fosse aceitável”.

Morlino pede ainda que os católicos se unam e lutem para “expulsar o pecado de nossas próprias vidas e busquem a santidade”, pois “devemos nos recusar a ficar em silêncio diante do pecado e do mal em nossas comunidades e devemos exigir de nossos pastores que eles também busquem, no dia a dia, sua santificação”.por Jorge Aragão do Gospel Prime

Categorias
Cultos

Vaticano vive sem diretriz para combater abusos sexuais, mesmo após anos de denúncias

 
Papa Francisco cabisbaixo
Papa Francisco cabisbaixo

O papa Francisco tomou medidas para enfrentar um crescente escândalo de abuso sexual no Chile, mas não abordou um problema mais próximo de sua casa: a própria Cidade do Vaticano não tem diretrizes para proteger crianças de padres pedófilos ou exigir que suspeitos de abuso sejam denunciados à polícia.

Sete anos depois de o Vaticano ordenar que todas as Conferências Episcopais do mundo desenvolvessem diretrizes escritas para evitar abusos, cuidar das vítimas, punir os infratores e manter os pedófilos fora do sacerdócio, a sede da Igreja Católica não tem essa política.

A lacuna na tolerância zero do pontífice em relação ao abuso é surpreendente, dado que a Santa Sé disse à ONU (Organização das Nações Unidas), há cinco anos, que estava desenvolvendo um “programa de ambiente seguro” para crianças dentro da Cidade do Vaticano.

Perguntado sobre as diretrizes prometidas de proteção à criança, o secretário-geral da administração do Estado da Cidade do Vaticano, monsenhor Fernando Vergez, disse à Associated Press que não poderia responder “já que o estudo e a verificação do projeto ainda estão em andamento”.

Sim, o papa Francisco atualizou em 2013 o código legal da Cidade do Vaticano para criminalizar a violência sexual contra crianças e, no mês passado, o tribunal do Vaticano condenou um ex-diplomata por posse e distribuição de pornografia infantil.

E pode-se argumentar que, além da nova lei, uma diretriz por escrito e um programa de ambiente seguro são desnecessários em uma cidade onde apenas um punhado de crianças vive em período integral.

Mas milhares de crianças passam pelos muros do Vaticano todos os dias, visitando os museus, participando de audiências e missas papais e visitando a praça de São Pedro e a basílica.

Autoridades da Cidade do Vaticano não precisariam procurar muito por ajuda na elaboração de políticas desse tipo. A Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores do papa, seu conselho consultivo de abuso sexual escolhido a dedo, tem um modelo para essas diretrizes em seu site no Vaticano.

A ausência de uma diretriz clara tornou-se evidente no final do ano passado, após revelações de que um seminarista adolescente no seminário juvenil do Vaticano havia, em 2012, acusado um dos garotos mais velhos de molestar sexualmente seu colega de quarto.

Não houve consequências. A polícia do Vaticano, que tem jurisdição sobre o território, não foi chamada para investigar. Uma série de bispos –incluindo o cardeal Angelo Comastri, vigário de Roma em Roma e arcipreste da Basílica de São Pedro– disseram que investigaram, mas ninguém jamais entrevistou a suposta vítima.

O estudante que apresentou a queixa, Kamil Jarzembowski, foi prontamente expulso do seminário enquanto o seminarista acusado foi ordenado sacerdote no ano passado.

A Associated Press descobriu que a vítima desde então apresentou uma queixa formal ao tribunal criminal do Vaticano e as autoridades da igreja italiana lançaram uma investigação canônica sobre o recém-ordenado sacerdote.

Mas isso só ocorreu depois que os jornalistas italianos Gaetano Pecoraro e Gianluigi Nuzzi expuseram o escândalo no ano passado, levando o Vaticano a reabrir a investigação. Em seus relatos, a história de Jarzembowski –incluindo todas as cartas que ele enviou às autoridades da igreja, autoridades do Vaticano e o papa ao longo dos anos– veio à tona.

“Naqueles anos, quando eu estava enviando cartas, nunca houve qualquer resposta”, disse Jarzembowski à AP. “Eu estava realmente sofrendo, porque o silêncio pode ser uma arma real que te machuca quando você sofre. Você faz uma denúncia e ninguém vai lidar com isso.”

Oficiais da igreja haviam descontado a queixa de Jarzembowski, alegando que ele só veio a público com isso porque estava rancoroso por ter sido expulso do seminário. Jarzembowski é realmente rancoroso –o estudante polonês teve de se esforçar para encontrar um lugar para morar e uma nova escola para seu último ano do ensino médio.

O seminário em questão, a poucos passos do hotel no Vaticano onde o papa Francisco mora, serve como residência para cerca de uma dúzia de garotos de 12 a 18 anos e são coroinhas nas missas papais.

Jarzembowski disse que seu colega de quarto foi molestado pelo seminarista mais velho quando ambos eram menores, mas que o abuso sexual continuou depois que o seminarista mais velho completou 18 anos.

O status da investigação não é claro. Ligações e emails para a Diocese de Como, que é responsável pelo seminário e está conduzindo a investigação canônica, não foram respondidos. O porta-voz do Vaticano recusou vários pedidos de comentários.

Mas a falta de uma investigação completa sobre as reclamações originais de Jarzembowski expôs como a ausência de uma diretriz de tratamento de denúncias de abuso pode ter repercussões.

“Se a Santa Sé não pode ser incomodada para proteger o punhado de crianças em seu próprio quintal, como pode proteger os milhões de crianças em seus cuidados em todo o mundo?”, perguntou Anne Barrett Doyle, do banco de dados de pesquisa online BishopAccountability.org. “É uma medida pequena, mas reveladora, da desconexão da Igreja Católica quando se trata de seu problema de abuso. Faz promessas que abandona ou esquece quando a atenção do mundo se desvanece.”

As promessas foram feitas há cinco anos, quando o Vaticano compareceu ao Comitê dos Direitos da Criança da ONU para defender seus esforços para combater o escândalo global de abuso sexual.

A Santa Sé argumentou que a convenção dos direitos da criança da ONU era de natureza “territorial” e que a Santa Sé não poderia ser responsável por implementá-la fora dos confins da Cidade do Vaticano. Dentro da cidade, no entanto, disse à ONU que estava tomando medidas extensas para proteger as crianças.

Não surpreendentemente, o comitê da ONU rejeitou o argumento da Igreja e pediu que a Santa Sé não apenas cumpra com a proteção das crianças dentro do território do Vaticano, mas globalmente.

“Não concordamos com o estreito entendimento da implementação, confinada ao Estado da Cidade do Vaticano”, disse Kirsten Sandberg, que era presidente da comissão da ONU na época.

O Vaticano deveria informar ao comitê em setembro passado sobre o progresso feito desde sua apresentação de 2013. Sandberg disse que os países estão atrasados nos prazos –a Santa Sé estava 14 anos atrasada quando finalmente apresentou suas respostas em 2013.

Ela disse que esperava que a Santa Sé, em seu próximo relatório, seguisse uma recomendação básica para exigir cooperação com a polícia, em vez de manter as investigações exclusivamente internamente.

“Eles devem deixar os casos para as autoridades judiciais”, disse ela.

   Fonte: Associated Press via UOL com tradução de Thiago Varella